Régimen cubano reconhece prejuízos no fornecimento de combustível desde a Venezuela

O ministro de Energia afirma que acabaram de encontrar "uma fórmula" para que Maduro volte a enviar combustível a Cuba, embora reconheça que não se recuperarão os níveis anteriores de importação. De qualquer forma, são considerados dois cenários: com e sem esses barris


O regime cubano admitiu nesta quinta-feira que enfrenta problemas com o fornecimento de petróleo da Venezuela e que, embora tenha encontrado "uma fórmula" para que Maduro volte a enviar combustível a Cuba, não conseguirá recuperar os níveis anteriores de importação. Assim explicou o ministro de Energia Vicente de la O Levy, no podcast 'Desde la Presidencia', gravado junto ao mandatário Miguel Díaz-Canel e ao diretor-geral da União Elétrica de Cuba, Alfredo López Valdés.

Segundo apontou De la O Levy, a Venezuela é um dos principais fornecedores de petróleo de Cuba, mas este país interrompeu seus envios de combustível para a Ilha supostamente por ter sido "atacado", "boicotado" e ter enfrentado "problemas internos", afirmou o ministro em referência aos protestos provocados antes, durante e depois de Maduro se declarar presidente sem apresentar as atas eleitorais que, após vazamentos, conferiam a vitória ao candidato opositor Edmundo González, reconhecido como presidente eleito da Venezuela por 15 países e várias organizações internacionais. Essa situação resultou em sanções dos Estados Unidos a altos funcionários venezuelanos e, além disso, Trump anunciou tarifas de 25% para países que comprarem petróleo e gás da Venezuela.

Embora o ministro de Energia não tenha especificado em que estado estão os envios de petróleo da Venezuela, ele esclareceu que "de forma conjunta" encontraram "uma fórmula que não atinge os níveis de entrega" que tinham "anteriormente devido à diminuição que eles mesmos mantiveram", mas que será notada "no processo de investimento". A sugestão de Díaz-Canel não detalhou em que consiste essa nova via de exportação de combustível para a Ilha para evitar novas sanções que comprometam a operação.

Hay que recordar que a agência Reuters publicou em março deste ano, com base em um monitoramento próprio, que os envios de petróleo e combustível de Venezuela para Cuba registraram em fevereiro de 2025 um aumento considerável. De fato, Cuba recebeu cerca de 42.000 bpd de petróleo e combustível desde a nação sul-americana, consolidando o apoio energético de seu aliado político.

Em novembro de 2024, a Venezuela aumentou suas exportações de petróleo para a Ilha, alcançando 38.000 barris por dia (bpd), um incremento significativo em relação aos 28.000 bpd enviados um mês antes. De acordo com dados de monitoramento de embarcações divulgados pela agência Reuters, esse aumento foi compreendido na época como uma tentativa de fortalecer a aliança energética entre os dois países.

12 milhões de toneladas de petróleo

De la O Levy apontou no podcast de Díaz-Canel que, em anos de bonança, Cuba chegou a importar 12 milhões de toneladas de combustível, embora o normal seja uma média de 8 milhões de toneladas, das quais cinco correspondem a importações e os outros três, à produção nacional. Justamente esses últimos 3 milhões de toneladas são os que falham e, até hoje, o país está consumindo "petróleo de importação".

O próprio Díaz-Canel culpou a situação eletroenergética atual ao que ele chama de uma "perseguição financeira e energética". Dessa forma, justifica que um navio com gás liquefeito tenha permanecido de fevereiro a maio atracado no porto de Santiago de Cuba, sem poder descarregar porque não foi possível efetuar o pagamento. O ministro afirma que, quando o dinheiro foi disponibilizado, passaram-se "dezena de dias" até que conseguiram realizar o pagamento.

Agora, a ideia é convencer os cubanos de que o regime "está trabalhando" para "melhorar a situação atual" dos apagões constantes, mas a estratégia dos comunistas cubanos planejou dois cenários: um com combustível (que inclui o que está a caminho da Venezuela) e outro sem combustível, e o simples fato de contemplar essa segunda opção coloca em dúvida o envio de Maduro.

No obstante, é importante lembrar que a recente decisão do Governo dos Estados Unidos de suspender a licença que permitia à petrolífera Chevron operar na Venezuela representa um revés econômico para o regime de Nicolás Maduro, mas os especialistas já haviam alertado que essa medida poderia trazer benefícios indiretos a Cuba.

Por trás dos longos apagões que a população cubana enfrenta atualmente, estão vários motivos, segundo a explicação do ministro de Energia. Um deles é que, nos primeiros cinco meses deste ano, Cuba passou 2,5 meses recebendo "zero diesel" e zero gás liquefeito, além de 1,4 meses sem combustível. Com a falta de gás, os usuários que não conseguem pagar 10.000 pesos por uma pequena garrafa cozinham com eletricidade, e isso, segundo o regime, seria a causa do aumento da demanda de eletricidade em um país que perdeu 2 milhões de habitantes.

Também reconhecem que outros fatores têm influenciado, como os 14 organismos estatais que não estão cumprindo seus planos de consumo e, acima de tudo, a província de Havana, que está ultrapassando seus limites. Nesse caso, responsabilizam o alto consumo do setor não estatal na capital, pois o restante das províncias "está se ajustando".

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).