Apagão total em Baracoa: “Não dá mais, entreguem o país”

A Organização Básica Elétrica (OBE) de Baracoa, em Guantánamo, anunciou apagões gerais a partir desta quarta-feira e durante os próximos dias. A insatisfação e a indignação dos moradores crescem diante da falta de soluções eficazes por parte das autoridades para a grave crise energética.


A crise energética atingiu seu ponto mais crítico no município de Baracoa, em Guantánamo, cuja população está sofrendo um apagão geral desde esta quarta-feira, que se estenderá pelos próximos dias.

Na já crônica debacle do Sistema Electroenergético Nacional (SEN), o anúncio da Organização Básica Elétrica (OBE) do município oriental pressagia que a situação crítica não terá limites, e as próximas horas, dias... e presumivelmente semanas, serão muito sombrias para os habitantes dessa região, pois terão pouco ou nenhuma eletricidade.

Captura de Facebook/Primada Visión

Um breve comunicado nas redes sociais da empresa estatal responsável pelo serviço elétrico em Baracoa afirmou que “devido ao déficit de geração, é impossível cumprir com a habitual rotação dos blocos” na programação de apagões.

De acordo com as informações, “na medida do possível o serviço será estabelecido nos circuitos que têm mais tempo de apagão, por um período de duas horas, se as condições permitirem”.

A entidade indicou que “neste momento, apenas estão assegurados os serviços vitais, como o hospital”, e advertiu que “essa situação se manterá nos próximos dias”, sem precisar quantos.

O aviso não surpreendeu os habitantes de Baracoa, que como milhões de cubanos sofrem a cada dia com intermináveis apagões que os impedem de realizar as atividades mais essenciais, como cozinhar, conservar os alimentos e dormir.

Nos comentários da publicação predominou a indignação, o descontentamento, a angústia e a resignação de inúmeras pessoas diante do sombrio panorama, além das críticas às autoridades pela sua ineptidão em solucioná-lo.

“Digam a verdade: que a situação irá piorando progressivamente até deixar o município sem serviço, porque é a grande realidade que tudo irá de mal a pior e as pessoas estão sofrendo com muitas carências, entre elas a alimentação, e os dirigentes, desde o primeiro até o último, insensíveis diante de tudo o que acontece, apenas ameaças para tentar não perder o controle”, opinou um pai de família.

Mais abaixo, uma professora foi categórica: “Isso já está fora de controle”.

“A pouca comida que se consegue, como se conserva?”, perguntou uma jovem estudante, preocupação que foi compartilhada por vários cidadãos: “Com duas horas de energia, como vocês acham que as pessoas vão conservar os alimentos?”.

“Têm que suspender as aulas e todos os trabalhos, que trabalhador está em casa para que em duas horas consiga preparar algo para alimentar seus filhos, idosos e outros familiares”, questionou outra.

Desbordados pela ira e impotência, alguns defenderam "soluções" drásticas: "É melhor não colocá-la de novo e resolver. É por isso que este país está assim"; "Melhor tirar tudo e não cobrar mais pela luz. Até quando vai ser a falta de respeito com o povo de Baracoa, querem economizar com aquele município"; "Bom, que não coloquem mais eletricidade, que recolham os fios para pegar os postes para lenha, porque já nem lenha aparece"...

“Falta de respeito ao povo é o que são, não respeitam o povo, estão nos matando pouco a pouco e ficamos de braços cruzados porque tudo é ameaça e ameaça, até quando vão nos ter assim”, disparou uma jovem mãe.

“O que vocês estão fazendo não tem nome, acabem logo de ir embora e entreguem o poder, se no final das contas, o que mais pode acontecer do que estamos vendo hoje em dia”, exigiu um homem às autoridades.

“No façam o povo sofrer mais, até quando, entreguem o país para ver se este sofrimento termina”, exigiu outro.

A véspera marcou um ponto crucial na crise energética que Cuba enfrenta, com o SEN novamente à beira do colapso. Para terça-feira, a União Eléctrica (UNE) havia previsto uma afetacão superior a 1.700 MW. Os relatos de cidadãos nas redes sociais confirmaram o apagão generalizado em todo o país, sem horários definidos nem respostas claras por parte das autoridades do regime.

As principais causas do problema incluem falhas na unidade 3 da central termoelétrica de Cienfuegos e na unidade 2 da CTE Felton, em Holguín; cinco unidades fora de serviço para manutenção em Santa Cruz, Nuevitas, Cienfuegos e Renté, e 289 MW inativos devido a limitações térmicas.

Embora os 12 parques solares recém-inaugurados tenham contribuído com 1.233 MW/h nesta terça-feira, essa geração ainda é marginal frente a uma demanda nacional desbordante. Sem uma solução estrutural ou investimento suficiente à vista, o apagão já não é uma contingência, é a nova normalidade.

Este miércoles, os cubanos voltam a enfrentar mais um dia nefasto, marcado por apagões sem limites e estendidos por toda a ilha.

La UNE anunciou uma afetación máxima de até 1.770 MW durante o horário de pico noturno, como resultado de um severo déficit de geração no SEN. A demanda estimada é de 3.500 MW, no entanto, a disponibilidade será apenas de 1.800 MW.

Mientras, o discurso oficial do regime cubano volta a manipular o povo com a promessa de que haverá menos apagões no verão, alimentando a esperança de um futuro melhor. Segundo o jornal oficial Granma, o governo está trabalhando em uma estratégia “gradual” para recuperar o sistema elétrico, embora os próprios funcionários do Ministério de Energia e Minas reconheçam que, a curto prazo, os apagões não vão diminuir.

A meta do regime para o verão é reduzir as interrupções de energia a uma média de quatro horas diárias por cliente, aumentando a geração em 13 GWh e controlando o crescimento do consumo.

Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba e os apagões em Baracoa

Por que está ocorrendo um apagão total em Baracoa?

O apagão total em Baracoa deve-se ao déficit de geração elétrica, o que provocou que o Sistema Electroenergético Nacional (SEN) não conseguisse cumprir com a habitual rotação de blocos na programação de apagões. Esta situação se agrava pela falta de investimento e manutenção nas infraestruturas elétricas, deixando a população sem eletricidade durante dias.

Quais são as consequências dos apagões para a população de Baracoa?

Os apagões afetam gravemente a qualidade de vida dos habitantes de Baracoa, impedindo a realização de atividades essenciais como cozinhar, conservar alimentos e dormir. Além disso, apenas os serviços vitais, como o hospital, são garantidos, o que gera angústia e indignação entre a população pela falta de respostas efetivas por parte das autoridades.

Quais medidas o governo cubano está tomando para resolver a crise energética?

O governo cubano anunciou uma estratégia "gradual" para recuperar o sistema elétrico, com o objetivo de reduzir os apagões a uma média de quatro horas diárias por cliente durante o verão. No entanto, as próprias autoridades reconhecem que, a curto prazo, os apagões não diminuirãodevido à falta de investimento e soluções estruturais.

Qual é a reação dos cidadãos de Baracoa diante dos apagões?

A reação dos cidadãos de Baracoa tem sido de indignação e descontentamento. Através das redes sociais, eles têm expressado sua frustração pela falta de soluções e pela gestão ineficaz das autoridades. Muitos exigem mudanças radicais e criticam a inação do governo diante da crise energética.

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