A crise energética atingiu seu ponto mais crítico no município de Baracoa, em Guantánamo, cuja população está sofrendo um apagão geral desde esta quarta-feira, que se estenderá pelos próximos dias.
Na já crônica debacle do Sistema Electroenergético Nacional (SEN), o anúncio da Organização Básica Elétrica (OBE) do município oriental pressagia que a situação crítica não terá limites, e as próximas horas, dias... e presumivelmente semanas, serão muito sombrias para os habitantes dessa região, pois terão pouco ou nenhuma eletricidade.

Um breve comunicado nas redes sociais da empresa estatal responsável pelo serviço elétrico em Baracoa afirmou que “devido ao déficit de geração, é impossível cumprir com a habitual rotação dos blocos” na programação de apagões.
De acordo com as informações, “na medida do possível o serviço será estabelecido nos circuitos que têm mais tempo de apagão, por um período de duas horas, se as condições permitirem”.
A entidade indicou que “neste momento, apenas estão assegurados os serviços vitais, como o hospital”, e advertiu que “essa situação se manterá nos próximos dias”, sem precisar quantos.
O aviso não surpreendeu os habitantes de Baracoa, que como milhões de cubanos sofrem a cada dia com intermináveis apagões que os impedem de realizar as atividades mais essenciais, como cozinhar, conservar os alimentos e dormir.
Nos comentários da publicação predominou a indignação, o descontentamento, a angústia e a resignação de inúmeras pessoas diante do sombrio panorama, além das críticas às autoridades pela sua ineptidão em solucioná-lo.
“Digam a verdade: que a situação irá piorando progressivamente até deixar o município sem serviço, porque é a grande realidade que tudo irá de mal a pior e as pessoas estão sofrendo com muitas carências, entre elas a alimentação, e os dirigentes, desde o primeiro até o último, insensíveis diante de tudo o que acontece, apenas ameaças para tentar não perder o controle”, opinou um pai de família.
Mais abaixo, uma professora foi categórica: “Isso já está fora de controle”.
“A pouca comida que se consegue, como se conserva?”, perguntou uma jovem estudante, preocupação que foi compartilhada por vários cidadãos: “Com duas horas de energia, como vocês acham que as pessoas vão conservar os alimentos?”.
“Têm que suspender as aulas e todos os trabalhos, que trabalhador está em casa para que em duas horas consiga preparar algo para alimentar seus filhos, idosos e outros familiares”, questionou outra.
Desbordados pela ira e impotência, alguns defenderam "soluções" drásticas: "É melhor não colocá-la de novo e resolver. É por isso que este país está assim"; "Melhor tirar tudo e não cobrar mais pela luz. Até quando vai ser a falta de respeito com o povo de Baracoa, querem economizar com aquele município"; "Bom, que não coloquem mais eletricidade, que recolham os fios para pegar os postes para lenha, porque já nem lenha aparece"...
“Falta de respeito ao povo é o que são, não respeitam o povo, estão nos matando pouco a pouco e ficamos de braços cruzados porque tudo é ameaça e ameaça, até quando vão nos ter assim”, disparou uma jovem mãe.
“O que vocês estão fazendo não tem nome, acabem logo de ir embora e entreguem o poder, se no final das contas, o que mais pode acontecer do que estamos vendo hoje em dia”, exigiu um homem às autoridades.
“No façam o povo sofrer mais, até quando, entreguem o país para ver se este sofrimento termina”, exigiu outro.
A véspera marcou um ponto crucial na crise energética que Cuba enfrenta, com o SEN novamente à beira do colapso. Para terça-feira, a União Eléctrica (UNE) havia previsto uma afetacão superior a 1.700 MW. Os relatos de cidadãos nas redes sociais confirmaram o apagão generalizado em todo o país, sem horários definidos nem respostas claras por parte das autoridades do regime.
As principais causas do problema incluem falhas na unidade 3 da central termoelétrica de Cienfuegos e na unidade 2 da CTE Felton, em Holguín; cinco unidades fora de serviço para manutenção em Santa Cruz, Nuevitas, Cienfuegos e Renté, e 289 MW inativos devido a limitações térmicas.
Embora os 12 parques solares recém-inaugurados tenham contribuído com 1.233 MW/h nesta terça-feira, essa geração ainda é marginal frente a uma demanda nacional desbordante. Sem uma solução estrutural ou investimento suficiente à vista, o apagão já não é uma contingência, é a nova normalidade.
Este miércoles, os cubanos voltam a enfrentar mais um dia nefasto, marcado por apagões sem limites e estendidos por toda a ilha.
La UNE anunciou uma afetación máxima de até 1.770 MW durante o horário de pico noturno, como resultado de um severo déficit de geração no SEN. A demanda estimada é de 3.500 MW, no entanto, a disponibilidade será apenas de 1.800 MW.
Mientras, o discurso oficial do regime cubano volta a manipular o povo com a promessa de que haverá menos apagões no verão, alimentando a esperança de um futuro melhor. Segundo o jornal oficial Granma, o governo está trabalhando em uma estratégia “gradual” para recuperar o sistema elétrico, embora os próprios funcionários do Ministério de Energia e Minas reconheçam que, a curto prazo, os apagões não vão diminuir.
A meta do regime para o verão é reduzir as interrupções de energia a uma média de quatro horas diárias por cliente, aumentando a geração em 13 GWh e controlando o crescimento do consumo.
Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba e os apagões em Baracoa
Por que está ocorrendo um apagão total em Baracoa?
O apagão total em Baracoa deve-se ao déficit de geração elétrica, o que provocou que o Sistema Electroenergético Nacional (SEN) não conseguisse cumprir com a habitual rotação de blocos na programação de apagões. Esta situação se agrava pela falta de investimento e manutenção nas infraestruturas elétricas, deixando a população sem eletricidade durante dias.
Quais são as consequências dos apagões para a população de Baracoa?
Os apagões afetam gravemente a qualidade de vida dos habitantes de Baracoa, impedindo a realização de atividades essenciais como cozinhar, conservar alimentos e dormir. Além disso, apenas os serviços vitais, como o hospital, são garantidos, o que gera angústia e indignação entre a população pela falta de respostas efetivas por parte das autoridades.
Quais medidas o governo cubano está tomando para resolver a crise energética?
O governo cubano anunciou uma estratégia "gradual" para recuperar o sistema elétrico, com o objetivo de reduzir os apagões a uma média de quatro horas diárias por cliente durante o verão. No entanto, as próprias autoridades reconhecem que, a curto prazo, os apagões não diminuirãodevido à falta de investimento e soluções estruturais.
Qual é a reação dos cidadãos de Baracoa diante dos apagões?
A reação dos cidadãos de Baracoa tem sido de indignação e descontentamento. Através das redes sociais, eles têm expressado sua frustração pela falta de soluções e pela gestão ineficaz das autoridades. Muitos exigem mudanças radicais e criticam a inação do governo diante da crise energética.
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