Nas últimas horas, um diálogo comovente entre uma mãe e seu filho pequeno se tornou viral nas redes sociais, retratando a desespero diante dos constantes apagões e da escassez de alimentos básicos.
O diálogo se tornou um símbolo da dor acumulada de milhares de famílias na ilha.
Na comovente conversa -divulgada pelo jornalista Mario J. Pentón- ouve-se que o menor, entre soluços, questiona “Por que Díaz-Canel corta a corrente?”.
“Não é ele quem corta a corrente, ele não é quem baixa e sobe 'o catao'. O único problema com ele é que ele é o presidente do país e ele é quem tem que resolver essas coisas, mas ainda não as resolveram”, responde a mãe.
Esta cena, tão doméstica quanto simbólica, representa a luta de milhares de mães cubanas para explicar o inexplicável a seus filhos.
“Desde quando você não toma leite que vem da bodega?”, insiste a mãe, e a criança responde: “faz muitos dias”, evidenciando a dureza de seu dia a dia.
Para piorar, o leite que chegou “estava cortado”, e a mãe promete comprar “leite em pó” se o encontrar no dia seguinte.
“Eu não sei que explicação vou te dar, meu amor, eu não sei o que dizer para que você não chore e não fique triste, porque eu não quero te ver triste […] Não fique triste, papai, por isso não se chora”, conclui a mãe com a promessa de ir ao parque para aliviar a tristeza do menor.
“Esta é a triste realidade das mães em #Cuba. Como você explica ao seu filho que está há dias sem eletricidade e que o pouco leite para o café da manhã está estragado?”, escreveu Pentón junto às imagens.
Uma nação quebrada: Mães, lágrimas e raiva contida
O vídeo não apenas gerou uma onda de empatia, mas também acendeu um torrente de depoimentos. Mais de dois mil comentários se acumulam sob a publicação, cada um gritando a partir de sua dor.
“Não consegui terminar de assistir ao vídeo porque comecei a chorar, sou mãe de primeira viagem e essas coisas me atingem profundamente.”Como expressou uma usuária, Lorena:
A maioria dos comentários vem de mães.
Muitas não só compartilharam o sentimento, mas também experiências semelhantes, descrevendo como seus filhos “choram por leite, por ventilador, por não conseguirem dormir por causa do calor, dos mosquitos ou da escuridão”.
“Isso já não toca o coração de ninguém lá em cima. E continuará chovendo sobre molhado…”, lamentou Yailet L. G.; enquanto Amaury V. traçou um paralelo assustador: “A reconcentração de Weyler ficou aquém do que acontece em Cuba. Pessoas e crianças com um nível alto de desnutrição...”
A fome, a escuridão e a infância roubada
A cena não é isolada. É a cotidianidade repetida em milhões de lares cubanos.
Como comenta Zayli S.: “Esse vídeo dói porque já vivemos isso. As crianças não têm ideologia, o único que têm é necessidade. E estão morrendo de cansaço e tristeza, e isso as marcará para sempre.”
E os testemunhos reiteram uma verdade alarmante: a infância em Cuba está sendo condicionada pela carência.
Desde não ter um simples copo de leite até perder o sono e o ânimo por noites inteiras sem eletricidade.
As mães relatam como os alimentos se estragam, como as crianças vão para a escola sem dormir, sem café da manhã, com estresse e tristeza.
Resistência ou resignação
Algumas vozes clamam por um despertar cívico: “Quando amarmos mais nossos filhos do que tememos por essa ditadura, as coisas mudarão”, sentencia Martha V.
No entanto, não poucos responderam que o 11J mostrou que sair às ruas não resolve nada e que apenas serviria para deixar esses filhos sozinhos e com mães presas.
“O que vamos a resolver? Só que nos coloquem presas ou desapareçam conosco, como em 11 de julho. Por esse medo, as pessoas nem saem mais”, advertiu uma comentarista seguindo essa linha de pensamento.
“Não acho que por não saírem à rua sejam más mães, pelo contrário, valorizam mais o tempo ao lado de seus filhos do que as coisas materiais”, apontou outra.
O eco de um país que grita em silêncio
Não há nesta história uma única voz. Há uma multidão em pranto. Os comentários são um coro desesperado que denuncia, compartilha e se abraça virtualmente. O vídeo serviu como catalisador de um luto coletivo.
“O que fizemos nós, cubanos, para merecer tanto castigo?”, sentencia com amargura uma cubana.
Este vídeo não é apenas uma denúncia, é uma radiografia emocional de um país fracturado. As lágrimas de uma criança por seu “lechita” são as lágrimas de milhões de cubanos que perderam a fé, a paciência e a esperança.
É um apelo urgente para olhar o rosto humano do sofrimento, além de estatísticas ou ideologias.
E embora as respostas sejam escassas, a mensagem é clara: as crianças não podem continuar pagando com fome e lágrimas as decisões dos adultos. Porque se um país é incapaz de garantir o bem-estar de sua infância, perdeu não apenas seu presente, mas também seu futuro.
Cuba dói. Cuba chora. E milhões estão gritando em silêncio.
Perguntas frequentes sobre a crise energética e social em Cuba
Por que há apagões constantes em Cuba?
Em Cuba, a crise energética deve-se a falhas em várias termoelétricas, manutenções programadas e falta de combustível. Este problema tem causado apagões constantes e prolongados, afetando gravemente a vida cotidiana dos cidadãos.
Como a crise energética afeta as famílias cubanas?
A crise energética em Cuba impacta a vida cotidiana das famílias, obrigando-as a enfrentar dificuldades para cozinhar, armazenar alimentos e realizar atividades básicas. As mães cubanas, em particular, precisam se desdobrar para cuidar e alimentar seus filhos em condições adversas, como o calor e a presença de mosquitos durante os apagões.
Que medidas o governo cubano tomou para enfrentar a crise energética?
O governo cubano tem tentado melhorar a situação inaugurando novos parques solares e anunciando o início de novas unidades de geração elétrica. No entanto, os resultados não têm sido suficientes para aliviar as carências energéticas que a população enfrenta, e os apagões continuam sendo uma parte do dia a dia.
Qual é a resposta da população cubana diante da crise energética?
A população cubana demonstra um sentimento generalizado de resiliência e luta diante da crise energética. Muitos cidadãos compartilham suas experiências nas redes sociais, mostrando tanto sua dor quanto seu engenho para enfrentar as dificuldades diárias. Além disso, há um crescente descontentamento em relação ao governo pela falta de soluções efetivas.
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