Ondas de calor provocam aumento da mortalidade em Cuba, revelam pesquisas

Especialistas alertam que o verão de 2025 em Cuba será mais quente, prolongado e perigoso, com efeitos graves sobre a saúde devido ao aumento das temperaturas e outros fatores climáticos.

Calor (Imagem de referência)Foto © Pixabay

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As ondas de calor estão deixando marcas cada vez mais visíveis em Cuba, não apenas por suas temperaturas recordes, mas também pelo impacto direto na saúde da população.

Indagações científicas recentes lideradas pelo doutor Luis Lecha Estela, Investigador de Mérito do Ministério de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Citma), demonstraram um aumento do indicador de mortalidade diária associado a esses episódios, uma tendência nunca antes detectada no país, conforme revelou o jornal oficial Granma.

Desde o biênio 2009-2010, tem-se observado um aumento sustentado de eventos hidrometeorológicos extremos em nível mundial.

As ondas de calor, mais recorrentes, intensas e duradouras, tornaram-se um dos fenômenos mais alarmantes da mudança climática global, com efeitos notáveis na saúde, na economia e no bem-estar social.

Em declarações ao Granma, o doutor Lecha explicou que o doutor Lecha, defensor em Cuba das previsões biometeorológicas, alertou que os efeitos do calor extremo afetam especialmente grupos vulneráveis como idosos, crianças pequenas, mulheres grávidas e pessoas com doenças crônicas.

Em Villa Clara, onde foram realizados estudos em colaboração com entidades científicas e de saúde, foram identificados casos de estresse térmico severo e um aumento da mortalidade excessiva associado a esses fenômenos.

Os sintomas mais frequentes associados ao calor extremo incluem sudorese excessiva, desidratação, fraqueza, tontura, cãibras musculares e perda de consciência, entre outros, de acordo com a literatura médica.

Durante a recente Convenção Cuba-Saúde 2025, Lecha Estela destacou a urgência de incorporar essas previsões aos planos do Sistema Nacional de Defesa Civil, com o objetivo de prevenir desastres e proteger a população diante da crescente ameaça do calor extremo.

As advertências do pesquisador ressaltam que Cuba começou a experimentar ondas de calor de forma sistemática a partir de 2015, desmantelando a crença de que a condição insular protegia a ilha desse tipo de eventos extremos.

A partir desse ano, os verões na ilha começaram a registrar temperaturas muito elevadas durante vários dias consecutivos, com uma tendência crescente nos anos de 2017, 2020 e, de maneira contínua, em 2023 e 2024.

Nesse período, as anomalias mensais da temperatura global ultrapassaram o limite de 1,5 °C em relação à fase pré-industrial, um dado que ressalta a gravidade do fenômeno.

As perspectivas para o verão de 2025 não são animadoras: segundo os modelos meteorológicos consultados por Lecha e sua equipe, é altamente provável que o calor extremo se intensifique nas três regiões do país, com maior influência das altas pressões oceânicas, menos nebulosidade, radiação solar intensa e uma possível redução das chuvas.

A situação se agrava em Cuba com uma crise energética acentuada, apesar das promessas do regime de "melhorar" os apagões na temporada de verão, a falta de medicamentos e uma alimentação precária.

Baseado em dados históricos do período de 1979 a 2022, estima-se que a temperatura média do ar em julho e agosto fique em torno de 28 °C, mas este ano há uma probabilidade de 70% ou mais de que esses valores sejam superados, com temperaturas máximas sustentadas acima de 33 °C.

Este aumento das temperaturas é um fenômeno global. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou que 2024 foi o ano mais quente desde que existem registros, com uma temperatura média global na superfície que superou em 1,55 °C a média do período de 1850-1900.

Este marco representa o primeiro ano em que a temperatura média global superou o limite de 1,5 °C, estabelecido no Acordo de Paris como um teto para evitar os efeitos mais devastadores das mudanças climáticas, destacou a OMM.

Cuba registrou no ano vários dias de intenso calor. Em maio de 2024, por exemplo, um total de 24 estações meteorológicas reportaram mais de 35 graus Celsius.

Segundo o Centro de Prognósticos do Instituto de Meteorologia (INSMET), foram registradas máximas entre 33 e 36 °C. O valor mais elevado foi de 37,9 °C em Velasco, localidade do município de Gibara, ​Holguín.

Perguntas frequentes sobre o impacto do calor extremo em Cuba

Como as ondas de calor afetam a saúde em Cuba?

As ondas de calor em Cuba aumentaram a mortalidade diária, especialmente entre grupos vulneráveis como idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas. Os sintomas mais comuns do calor extremo incluem sudorese excessiva, desidratação, fraqueza, tontura e perda de consciência.

Desde quando Cuba tem experimentado ondas de calor intensas?

Cuba começou a experimentar ondas de calor sistemáticas a partir de 2015, com um aumento das temperaturas durante os verões em anos como 2017, 2020, 2023 e 2024. As ondas de calor tornaram-se uma ameaça crescente devido às mudanças climáticas globais.

Que medidas estão sendo tomadas para enfrentar as ondas de calor em Cuba?

El doctor Luis Lecha Estela propôs incorporar previsões biometeorológicas nos planos do Sistema Nacional de Defesa Civil para prevenir desastres associados ao calor extremo. No entanto, a crise energética, a falta de medicamentos e a alimentação precária complicam a resposta a esses fenômenos.

Qual é a relação entre as mudanças climáticas e as ondas de calor em Cuba?

As ondas de calor em Cuba são uma manifestação alarmante da mudança climática global. As anomalias de temperatura global ultrapassaram o limiar de 1,5 °C em relação à fase pré-industrial, intensificando o calor extremo na ilha.

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