A União Elétrica de Cuba (UNE) previu uma melhoria na geração térmica de eletricidade para o verão e calculou que aumentará em cerca de 100 MW em relação ao mesmo período do ano passado.
"Assim assegurou na terça-feira ao Granma o diretor de Manutenção da UNE, Julio González Céspedes, que calculou que as usinas termoelétricas do país precisarão contribuir com uma média de 1.200 MW para o sistema elétrico nacional (SEN) nos meses de julho e agosto."
Caso seja alcançado, o valor ultrapassaria em 100 MW o registrado no verão de 2023 e em 200 MW o estabelecido no mesmo período em 2022. No entanto, Gonzalez Céspedes admitiu que essa produção está muito aquém da capacidade instalada de 1.993 MW.
O diretor explicou ao órgão oficial do Partido Comunista de Cuba (PCC) o plano de manutenção e reparos previsto para enfrentar um verão com menos apagões do que no ano passado. No entanto, também anunciou que, após esse período, várias unidades de geração térmica continuarão a receber manutenção, como o previsto para a Unidade 4 da central termoelétrica (CTE) Carlos Manuel de Céspedes, em Cienfuegos.
A referida unidade receberá uma manutenção parcial prolongada (superior a 130 dias), para a substituição de peças dos aquecedores de ar regenerativos (CAR) e dos economizadores da caldeira.
Além disso, foi explicado que o bloco um da CTE Lidio Ramón Pérez, em Felton, passou por uma manutenção leve durante 25 dias, realizando ações como a lavagem da caldeira, a troca de tubulações em uma área crítica e a substituição de cestos danificados nos CAR, após o que retornou com uma contribuição de 230 MW. Para o verão, espera-se que esta CTE contribua com entre 215 e 225 MW.
No entanto, nesta quinta-feira, foi divulgada a notícia da detecção de uma ruptura nos tubos da caldeira da Unidade 1 de Felton, o que a obrigou a desconectar-se da SEN. Como explicou vaidoso o ministro da Energia e Minas, Vicente de la O Levy, a manutenção leve de 25 dias serviu para limpar os 22.000 tubos que a arrefeciam.
O incidente, que resultou em uma paralisação mínima de três dias, junta-se a outros semelhantes em outras usinas termoelétricas do país, que sofrem avarias logo após o término dos ciclos de reparos ou manutenção, como a Unidade 6 de Nuevitas.
Apesar de os diretores da UNE insistirem que é "algo normal", há muitas vozes especializadas que temem que as intervenções dos técnicos e operários cubanos não sejam totalmente satisfatórias, ou que simplesmente a informação não corresponda à realidade, e que as constantes "reparações e manutenções" sejam um pretexto para ocultar as dimensões da crise energética no país.
González Céspedes apontou que, embora a Guiteras acumule 13 anos sem manutenção de capital, no verão alcançará uma potência média entre 250 e 260 MW. Isso será possível graças a uma parada de quatro dias antes de julho, na qual os cestos dos CAR serão lavados, frequentemente sujos pelo tipo de combustível utilizado (petróleo cru cubano com alto teor de enxofre).
De promessas em promessas, os cubanos veem o tempo passar entre "lampejos".
No final de agosto de 2023, o governo cubano gabou de uma melhoria na capacidade de geração durante o verão. Além disso, assegurou que a UNE estava elaborando "um conjunto de ações" para garantir o equilíbrio com a demanda nos meses de verão de 2024, conforme relatado em uma nota do jornal oficial Trabajadores.
Em maio passado, a UNE informou que os apagões aumentariam durante o mês de junho devido a trabalhos de manutenção em várias Centrais Termoelétricas (CTE).
Conforme tem sido relatado de janeiro a junho, as atividades de manutenção nas Centrais Térmicas, Energás e Geração Distribuída estão sendo intensificadas com o objetivo de atender aos meses de maior consumo e demanda de energia elétrica, que são julho e agosto, meses em que a população está de férias.
Além disso, a empresa estatal afirmou que cumpriria "o plano de manutenção até os últimos dias do mês de junho" para minimizar os impactos no verão. No entanto, esclareceu que em julho e agosto também haverá apagões "se ocorrerem algumas saídas inesperadas de Unidades de Geração".
No final desse mês, o governante Miguel Díaz-Canel anunciou o que o povo de Cuba temia desde que os apagões se intensificaram: não podiam garantir que os meses de verão transcorressem sem problemas no serviço elétrico.
"Vamos a ter manutenções prolongadas até o mês de junho para minimizar o incômodo dos apagões no verão, principalmente nos meses de julho e agosto", indicou.
Por sua vez, em meados de abril, o Ministério do Interior (MININT) anunciou que esperava protestos em Cuba neste verão e culpou o governo dos Estados Unidos, bem como políticos daquele país, por estarem incitando a desordem pública na ilha em meio à atual crise energética.
Os Estados Unidos estão lançando novas tentativas de "aquecer" as ruas durante o verão, aproveitando a situação complexa que o país atravessa, de acordo com os interesses mais recentes de suas agências de inteligência para gerar ataques a Cuba, naquilo que denominam Operação 11.7.24", disse o Minint na rede social X.
O órgão repressivo do regime cubano considerou que os supostos ataques teriam "como objetivo prioritário o sistema eletro-energético nacional, por seu impacto na qualidade de vida das pessoas".
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