Trump insiste: "Não creio que uma menina de 11 anos precise de 30 bonecas."

"As meninas não precisam ter 30 bonecas. Podem ter três. Não precisam ter 250 lápis. Podem ter cinco", disse Trump.


O presidente Donald Trump defendeu veementemente sua política tarifária diante das críticas sobre seus possíveis efeitos no bolso do consumidor americano.

Com seu estilo provocador habitual, o líder republicano utilizou uma metáfora doméstica para ilustrar sua visão: "Não acho que uma menina bonita de 11 anos precise de 30 bonecas", afirmou no set do programa "Meet the Press", da rede NBC.

Trump transformou as tarifas sobre a China em um dos elementos centrais de seu discurso econômico.

Durante a entrevista com a jornalista Kristen Welker, ela o lembrou de quando ele admitiu que "talvez as bonecas custem alguns dólares a mais do que o normal".

O mandatário, por sua vez, minimizou o impacto potencial de suas tarifas sobre o custo de vida dos americanos e repetiu que as meninas "podem ter três ou quatro" bonecas em vez de 30.

"O que estávamos fazendo com a China era simplesmente incrível. Tínhamos um déficit comercial de centenas de bilhões de dólares", enfatizou.

A apresentadora tentou direcionar a conversa para a preocupação mais imediata: isso significará preços mais altos e escassez de produtos? Trump se negou a aceitar essa interpretação e rejeitou a ideia de que haverá prateleiras vazias nas lojas, fiel ao seu entendimento de que seu objetivo não é limitar o consumo, mas combater o que considera um desperdício impulsionado pelas importações baratas.

"Não é necessário ter 250 lápis. Pode-se ter cinco", concluiu, reiterando sua ideia de que os Estados Unidos devem aprender a viver com menos e produzir mais dentro de suas fronteiras.

Uma guerra comercial em ascensão

As declarações do mandatário ocorrem no contexto de uma escalada na guerra comercial com a China.

Semanas atrás, sua administração aumentou as tarifas sobre uma ampla gama de produtos, chegando a até 145 % em alguns setores. Segundo o próprio Trump, essa política provocou o colapso de fábricas chinesas e um suposto reimpulso da indústria local americana.

"Estamos ganhando muito dinheiro. Vai tudo maravilhosamente bem. Perdíamos 5 bilhões de dólares por dia com a China. Agora deixamos de fazer negócios com eles e estamos economizando", disse.

No entanto, relatórios independentes contradizem essa afirmação: embora algumas empresas tenham começado a relocalizar operações, muitas outras alertam que os custos de produção aumentaram devido à dependência de componentes importados, afetando sua competitividade.

Apesar das advertências de analistas e do próprio Departamento de Comércio dos Estados Unidos, que reportou uma contração do PIB de 0,3% no primeiro trimestre do ano, o mandatário se mostra convencido de que as tarifas não apenas fortalecerão a economia nacional, mas também reduzirão o que ele denomina um consumo excessivo e desnecessário.

A contradição entre a mensagem e os dados

Apesar do otimismo do ex-presidente, o panorama econômico parece menos encorajador.

Segundo a agência AP, o crescimento do consumo nos primeiros meses do ano se deveu, em parte, a uma corrida antecipada das famílias para comprar antes que as novas tarifas encareçam produtos básicos. Longe de refletir força, esse comportamento revela preocupação entre os consumidores.

O próprio Trump, no entanto, tentou desvincular a queda dos mercados de sua estratégia econômica. "Este é o mercado de Biden, não o de Trump", escreveu em sua rede social, culpando seu antecessor pela volatilidade financeira.

Além das bonecas: um modelo econômico em disputa

A frase sobre as bonecas -que foi amplamente replicada e discutida nas redes sociais e na mídia- é mais do que uma anedota. Encapsula uma visão de país: uma economia menos globalizada, mais austera e focada na autossuficiência. Para Trump, não se trata de privar as crianças de brinquedos, mas de reformular o modelo de consumo americano.

Mas seus críticos apontam que por trás do discurso simplista se esconde uma política que poderia empobrecer as famílias trabalhadoras.

A possibilidade de pagar mais por menos produtos não é, como ele sugere, uma simples lição de sobriedade; é uma consequência direta de decisões que, segundo economistas, poderiam provocar mais danos do que benefícios se não forem acompanhadas de uma estratégia industrial sólida.

Enquanto o debate continua, resta saber se as bonecas - sejam duas, três ou 30 - acabarão se tornando um símbolo de uma política mais ampla e polarizadora.

O preço da independência econômica será uma infância com menos brinquedos? Para Trump, a resposta é clara: sim, mas com mais dinheiro no bolso. Para seus detratores, é apenas o reflexo de um líder disposto a minimizar os custos humanos de suas políticas comerciais.

Perguntas frequentes sobre a política tarifária de Trump e suas implicações

Por que Donald Trump diz que sua política tarifária é benéfica para os EUA?

Trump afirma que sua política de tarifas fortalece a economia nacional ao reduzir o que ele chama de "consumo excessivo e desnecessário" e incentivar a produção interna. Ele assegura que as tarifas sobre a China colapsaram fábricas chinesas e impulsionaram a indústria local americana. No entanto, existem críticas e contradições em suas afirmações, já que relatórios sugerem que os custos de produção aumentaram devido à dependência de componentes importados, afetando a competitividade das empresas americanas.

Como os aranceles afetarão os consumidores americanos?

As tarifas podem resultar em produtos mais caros e menos acessíveis para os norte-americanos. Trump reconheceu que os consumidores podem enfrentar um aumento nos preços de certos produtos, como as bonecas, que podem custar alguns dólares a mais. Além disso, prevê-se uma possível escassez de produtos, semelhante à vivida durante a pandemia de COVID-19, se as tarifas forem mantidas.

Qual impacto econômico a política tarifária de Trump poderia ter nos EUA?

A política tarifária de Trump pode levar a uma contração econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA já se contraiu 0,3% no primeiro trimestre de 2025, e os analistas temem que a política tarifária possa causar mais danos do que benefícios se não for acompanhada de uma estratégia industrial sólida. Além disso, há preocupação com um possível ressurgimento inflacionário e uma desaceleração no crescimento econômico.

O que está fazendo o governo Trump para contrabalançar os efeitos negativos das tarifas?

Trump prometeu reduzir ou eliminar os impostos sobre a renda para aqueles que ganham menos de 200.000 dólares por ano utilizando a receita dos impostos de importação. Além disso, ele afirmou que sua agenda econômica está focada em facilitar a realização de negócios nos EUA, criar empregos e construir fábricas no país. No entanto, a efetividade dessas medidas está em debate, uma vez que o impacto dos impostos de importação continua sendo uma preocupação para economistas e consumidores.

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