Devolvem os animais retidos à mãe de Ariel Ruiz Urquiola

O cientista cubano agradece à CiberCuba pela divulgação de um incidente que poderia ter terminado em apreensão


Já retornaram para casa os dois animais que escaparam da propriedade de Ariel Ruiz Urquiola e foram retidos durante dois dias por um vizinho. Este inicialmente não queria chegar a um acordo com a mãe do cientista cubano, que vive na Suíça, porque o regime de Havana lhe impede a entrada na Ilha.

Em vez de chegar a um acordo com a mãe dos Ruiz Urquiola, o vizinho, conhecido como El Niño Dopico, recorreu às autoridades do Ministério da Agricultura no município, conforme confirmou o próprio ativista em duas transmissões ao vivo feitas desde CiberCuba para denunciar o que estava ocorrendo em tempo real.

Os animais ficaram expostos ao sol e amarrados por horas, durante as quais a mãe de Ariel Ruiz Urquiola temeu o pior: que fossem confiscados. E, nesse caso, a situação era especialmente dolorosa porque ela ajudou a dar à luz a um dos bezerros retidos. Finalmente, o impacto midiático do que estava acontecendo em tempo real trouxe resultados.

Se dar a circunstância de que no mesmo dia em que os animais foram retidos, um dos trabalhadores da propriedade que Ariel Ruiz Urquiola tem em usufruto em Viñales (Pinar del Río) pediu demissão e cujo contrato não pôde renovar porque não lhe permitem entrar em Cuba para fazê-lo. Esta situação provocada pelo próprio regime tem sido utilizada pelas autoridades do Ministério da Agricultura para alegar que, diante do descumprimento do contrato, a propriedade deve ser desocupada e os animais apreendidos.

Em novembro passado, autoridades do Partido Comunista, à moda da antiga Guarda Rural, chegaram à propriedade para comunicar que iriam rescindir o contrato de usufruto e provocar uma venda forçada do gado. No dia 21 de fevereiro, chegaram à propriedade e levaram dois animais.

Nesta ocasião, utilizaram uma abordagem diferente, mas o objetivo continua o mesmo: levar pouco a pouco todos os animais. A mãe de Ariel Ruiz Urquiola está determinada a ficar em Viñales "até a última vaca".

Por sua parte, Ruiz Urquiola iniciou uma protesto pacífica em frente ao Bundeshaus, em Berna (Suíça), para reivindicar o respeito aos direitos de sua família e o reconhecimento de crimes de lesa-humanidade.

Estou em frente ao Bundeshaus para conscientizar os parlamentares suíços sobre a necessidade de reconsiderar o conceito de crime de lesa humanidade, de acordo com os Estatutos de Roma, que implica a sistematicidade de crimes cometidos por aqueles que detêm o desgoberno de Cuba, mas não cifras. Campanha de Direitos Humanos intitulada: "Reconhecendo os crimes contra a humanidade na Suíça", com o lema "Justiça além dos números - Façamos o que é certo!", esclareceu Ariel Ruiz Urquiola à CiberCuba.

Em um vídeo enviado à CiberCuba, Ariel Ruiz Urquiola agradece o apoio do público desta plataforma por ajudá-lo a recuperar esses dois animais, enquanto sua mãe não desiste e continua reivindicando o retorno da vaca prenha (Rita) e da jumenta (Guana), que o chefe de Pecuária, Carlos Fleitas, a mando do delegado do Minagri em Viñales, Jorge Miguel Martínez Hernández, levou à força no dia 21 de fevereiro.

Quero agradecer-lhes por nos ajudarem a amplificar essa outra violação flagrante aos direitos humanos de uma idosa, neste caso, minha mãe, e dos animais, que também têm direitos, embora em um país sem direitos para as pessoas, que direito pode haver para os animais?

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).