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Enquanto milhares de cubanos sofrem com apagões, escassez de alimentos e medicamentos e repressão política, o regime voltou a mostrar sua total desconexão com a realidade do país ao celebrar, com pompa e discursos épicos, a entrega da réplica do Machete do Generalíssimo Máximo Gómez, um símbolo que outrora representava a luta pela independência, mas que hoje é uma grotesca medalha de lealdade ao poder.
Entre os agraciados deste ano estão Humberto López, porta-voz oficialista conhecido por suas campanhas televisivas de difamação contra ativistas e jornalistas independentes, e Annie Garcés, a jovem cantora famosa por sua frase "os 62 mil milênios" em defesa do castrismo.
A eles se juntam outras figuras afins ao governo como Yusuam Palacios; Elier Ramírez, subdiretor do Centro Fidel Castro; o canal Tele Turquino e até La Colmenita da PNR, uma agrupação infantil sob a tutela da Polícia.
Humberto López, ao receber seu machete simbólico, agradeceu ao Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR) com um discurso impregnado de retórica bélica: "Em tempos de guerra não convencional (…) façamos de cada dia um novo combate".
No auge do cinismo, atacou o que chamou de "propaganda" e "mentiras baratas, simples, grosseiras que buscam penetrar, fragmentar, seduzir, dividir", e assegurou que sua atuação como comunicador faz parte de uma suposta defesa da pátria. "Estamos à disposição", sentenciou.
Annie Garcés, por sua vez, celebrou em Facebook sua inclusão entre os premiados como "uma das artistas mais jovens" a receber o machete de Gómez.
A cantora, que se apresentou no evento pelo 64º aniversário da declaração do caráter socialista da revolução, escreveu sobre "a beleza de ser consequente até o último suspiro", sem dedicar uma única palavra aos apagões, aos prisioneiros políticos ou à precariedade generalizada que seu país enfrenta.
Este tipo de premiações não são novas. Desde 1986, o MINFAR concede esta distinção àqueles que, sob o pretexto de compromisso cultural, atuam como porta-vozes da ideologia oficial.
Em 2021, a dupla Buena Fe também foi premiada, em meio a um contexto nacional marcado pela explosão social do 11J e o encarceramento em massa de jovens manifestantes.
"Esforçamo-nos para continuar sendo pessoas do nosso tempo", disse então Israel Rojas.
Premiar a obediência enquanto se pune a dissidência
Em um país onde se encarceram artistas como Luis Manuel Otero Alcántara, se persegue jornalistas independentes e se criminaliza o pensamento dissidente, é no mínimo indignante que as máximas autoridades premiem com símbolos patrióticos aqueles que se dedicaram a justificar a repressão, a censura e o culto à personalidade.
O contraste não poderia ser mais brutal: enquanto alguns recebem um facão em uma cerimônia com flores, uniformes e bandeiras, centenas de cubanos estão atrás das grades por exercerem seu direito de se expressar livremente.
Enquanto o regime exalta a "união" e "a obra infinita da Pátria em Revolução", milhares esperam por um visto para escapar do país que lhes prometeu glória, mas lhes deu miséria.
Um ato vazio para uma república em ruínas
Este tipo de condecorações evidenciam o nível de cinismo de um governo mais preocupado em premiar a obediência do que em resolver os problemas urgentes do país.
Os verdadeiros heróis do presente não têm microfone nem machete dourado. Estão nas filas do pão, nos hospitais sem recursos, nos bairros sem luz e nas famílias desfeitas pelo exílio.
Celebrar os traidores do ano com uma réplica do facão de Máximo Gómez é, no melhor dos casos, uma ironia dolorosa. No pior, uma provocação desavergonhada a um povo que já perdeu demais.
Perguntas frequentes sobre as premiações do regime cubano e a situação atual em Cuba
O que representa a entrega do Machete do Generalíssimo Máximo Gómez em Cuba?
A entrega do Machete do Generalíssimo Máximo Gómez simboliza um reconhecimento à lealdade ao regime cubano, embora originalmente fosse um símbolo de luta pela independência. Atualmente, é concedido a figuras que atuam como porta-vozes da ideologia oficialista, o que reflete a desconexão do governo com as necessidades reais do povo cubano.
Quem são os recentes agraciados com o Machete do Generalíssimo Máximo Gómez?
Entre os premiados estão Humberto López e Annie Garcés. Humberto López é conhecido por suas campanhas de descrédito contra opositores, enquanto Annie Garcés é uma cantora que defendeu publicamente o castrismo. Outros premiados incluem figuras como Elier Ramírez e Yusuam Palacio, o que evidencia o apoio àqueles que sustentam a narrativa oficial.
Qual é a crítica principal em relação a esse tipo de premiação em Cuba?
A crítica principal é que essas premiações evidenciam um cinismo do governo ao premiar a obediência enquanto castiga a dissidência. Em um país onde artistas são encarcerados e o pensamento dissidente é criminalizado, essas condecorações representam um afronta à memória histórica de Cuba e sublinham a desconexão do regime com as urgentes necessidades do povo.
Como se contrasta a situação dos premiados com a realidade dos cubanos comuns?
Enquanto alguns recebem condecorações em cerimônias oficiais, muitos cubanos enfrentam apagões, escassez de alimentos e repressão. A premiação de figuras leais ao regime contrasta com a realidade de milhares de cubanos que sofrem com precariedades e buscam emigrar devido à falta de oportunidades e liberdades no país.
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