O pastor Alain Toledano denunciou que o regime cubano lhe impediu de viajar à ilha para se despedir de um familiar falecido.
Toledano, quem foi obrigado pelo regime a se exilar em meados de 2022 junto com sua esposa e suas duas filhas sob ameaça de prisão imediata, relatou em declarações America Tevé a forma singular que o regime encontrou para avisá-lo de que não deveria viajar, pois não poderia entrar.
"Eu comprei uma passagem e no dia anterior o meu advogado em Cuba me ligou e disse que a Segurança do Estado o havia chamado e lhe disseram que tinham visto meu nome na lista de passageiros e que me ligasse e me dissesse para não viajar, porque no mesmo avião em que eu ia, iriam me devolver”, explicou ao jornalista Rolando Nápoles.
Alain Toledano conta que, apesar do aviso, decidiu viajar, mas o problema é que no próprio Aeroporto de Miami impediram-no de embarcar no avião. Quando foi fazer o check-in, disseram-lhe que não podia entrar em Cuba nem por mar, nem por ar, nem por terra.
Conta ainda que, em outra ocasião, apenas levou e acompanhou ao aeroporto de Miami algumas pessoas que viajariam para Cuba e relata que, curiosamente, uma das funcionárias que verifica os bilhetes e passaportes já sabia que ele não poderia entrar na ilha.
O pastor, que sufriu episódios repressivos marcantes na ilha, incluindo a demolição de sua igreja mais de uma vez, esclareceu que não tem nenhuma vontade de voltar a viver em Cuba, mas enfatizou que lá estão sua mãe, suas filhas mais velhas, seus netos e, em geral, muitos de seus entes queridos.
“Pelo simples motivo de não pensar como eles -porque não lhes devo nada- me impedem de entrar no país ao qual pertenço, onde nasci, de onde venho, e o mais criminoso de tudo isso é que me impedem de estar com minha família”, lamentou.
O líder religioso detalhou quando começaram seus problemas com o regime.
"Meu problema com eles vem do fato de que a igreja está crescendo e, quando a sociedade começou a ouvir a mensagem, eles ficaram nervosos e começaram os ataques. Quando me demoliram pela primeira vez, tiraram nossa casa e roubaram todos os bens, tanto os da igreja quanto os meus pessoais, foi por causa do movimento que havia dentro da igreja," observou.
Conta que lhe exigiram que fechasse a igreja, mas ele não o fez.
“Eu não fechei a igreja, continuei pregando o Evangelho e eles atacaram-me desta maneira”, explica.
O pastor Toledano e sua família deixaram Cuba em julho de 2022, depois que no dia 25 de junho daquele ano a Segurança do Estado lhe deu um prazo de 30 dias para sair, ou seria preso.
Até seu exílio, Toledano foi uma das vozes mais críticas contra o regime dentro da religião na ilha.
Em 2007 e em 2016, demoliram sua igreja Emanuel, que havia criado em 1999 em Santiago de Cuba. A isso se somaram várias prisões e ameaças contra ele e sua família.
Alain Toledano opina que nenhum governo do mundo deveria ter o direito de impedir a entrada de um cidadão desse país, desde que não seja um criminoso ou tenha dívidas com a nação.
“Meu único problema com o regime cubano é que não sou comunista”, conclui.
Perguntas frequentes sobre o caso do pastor Alain Toledano e a repressão em Cuba
Por que o pastor Alain Toledano não pôde viajar a Cuba para o funeral de seu familiar?
O regime cubano impediu o pastor Alain Toledano de viajar a Cuba para assistir ao funeral de um familiar, alertando-o de que seria devolvido no mesmo avião em que tentasse entrar. Essa restrição se deve à sua postura crítica em relação ao regime e à sua influência como líder religioso na ilha.
Qual tem sido o histórico de repressão contra Alain Toledano em Cuba?
Alain Toledano foi alvo de episódios repressivos por parte do regime cubano, que incluíram a demolição de sua igreja em várias ocasiões e ameaças de encarceramento. Seu conflito com o regime começou quando sua igreja cresceu e a mensagem religiosa começou a ressoar na sociedade, o que provocou nervosismo nas autoridades cubanas.
O que implica ser "regulado" em Cuba e como isso afeta as pessoas críticas do regime?
Ser "regulado" em Cuba significa estar proibido de sair do país, uma medida que é aplicada arbitrariamente a ativistas, jornalistas e líderes religiosos críticos do governo. Essa regulamentação é uma tática de controle para impedir que as vozes dissidentes viajem para o exterior e denunciem a situação na ilha.
Como a repressão do regime cubano afeta as famílias dos exilados?
A repressão do regime cubano impacta profundamente as famílias dos exilados, separando-os de seus entes queridos e negando-lhes a possibilidade de se reunir em momentos críticos, como funerais. Para Toledano, a proibição de entrar em Cuba significa não poder estar com sua mãe, filhas mais velhas e netos, o que representa uma dor adicional além do exílio forçado.
Que medidas estão sendo tomadas fora de Cuba para apoiar os exilados e críticos do regime?
No exílio, muitos cubanos receberam apoio de comunidades em países como os Estados Unidos, onde o exílio histórico e organizações de direitos humanos têm oferecido respaldo. No entanto, os casos legais e as situações migratórias complexas, como as de alguns exilados, podem se alongar, dificultando a regularização de seu status e a estabilidade familiar.
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