Cientista cubano Eduardo López-Collazo: "Meu romance 'Narcisos' é uma quitação pessoal."

Físico nuclear, crítico de dança e articulista, nascido em Jovellanos, acaba de publicar um romance de ficção sobre o narcisismo. Ambientado em Madrid, tem muito de Cuba


O cientista cubano Eduardo López-Collazo (Jovellanos, 3 de julho de 1969) acaba de publicar "Narcisos", um romance de ficção ambientado em Madrid, uma cidade onde vive e trabalha há trinta anos, mas na qual também há muito de Cuba, o país onde nasceu e que nunca retornou. "É um ajuste de contas pessoal", diz em uma entrevista concedida nesta quinta-feira à CiberCuba.

A Cuba não voltou. No início, porque sentia preguiça de ter que cumprir tantos requisitos. Mais tarde, porque foi alvo de ataques pessoais no NTV, durante a crise da Covid e após uma entrevista publicada na CiberCuba. "Eu não fiz nada. Por que sou punida dessa maneira?", lamenta em referência aos ataques que recebeu da imprensa alinhada ao Partido Comunista.

Publicada pela Editora Huso, "Narcisos" conta a história de uma psicanalista que estuda as vidas "quebradas e complexas" de oito homens que frequentam sua consulta. Um deles, Oliverio, é o alter ego de Eduardo López-Collazo, confessa o autor.

A novela, já à venda na Amazon, esgotou temporariamente antes de ser apresentada oficialmente em Sevilha, Barcelona e Madri, em datas que ainda não estão definidas, pois o livro saiu à venda neste 1º de abril e já superou as melhores expectativas. De fato, o cineasta cubano Carlos Lechuga, que entrevistou López-Collazo para El Estornudo, disse, como um elogio, que ele não sabia que escrevia tão bem.

O fato é que Eduardo López-Collazo é mais do que um físico nuclear que faz críticas de dança e escreve artigos na imprensa espanhola. Agora, ele estreia como escritor de ficção, após ter estado durante dez anos (dois a mais do que o estabelecido, devido à crise da Covid) à frente da direção médica do Instituto IdiPaz de Madrid, o maior centro de pesquisa científica na Espanha, ao qual continua vinculado atualmente como pesquisador e em outras responsabilidades.

Sua novela "Narcisos" gira em torno do narcisismo de oito homens que buscam ajuda psicológica para lidar com seus medos, fracassos, sonhos não realizados, os maus-tratos psicológicos acumulados e as rupturas de relacionamentos. Mas nela há resquícios do desânimo com que López-Collazo vê o futuro para Cuba, um país que agoniza há anos sem merecer a atenção do Ocidente, comenta com CiberCuba.

Aunque es la primera novela de ficción que publica, en realidad, "Narcisos" es la tercera que escribe. Anterior a esta hay otra novela que nació del mazazo que representó para éla morte de sua irmã em Cuba durante a pandemia, mientras él dirigía en España las investigaciones sobre el coronavirus.
Después de ese golpe, López-Collazo reconoce que necesitó atención psicológica porque en ese momento sintió que se había quedado solo en el mundo, sin las dos mujeres que marcaron su vida, su mamá: ya fallecida en ese momento, y su única hermana.

Aguardando para ver como vão as vendas de "Narcisos", López-Collazo já está trabalhando em uma segunda parte deste romance que, na verdade, é o quarto livro que publica. Os anteriores foram dedicados ao câncer e ao VIH. De fato, "¿Qué es el cáncer?" foi incluído em 2019 em uma lista publicada pelo jornal espanhol El País, dos dez livros com temáticas terríveis que são lidos com prazer.

Esta novela, acrescenta o autor, é também um reflexo do narcisismo cubano, que nos fez acreditar que nascemos em uma Ilha que é o centro do mundo. "Ah.. não é?", brinca o cientista.

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).

Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).