O congressista cubano-americano Mario Díaz-Balart reagiu à decisão da administração de Donald Trump de fechar Radio y TV Martí, assegurando que continua a apoiar esses meios de comunicação e que está trabalhando para encontrar uma solução que permita manter a transmissão de informações para Cuba.
"Quanto à Radio y TV Martí, é algo que sempre apoiei e continuo apoiando", declarou Díaz-Balart em uma entrevista exclusiva com Telemundo 51 nesta terça-feira. O congressista explicou que a decisão de Trump responde a uma tentativa de reduzir os gastos públicos e eliminar despesas desnecessárias, mas garantiu que isso não implica o fim da comunicação com o povo cubano.
"O que o presidente Trump está fazendo, que é o que prometeu ao povo americano, é tentar evitar os gastos desnecessários do governo federal, porque todos sabemos que os Estados Unidos estão à beira da falência", disse Díaz-Balart, que acrescentou estar em contato frequente com a administração para tratar deste e de outros assuntos que afetam a comunidade cubana.
O congressista reafirmou que está trabalhando para encontrar alternativas que permitam continuar a difusão de informações para a ilha: "Estou trabalhando com a administração para ver como há formas de reverter isso ou, pelo menos, garantir que a comunicação com o povo cubano continue sendo uma prioridade".
Díaz-Balart também enfatizou que, embora apoie a reestruturação do gasto federal, há certas iniciativas que considera essenciais e devem ser mantidas, entre elas a informação independente que chega a Cuba. "Não estou preocupado porque sei que entre as coisas que o presidente Trump considera prioritárias está a causa da liberdade de Cuba, e que o povo possa se comunicar e receber informação é algo essencial neste momento", afirmou.
O fechamento de Radio y TV Martí se insere em um conjunto de medidas tomadas pela administração Trump para desmantelar a Agência dos EUA para os Meios Globais (USAGM), que supervisiona várias emissoras de rádio e televisão financiadas pelo governo dos Estados Unidos.
A decisão gerou fortes críticas de ativistas e organizações defensoras da liberdade de imprensa, que temem que o povo cubano perca uma das poucas fontes de informação independente disponíveis na ilha.
Em agosto de 2022, Díaz-Balart também criticou a administração de Joe Biden por sua inação em relação à situação cubana e sua aparente falta de apoio às transmissões de Radio Martí. "A reação do presidente Biden qual foi: nada, nenhum tipo de ação para demonstrar solidariedade e apoio a esse valente povo cubano", declarou então em uma direta.
Resulta chamativo o contraste entre sua dura crítica a Biden e seu tom conciliador com Trump em relação aos cortes de fundos para Radio Martí. Enquanto com a administração democrata qualificou as ações como uma traição ao povo cubano, com Trump justificou a medida como parte de um esforço para otimizar os gastos públicos.
Organizações como a Fundação Nacional Cubano Americana (FNCA) manifestaram sua "profunda consternação" diante do fechamento destes meios, instando a administração de Trump a restaurar os fundos necessários para sua operação. Líderes opositores como José Daniel Ferrer também pediram que se garantisse a continuidade dessas transmissões, argumentando que sua desaparecimento beneficia exclusivamente o regime cubano.
O futuro de Radio y TV Martí continua incerto em meio às tentativas de cortes orçamentários e à pressão de diversos setores para que a transmissão de informações independentes à ilha seja mantida. Díaz-Balart, no entanto, mantém a esperança de que uma solução viável seja alcançada: "Isso não é o fim do mundo, as coisas essenciais continuarão sendo financiadas e pagas".
Díaz-Balart e senadores republicanos alertaram em 2019 sobre cortes à Radio e TV Martí
A preocupação com o futuro da Radio y TV Martí não é nova. Em 2019, os senadores Marco Rubio e Rick Scott, juntamente com o próprio Díaz-Balart, enviaram uma carta ao diretor interino da Agência Global de Mídia dos Estados Unidos (USAGM), Grant Turner, alertando sobre possíveis cortes orçamentários e mudanças estruturais na Oficina de Transmissões para Cuba (OCB), responsável por operar essas emissoras.
Na missiva, os congressistas expressaram sua preocupação com a possibilidade de que o orçamento da OCB fosse reduzido drasticamente de 29 milhões para 12,9 milhões de dólares, o que teria implicado (e de fato implicou) demissões em massa e um grave impacto nas operações da Radio y TV Martí. Também foi mencionada a possibilidade de trasladar a sede da OCB para fora de Miami, o que gerou uma grande controvérsia na comunidade cubano-americana.
Nesse momento, os legisladores republicanos instaram a administração de Trump a garantir o financiamento necessário para manter as transmissões para Cuba, argumentando que esses meios eram essenciais para romper o controle informativo do regime cubano.
A carta sublinhava o papel fundamental que teve a Radio Martí desde sua fundação em 1985, sob a administração de Ronald Reagan, em fornecer informações sem censura à ilha.
A defesa desses meios em 2019 contrasta com a postura mais moderada de Díaz-Balart diante da decisão de Trump de fechar Radio y TV Martí em 2025, destacando a influência de fatores políticos no debate sobre o financiamento da emissora.
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