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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu homólogo russo, Vladímir Putin, mantiveram na terça-feira uma conversa telefônica de uma hora e meia na qual discutiram possíveis condições para alcançar a paz na Ucrânia.
Segundo relatos de NBC News, a comunicação entre ambos líderes ocorreu em um tom positivo e foi qualificada como "histórica" por Kirill A. Dmitriev, enviado especial de Putin para investimento e cooperação econômica.
Este novo contato entre Washington e Moscovo acontece em um contexto de descongelamento nas relações bilaterais e após a aceitação de Kiev de um cessar-fogo temporário há uma semana.
O Kremlin estabeleceu como requisito fundamental para a trégua a suspensão total do envio de armas à Ucrânia, uma exigência que já havia sido mencionada anteriormente por Putin. Segundo a agência EFE, Putin ordenou a cessação dos ataques contra a infraestrutura energética ucraniana durante 30 dias.
Em um comunicado oficial, a Casa Branca enfatizou que "este conflito nunca deveria ter começado e deveria ter terminado há muito tempo com esforços de paz sinceros e de boa-fé".
Segundo o texto, "os líderes concordaram que o caminho para a paz começará com um cessar-fogo no setor energético e de infraestrutura, assim como com negociações técnicas sobre a implementação de um cessar-fogo marítimo no Mar Negro, seguido de um cessar-fogo total e da paz permanente".
Fontes próximas citadas por Bloomberg revelaram que a Casa Branca avalia a possibilidade de reconhecer a soberania russa sobre a Crimeia, anexada em 2014, como parte de um acordo mais amplo para o cessar-fogo.
No entanto, este ponto entra em conflito direto com a posição do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que reiterou que a soberania e a integridade territorial de seu país não são negociáveis.
Desde o Air Force One, Trump apontou nesta segunda-feira que o diálogo com Putin incluiu discussões sobre questões territoriais e o controle de infraestruturas estratégicas, em referência à usina nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa e ocupada por forças russas desde o início da invasão.
O mandatário estadunidense enfatizou que já haviam sido acordados vários elementos de um possível acordo, embora tenha admitido que ainda há um longo caminho a percorrer.
O comunicado da Casa Branca também destacou que "os líderes falaram amplamente sobre o Oriente Médio como uma região com potencial para a cooperação na prevenção de futuros conflitos".
Além disso, foi abordada "a necessidade de frear a proliferação de armas estratégicas" e foi mencionado que ambos os mandatários "compartilham a opinião de que o Irã nunca deveria estar em posição de destruir Israel".
Enquanto isso, Zelenski criticou a postura da Rússia, apontando que é Putin quem retarda as negociações. “Cada dia em tempos de guerra é uma questão de vidas humanas”, expressou em sua conta no X. O líder ucraniano pediu um maior apoio internacional para pressionar Moscou e acelerar o fim da guerra.
Em paralelo, os Estados Unidos anunciaram sua retirada do Centro Internacional para o Julgamento do Crime de Agressão à Ucrânia (ICPA), órgão criado para investigar e coletar provas sobre a invasão russa com vistas a futuros julgamentos internacionais.
Esta decisão foi interpretada como um novo gesto de Trump para se aproximar de Putin e facilitar a concretização de um acordo de paz.
Finalmente, a Casa Branca destacou que "os dois líderes concordaram que um futuro com uma relação bilateral melhorada entre os Estados Unidos e a Rússia traz grandes benefícios, incluindo acordos econômicos de grande escala e uma maior estabilidade geopolítica uma vez alcançada a paz."
A última conversa entre os dois mandatários ocorreu em 12 de fevereiro, e desde então a postura da administração Trump demonstrou uma mudança substancial, com uma pressão crescente sobre Kiev e uma aproximação progressiva a Moscou.
Com as negociações em andamento e diversos pontos ainda a serem definidos, o desenlace desse processo pode marcar um ponto de inflexão na guerra que devastou a Ucrânia por mais de três anos.
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