Político francês pede a Trump para devolver a Estátua da Liberdade e os EUA respondem

Ele fez isso durante um evento de seu partido de centro-esquerda, onde criticou duramente as políticas internas e externas da administração de Donald Trump.


O eurodeputado francês Raphaël Glucksmann reavivou as tensões diplomáticas entre a França e os Estados Unidos ao solicitar publicamente a devolução da Estátua da Liberdade.

Ele fez isso durante um ato de seu partido de centro-esquerda "Plaza Pública", onde criticou duramente as políticas internas e externas da administração de Donald Trump.

“Devolvam-nos a Estátua da Liberdade. Foi nosso presente para vocês. Mas, ao que parece, vocês a desprezam. Assim, ela será feliz aqui conosco”, disse Glucksmann sob os aplausos de seus seguidores.

Para o político francês, os Estados Unidos “optaram por se colocar ao lado dos tiranos”, mencionando como exemplos a política migratória restritiva de Trump e sua postura questionável em relação à guerra na Ucrânia.

A resposta da Casa Branca

A resposta de Washington não demorou a chegar. A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ridicularizou a proposta e rejeitou categoricamente a devolução do icônico monumento.

“Claro que não”, afirmou Leavitt quando um jornalista perguntou se o presidente Trump consideraria o pedido francês.

“Meu conselho para esse político francês de baixo nível não identificado seria lembrá-lo de que é somente graças aos Estados Unidos da América que os franceses não estão falando alemão neste momento, e portanto deveriam ser muito gratos ao nosso grande país”, acrescentou.

Com um sorriso, Leavitt encerrou a polêmica evocando a histórica intervenção dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, especificamente o Desembarque na Normandia, onde as forças aliadas, lideradas pelos Estados Unidos, contribuíram decisivamente para a libertação da França da ocupação nazista.

No entanto, internautas versados em História lembraram, em diversas postagens nas redes sociais, que os Estados Unidos não existiriam sem a decisiva ajuda da França.

A nação europeia foi o principal aliado dos rebeldes americanos durante a guerra das Treze Colônias. Após a vitória americana na Batalha de Saratoga, em 1777, a França assinou um tratado de aliança com os Estados Unidos em 1778.

Desde antes da aliança formal, a França já fornecia armas, pólvora e empréstimos financeiros aos colonos.

Glucksmann insiste: “Essa América lutava contra os tiranos, não os adulava.”

Longe de recuar, Glucksmann utilizou suas redes sociais para expandir sua postura e responder diretamente à porta-voz de Trump.

“Eu não estaria aqui se centenas de milhares de jovens americanos não tivessem alcançado as costas da Normandia”, escreveu em um fio no X, demonstrando sua “gratidão eterna” aos Estados Unidos e ao seu sacrifício na Segunda Guerra Mundial.

No entanto, ele destacou que aquela América “lutava contra os tiranos, não os adulava. Era inimiga do fascismo, não amiga de Putin. E ajudou a resistência, não atacou Zelenski.”

“Essa América, fiel às maravilhosas palavras inscritas na Estátua da Liberdade, sua América, merece muito mais do que a traição à Ucrânia e à Europa, a xenofobia ou o obscurantismo”, acrescentou em sua mensagem Glucksmann, que lembrou o simbolismo que representa a Estátua da Liberdade.

“Se o mundo livre já não interessa ao seu governo, nós assumiremos a estafeta na Europa. Até que nos reencontremos novamente na luta pela liberdade e dignidade, seremos os continuadores da nossa história compartilhada e os protetores do nosso tesouro: mais do que uma estátua de cobre e aço, a liberdade que simboliza”, concluiu.

"A Liberdade iluminando o mundo"

A estátua, cujo nome original é "A Liberdade iluminando o mundo", foi concebida pelo político francês Edouard de Laboulaye e projetada por Auguste Bartholdi.

A França presenteou formalmente os Estados Unidos em 4 de julho de 1884 para comemorar o centenário da Declaração de Independência e celebrar a abolição da escravatura.

A sua inauguração oficial ocorreu em 28 de outubro de 1886 na Ilha da Liberdade, na baía de Nova York.

O monumento tem se erguido por décadas como um farol de liberdade e democracia para o mundo.

Sua inscrição, com versos do poema ‘The New Colossus’ de Emma Lazarus, é especialmente icônica:

“Dai-me os vossos cansados, os vossos pobres, as vossas massas amontoadas que anseiam respirar livres (...) Envia-me estes, os desamparados, a tempestade. Levanto a minha lâmpada junto à porta dourada.”

No entanto, Glucksmann considera que a América atual sob a administração Trump deixou de ser fiel a esses ideais.

“Hoje, esta terra está deixando de ser o que era”, lamentou em sua intervenção pública, acusando Trump de “autoritarismo” e de trair a tradição democrática americana.

A França pode recuperar a estátua?

Apesar da controvérsia midiática, o pedido carece de base legal.

A Estátua da Liberdade é propriedade do governo dos Estados Unidos e faz parte do Patrimônio da Humanidade segundo a UNESCO.

Embora simbólica, a proposta de Glucksmann reflete o crescente descontentamento de setores europeus em relação à direção que a política externa de Washington tomou sob o mandato de Trump.

Glucksmann concluiu que seu pedido é mais uma metáfora moral do que uma demanda real: “Ninguém, é claro, vai levá-la. É sua. Mas o que representa pertence a todos”, concluiu.

Perguntas Frequentes sobre a Controvérsia entre a França e os EUA pela Estátua da Liberdade

Por que o político francês Raphaël Glucksmann pediu a devolução da Estátua da Liberdade?

Raphaël Glucksmann solicitou a devolução da Estátua da Liberdade como uma crítica às políticas de Donald Trump, argumentando que os Estados Unidos "optaram por se colocar ao lado dos tiranos". Seu pedido foi mais uma metáfora moral do que uma exigência real, refletindo o desconforto europeu diante do rumo da política exterior de Washington.

Qual foi a resposta da Casa Branca ao pedido de devolver a Estátua da Liberdade?

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ridicularizou a proposta de Glucksmann e rejeitou categoricamente a devolução do monumento. Leavitt afirmou que "certamente não" se devolveria a estátua e lembrou a intervenção americana na Segunda Guerra Mundial como uma razão para que a França esteja grata aos Estados Unidos.

França tem alguma base legal para reivindicar a Estátua da Liberdade?

Não, o pedido para devolver a Estátua da Liberdade carece de fundamento legal. A estátua é propriedade do governo dos Estados Unidos e faz parte do Patrimônio Mundial segundo a UNESCO. A proposta de Glucksmann é mais simbólica, refletindo tensões diplomáticas, do que uma reivindicação legal viável.

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