Cubanos respondem a Gerardo Hernández: "Nós vamos buscando o que em Cuba não há"

"O cubano sai de Cuba em busca de prosperidade, saúde, trabalho remunerado, economia, tranquilidade, moradia digna, família estável, segurança, futuro para seus filhos. E tudo isso se consegue com LIBERDADE", respondeu um cubano ao repressivo.

Embarcação de balseros cubanos e Gerardo Hernández NordeloFoto © news.uscg.mil - Captura de tela YouTube / Presidência Cuba

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As declarações do ex-espião e atual dirigente do Comitê de Defesa da Revolução (CDR), Gerardo Hernández Nordelo, sobre a emigração cubana geraram uma onda de reações entre os cubanos nas redes sociais.

Hernández Nordelo afirmou que os cubanos não abandonam a ilha em busca de liberdade, mas sim de melhorias econômicas, o que gerou indignação entre aqueles que vivenciaram na pele a crise do país e optaram por emigrar.

Para o coordenador nacional da "chivatería de bairro", a liberdade como motivo da emigração em massa dos cubanos é um "conto". Assim foi expressado ao lado do governante Miguel Díaz-Canel e da funcionária do ministério de Relações Exteriores (MINREX), Johana Tablada de la Torre, durante a emissão do podcast 'Desde a Presidência'.

Uma nota a respeito, publicada em Facebook por CiberCuba, desencadeou uma onda de comentários de cubanos que expressaram seu desacordo e indignação com os comentários de Hernández Nordelo, a quem relembraram a dor de milhares de famílias que perderam entes queridos no mar ou em perigosas travessias, além das milhões que sofrem a dor da separação.

As respostas às suas palavras não tardaram a chegar. "O cubano deixa Cuba em busca de prosperidade, saúde, trabalho remunerado, economia, tranquilidade, moradia digna, família estável, segurança, futuro para seus filhos. E tudo isso se consegue com LIBERDADE", expressou um usuário no Facebook, em uma das respostas mais apoiadas.

Outro internauta destacou que "as famílias estão desunidas obrigatoriamente. Filhos, pais, esposos, enfim, gerações têm partido em busca de trabalho digno, liberdade, em suma, viver como seres humanos. Outros morreram nas travessias perigosas que enfrentaram tanto por terra quanto por mar, devido à desesperança que vivemos dia a dia em nosso país".

As críticas ao dirigente não se limitaram apenas às suas declarações, mas também à sua posição privilegiada dentro do sistema. "Gerardo Hernández fala a partir do conforto de sua boa vida em Cuba. Não sabe o que sofre um cubano comum. Não sabe o que é enfrentar uma fila interminável por um pouco de comida ou viver com medo de expressar o que pensa."

Alguns, inclusive, fizeram referência à sua condição de "herói" e lembraram de sua instrumentalização por parte do ditador Fidel Castro. "Se Gerardo acredita tanto na 'prosperidade' de Cuba, por que não renuncia a todos os privilégios que tem dentro do sistema e vive como um cubano comum?", questionou outro usuário.

Houve também respostas mais duras: "Senhor Gerardo, você está consciente do que diz? Quanta cinismo em suas palavras. Uma zombaria e um chantagem para todos aqueles pais e mães que perderam seus filhos no mar em busca de um futuro melhor, e aqueles que sofrem em silêncio a distância de seus entes queridos simplesmente por não ter futuro e não ter a possibilidade de escolher seu destino sem imposições ou repressão".

As reações refletiram uma profunda frustração com a realidade cubana e com as posturas do regime em relação à emigração. A afirmação de que os cubanos não fogem por falta de liberdade foi duramente criticada, com apontamentos para a repressão, a falta de direitos e a impossibilidade de melhorar a qualidade de vida na ilha.

"As pessoas não arriscam a vida por um pão com bife", acrescentou outro usuário, enfatizando que a crise na ilha é muito mais do que um problema econômico, mas também político e social.

A controvérsia continua e demonstra que, longe de acreditar no discurso oficial, os cubanos que tiveram que emigrar sabem muito bem por que tomaram essa decisão: em busca do que em Cuba não têm e não podem ter.

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