Falece Max Lesnik, jornalista e ativista ligado ao castrismo e exilado em Miami

O simpatizante da ditadura e amigo pessoal de Fidel Castro faleceu em Miami aos 94 anos de idade.

Fidel Castro e Max Lesnik na Universidade de HavanaFoto © Facebook / Max Lesnik Menendez

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O jornalista cubano Max Lesnik, conhecido por seu apoio ao regime de Havana e sua postura crítica em relação ao exílio anticastrista em Miami, faleceu nessa cidade, segundo confirmou o ex-espião da Rede Avispa e atual coordenador nacional dos Comitês de Defesa da Revolução (CDR), Gerardo Hernández Nordelo.

"Acabou de falecer em Miami o patriota Max Lesnik, protagonista ou testemunha de não poucos capítulos da nossa história. As mais profundas condolências aos seus familiares e amigos", expressou Hernández Nordelo em uma mensagem nas .

Captura de tela do Facebook / Gerardo de Los Cinco

Nascido em 1930 em Camajuaní, Villa Clara, Max Lesnik teve uma militância política precoce na Juventude Ortodoxa, onde fez amizade com figuras como Eduardo Chibás e Fidel Castro.

Embora inicialmente tenha se oposto ao golpe de Estado de Fulgencio Batista e apoiado a insurreição revolucionária, posteriormente se exilou em Miami em 1961 devido ao seu desacordo com alguns aspectos do regime comunista estabelecido na ilha.

No entanto, com o passar dos anos, Lesnik se tornou uma das vozes mais abertas a favor da normalização das relações entre Cuba e os Estados Unidos, defendendo o castrismo e criticando severamente os setores mais intransigentes do exílio cubano.

"Foi um lutador que acabou se vendendo ao castrismo. Não sei a que preço, mas já é um colaborador dos irmãos Castro", disse em 2007 o dissidente e ex-preso político Huber Matos, que foi acusado de traição e passou 22 anos na prisão antes de buscar exiliar-se nos Estados Unidos. Na entrevista, Matos assegurou que ele e muitos outros exilados cubanos tinham "tolerância zero" em relação a Lesnik.

Em 1968, fundou em Miami a revista "Réplica", um meio que se caracterizou por sua posição favorável ao governo cubano e que lhe valeu o rechazo e a hostilidade de amplos setores do exílio. Em várias ocasiões, seu escritório foi atacado e vandalizado, e Lesnik até mesmo foi vítima de atentados, o que evidenciou a polarização gerada por suas posturas políticas.

Ao longo de sua vida, manteve uma relação estreita com o governo cubano, realizando frequentes viagens à ilha e participando de encontros com altos funcionários do regime. Em Miami, liderou a Aliança Martiana, uma organização que promoveu ativamente a suspensão do embargo americano e a defesa das políticas de Havana.

Controvérsia e protestos contra ele/ela

Sua militância pró-regime em uma cidade marcada pelo exílio anticastrista lhe rendeu numerosos inimigos.

Em maio de 2023, exilados cubanos em Miami realizaram protestos contra ele, denunciando sua proximidade com o regime e seu papel na promoção de narrativas favoráveis à ditadura. Anteriormente, em 2020, a sede da Aliança Martiana, que ele presidia, sofreu ataques e vandalismo por parte de grupos opositores às suas ideias.

Asimismo, em várias ocasiões foram feitas solicitações direcionadas às autoridades de Miami para que impedissem a realização de carreatas e manifestações organizadas por Lesnik e seu grupo, acusados de provocar a comunidade exilada com sua retórica favorável ao castrismo.

Reações após seu falecimento

A morte de Max Lesnik gerou reações divergentes. Enquanto seus seguidores, tanto em Cuba quanto em certos círculos de Miami, o despedem como um "patriota" e um defensor do diálogo entre Cuba e Estados Unidos, muitos membros do exílio o lembram como uma figura polêmica, cuja postura incondicional em relação ao regime o impediu de reconhecer os crimes e as violações dos direitos humanos cometidos na ilha.

Na ilha, mídias oficialistas destacaram sua trajetória como "um amigo de Cuba" e um lutador pela causa revolucionária, enquanto no exílio prevaleceu a percepção de que Lesnik foi um propagandista do castrismo em solo americano.

Sua morte marca o fim de uma era na política de relações entre Cuba e Miami, deixando para trás um legado de confronto e debate sobre a história e o destino da nação cubana.

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