Cárceres do condado de Miami-Dade prontas para emitir ordens de deportação a reclusos

Esta medida reforça a cooperação na detenção e deportação de imigrantes com antecedentes criminais no condado.

Cárcel TGK, em Miami-Dade (Imagem de referência)Foto © Google Maps

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As prisões do condado de Miami-Dade em breve poderão começar a emitir ordens de deportação para detentos, de acordo com um acordo respaldado pela lei estadual da Flórida aprovado esta semana.

A Comissão de Miami-Dade aprovou nesta terça-feira uma resolução que permite uma maior colaboração entre as autoridades locais e o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE).

A resolução foi aprovada com um voto quase unânime, exceto o de la comissária Marleine Bastien.

Esta medida reforça a cooperação na detenção e deportação de imigrantes com antecedentes criminais no condado.

O comissário Roberto J. González, principal defensor da resolução, defendeu a iniciativa alegando que busca garantir a segurança na comunidade.

“Se alguém for preso e for um criminoso, as prisões irão trabalhar em conjunto com o ICE para garantir que os criminosos não estejam nas nossas ruas”, afirmou, em declarações recolhidas por Telemundo 51.

A política não é nova. Desde 2017, as prisões do condado têm colaborado com o ICE, entregando prisioneiros com ordens de deportação sob a administração do então prefeito Carlos Giménez.

A decisão de cooperar com o ICE foi tomada naquele momento devido a ameaças do presidente Trump de cortar fundos para as jurisdições que se recusassem a colaborar com o governo federal em questões migratórias.

Reações divididas diante da resolução

A decisão gerou fortes reações na comunidade migrante e em organizações defensoras dos direitos dos imigrantes.

Thomas Kennedy, membro da Coalizão de Migrantes da Flórida, criticou a medida, alertando para seus possíveis efeitos negativos.

“O que isso vai causar é que a confiança entre as forças policiais municipais e a comunidade continue a se deteriorar”, apontou Kennedy.

"Pessoas que sofrem e são vítimas de crimes podem ter medo de denunciar esses crimes devido à percepção que isso gera, de que serão questionadas sobre o status migratório", acrescentou em declarações coletadas pelo referido meio.

Apesar das preocupações da comunidade migrante, o comissário González insistiu que os imigrantes que não cometeram delitos não têm razões para temer.

“O imigrante não deve sentir medo, na verdade, o que está sendo feito é reafirmar que isso continuará sendo feito no condado”, disse.

Além disso, justificou a colaboração com o ICE argumentando que “existe uma extensa rede de tráfico humano na comunidade migrante criminosa que deve ser controlada”.

“O que precisamos parar são os criminosos que estão entrando aqui e, mais do que isso, precisamos frear as pessoas que se aproveitam dos imigrantes. E a única forma de fazemos isso é implementando as leis de imigração que temos”, acrescentou o comissário.

Acordo 287(g): uma formalização de práticas já existentes

Com a nova resolução, os comissários do condado aprovaram o acordo 287(g) com o ICE, permitindo designar agentes do Departamento de Prisões para executar ordens federais de deportação nas prisões locais.

Não está claro se isso aumentará o número de deportações entre os detidos no sistema penitenciário de Miami-Dade, uma vez que o condado tem cooperado com o ICE desde 2017, entregando presos com ordens de deportação.

No entanto, o novo acordo permite que as autoridades locais emitam diretamente essas ordens sem a necessidade de esperar pela intervenção presencial dos agentes federais de imigração.

O mandato de estabelecer os acordos 287(g) nas prisões locais foi aprovado pela Legislatura da Flórida em 2022.

Miami-Dade solicitou a parceria com o ICE durante a administração do presidente Joe Biden, de acordo com a documentação do Departamento de Prisiones.

Debate sobre custos e direitos dos imigrantes

A prefeita do condado, Daniella Levine Cava, afirmou na reunião de terça-feira que "a lei foi aprovada" e que sua administração está apenas cumprindo com ela.

No entanto, a comissária Marleine Bastien se manifestou contra a medida e criticou que a administração não conseguisse determinar quanto custará a implementação do acordo para os contribuintes.

“Isso obriga o condado a manter pessoas que já cumpriram sua pena por mais tempo”, destacou Bastien.

“Os imigrantes podem ser detidos porque não conseguiram pagar suas multas de trânsito. Podem ser detidos porque não pagaram a pensão alimentícia de seus filhos. Mas como são imigrantes, vamos assinar o [acordo] para mantê-los na prisão”, acrescentou.

A medida continua gerando reações divididas na comunidade, e seu impacto na segurança e nos direitos dos imigrantes em Miami-Dade seguirá sendo objeto de debate nos próximos meses.

Perguntas frequentes sobre as deportações no condado de Miami-Dade

Por que as prisões de Miami-Dade emitirã ordens de deportação?

As prisões de Miami-Dade emitirã ordens de deportação devido a um novo acordo aprovado pela Comissão de Miami-Dade. Este acordo permite uma maior colaboração entre as autoridades locais e o Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE), com o objetivo de reforçar a segurança ao deportar imigrantes com antecedentes criminais.

O que é o acordo 287(g) mencionado no contexto das deportações em Miami-Dade?

O acordo 287(g) é uma convenção que permite às autoridades locais atuarem como agentes federais de imigração, executando ordens de deportação nas prisões locais. Este acordo busca agilizar o processo de deportação sem esperar a intervenção de agentes federais, e foi aprovado como parte das novas políticas migratórias no condado de Miami-Dade.

Qual tem sido a reação da comunidade migrante diante dessas medidas?

A comunidade migrante reagiu com preocupação a essas medidas, pois acredita que isso pode prejudicar a confiança entre a comunidade e as forças policiais. As organizações que defendem os direitos dos imigrantes alertam que as pessoas podem temer denunciar crimes por medo de serem interrogadas sobre seu status migratório.

Como afeta a nova medida os imigrantes que não cometeram delitos?

Os imigrantes que não cometeram delitos não devem temer a esta nova medida, segundo o comissário Roberto J. González. A política está focada nos imigrantes com antecedentes criminais e busca combater o tráfico humano na comunidade migrante, sem afetar aqueles que não cometeram delitos.

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