Primeiro-ministro da Groenlândia responde a Trump sobre uma possível anexação aos EUA.

As palavras de Egede reforçam a posição que a Groenlândia manteve desde que Trump manifestou pela primeira vez sua intenção de adquirir a ilha em 2019.

Donald Trump (i) e Múte B. Egede (d)Foto © Collage Flickr/Gage Skidmore -Facebook/Múte B. Egede

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O presidente da Groenlândia, Múte B. Egede, respondeu de forma enérgica esta quarta-feira às recentes declarações de Donald Trump, que ontem sugeriu a anexação desse território aos EUA.

Egede respondeu reafirmando que a ilha "não está à venda" e que seu futuro será decidido pelos próprios groenlandeses, rejeitando assim qualquer tentativa de incorporação aos Estados Unidos.

"A Groelândia é nossa. Não queremos ser americanos, nem dinamarqueses, somos groenlandeses. Os americanos e seu líder precisam entender isso", escreveu Egede em sua conta no Facebook.

"Não estamos à venda e não podem nos adquirir assim, porque nosso futuro é decidido por nós na Groenlândia", acrescentou.

Sua declaração ocorre horas depois de Trump reiterar seu interesse em incorporar a ilha ártica aos Estados Unidos, alegando motivos de segurança nacional

Captura do Facebook/Múte B. Egede

Durante um discurso ao Congresso americano, Trump convidou o povo groenlandês a se unir aos Estados Unidos e enfatizou que Washington conseguirá essa incorporação "de uma forma ou de outra".

O rejeição da Groenlândia e da Dinamarca

As palavras de Egede reforçam a posição que a Groenlândia tem mantido desde que Trump manifestou pela primeira vez sua intenção de adquirir a ilha, em 2019, uma ideia que inicialmente foi encarada como uma piada, mas que com o tempo se transformou em uma preocupação real para seus habitantes.

Por sua vez, o ministro de Assuntos Estrangeiros dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, enfatizou que os groenlandeses "querem suavizar seus laços com a Dinamarca", e que se está trabalhando em prol de uma relação "mais igualitária".

Sin embargo, descartou qualquer intenção da Groenlândia de se integrar aos Estados Unidos: "Não tenho ideia de que queiram fazer isso para se integrar aos Estados Unidos".

O ministro da Defesa dinamarquês, Trouls Lund Poulsen, também reagiu com firmeza às declarações de Trump.

"Isso não vai acontecer. A direção que a Groenlândia deseja seguir será decidida pelos groenlandeses.", afirmou em declarações ao meio público DR.

O interesse estratégico dos EUA na Groenlândia

Trump expressou em diversas ocasiões seu desejo de que a Groenlândia passe a fazer parte dos Estados Unidos, argumentando sua importância estratégica no Ártico e seu potencial em recursos minerais e energéticos ainda não explorados.

Na sua rede social, Truth Social, o ex-presidente afirmou recentemente que "a propriedade e o controle da Groenlândia são uma necessidade absoluta por motivos de segurança nacional e liberdade em todo o mundo".

Algumas fontes indicam que incluso chegou a considerar a possibilidade de usar a força militar para garantir a influência americana na região.

O secretário de Estado dos EUA, por sua vez, mencionou a possibilidade de ampliar a cooperação em matéria de segurança com a Groenlândia, Dinamarca e outros países nórdicos.

No entanto, qualquer decisão sobre o futuro político da Groenlândia dependeria exclusivamente de seus cidadãos.

O processo de autodeterminação groenlandês

Groenlândia, com uma população de menos de 57.000 habitantes distribuídos em 2,2 milhões de quilômetros quadrados, possui um Estatuto de Autonomia desde 2010, que reconhece seu direito à autodeterminação.

Todas as forças políticas com representação parlamentar apoiam a independência, embora difiram na estratégia para alcançá-la.

Enquanto o partido do presidente Egede, Inuit Ataqatigiit (IA), e o Siumut defendem a construção de uma base econômica sólida antes de dar o passo para a independência, outras formações como Naleraq, advogam por um processo mais rápido, inclusive por meio de um tratado de associação com os Estados Unidos.

Sin embargo, nenhuma destas propostas contempla a venda da Groenlândia a uma potência estrangeira.

A economia da Groenlândia depende em grande parte da ajuda dinamarquesa, que representa 40% de sua receita, e tem na pesca sua principal atividade econômica, com 90% de suas exportações vinculadas a esse setor.

Com as eleições autonômicas previstas para a próxima terça-feira, 11 de março, o Parlamento da Groenlândia aprovou medidas para evitar ingerências estrangeiras nas eleições, como a proibição de doações anônimas ou estrangeiras aos partidos políticos.

Perguntas frequentes sobre o interesse de Trump na Groenlândia e a resposta da Groenlândia

Por que Donald Trump está interessado em comprar a Groenlândia?

Donald Trump está interessado na Groenlândia devido à sua importância estratégica no Ártico e seu potencial em recursos minerais e energéticos ainda não explorados. Além disso, ele argumentou que o controle da ilha é uma necessidade por motivos de segurança nacional. A localização geográfica da Groenlândia também é vista como estratégica para a defesa global dos Estados Unidos.

Qual foi a resposta da Groenlândia à proposta de Trump?

O primeiro-ministro da Groenlândia, Múte B. Egede, respondeu de forma contundente afirmando que a ilha "não está à venda". Egede enfatizou que o futuro da Groenlândia será decidido por seus próprios habitantes e rejeitou qualquer tentativa de anexação aos Estados Unidos, reafirmando a identidade e autonomia groenlandesas.

Que postura a Dinamarca adotou em relação ao interesse de Trump na Groelândia?

O governo dinamarquês rejeitou categoricamente qualquer possibilidade de venda da Groenlândia para os Estados Unidos. A Dinamarca apoia a autonomia da Groenlândia e trabalha em direção a uma relação mais igualitária, descartando qualquer intenção da ilha de se integrar aos Estados Unidos.

Como poderia o interesse dos Estados Unidos na Groenlândia afetar sua autonomia?

O interesse dos Estados Unidos pode colocar em risco a autonomia da Groenlândia se houver pressões para sua anexação ou controle. No entanto, o governo da Groenlândia deixou claro sua intenção de manter sua autonomia e decidir seu futuro de forma independente, contando com o apoio da Dinamarca nesse sentido.

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