"Devo agradecer a Fidel?": Cubana com câncer denuncia sua realidade enquanto cozinha com lenha

María Julia Gómez Pérez, uma cubana com câncer, denuncia a falta de apoio do governo ao se ver obrigada a cozinhar com lenha por não receber gás liquefeito, em meio a apagões e uma crise energética.


Uma mulher cubana identificada como María Julia Gómez Pérez, residente em Santa Clara, denunciou através de um vídeo nas redes sociais a precária situação em que sobrevive enquanto enfrenta um câncer com metástase. Nas imagens, ela é vista cozinhando com lenha, soprando o fogo com um pedaço de papelão para preparar a comida de sua mãe de 89 anos e de sua irmã acamada.

"Aqui estou, já cozinhei o prato principal e agora estou fazendo um pouquinho de arroz congrís para dar à minha mãe e à minha irmã. Mas esta mulher que você vê cozinhando tem câncer de mama, tem metástase no quadril, na coluna, o fígado cheio de tumores e acho que também nos pulmões", relatou.

Gómez Pérez denunciou que, apesar de sua condição de saúde, o governo cubano não lhe concedeu acesso ao gás liquefeito, o que a obriga a cozinhar de maneira rudimentar, expondo-se a fumos tóxicos. "A quem eu posso agradecer? A Fidel, a Raúl, a Díaz-Canel? Não me querem dar o gás prioritário e eu tenho direito", exclamou.

A seu delicado estado de saúde se soma a responsabilidade de cuidar da mãe de 89 anos e da irmã acamada, o que agrava sua situação. "Preciso me alimentar, mas também tenho que alimentar minha mãe e minha irmã acamada", disse com frustração. Ela também falou da dor física e emocional que enfrenta: "Estou aqui há uma hora ou duas fazendo isso. Levantei de madrugada para amolecer os feijões e quando estavam prontos para fazer o arroz com feijão à tarde, a energia acabou", disse visivelmente desesperada.

Seu testemunho gerou um forte impacto nas redes sociais, onde centenas de pessoas expressaram sua solidariedade e condenaram a falta de apoio governamental. "Deus tenha misericórdia do nosso país", comentou um usuário. "O povo de Cuba já não vive, apenas sobrevive", acrescentou outro. "O gordo do presidente se divertindo enquanto o povo morre", escreveu um internauta com indignação. "Compartilhem este vídeo, que o mundo veja o sofrimento de Cuba", sugeriu outro comentário. "Meu respeito e admiração por essa mulher, uma verdadeira lutadora", expressou um usuário. "Que Deus coloque sua mão, já não aguentamos mais", acrescentou outro.

Um reflexo da crise cubana e da precariedade que o povo enfrenta

O caso de María Julia Gómez Pérez se junta à crescente onda de denúncias sobre a crise energética e social que atravessa Cuba. Nos últimos meses, os apagões prolongados têm afetado milhares de famílias, algumas das quais tiveram que recorrer ao uso de lenha ou carvão devido à falta de gás liquefeito.

Este jueves, a União Elétrica de Cuba relatou um déficit de geração elétrica superior a 1.500 MW, o que gerou cortes de eletricidade de até 24 horas diárias em várias províncias. A imprensa oficialista, longe de reconhecer a gravidade da situação, tentou minimizar o problema, chegando até a romantizar os apagões como uma oportunidade para "recuperar costumes perdidos".

Casos como o de Izzy (@izzys33), uma jovem cubana que compartilhou no TikTok a dificuldade de cozinhar com um reverberador de álcool durante uma queda de energia, evidenciam o impacto desta crise na vida cotidiana dos cidadãos.

Enquanto isso, o governo cubano implementou medidas insuficientes, como a entrega de lenha em algumas áreas para atenuar a crise. No entanto, essas ações não conseguiram resolver as carências que afetam a maioria da população, especialmente os setores mais vulneráveis, como os doentes, os idosos e as crianças.

O testemunho de Gómez Pérez é mais uma demonstração da desesperação que muitos cubanos enfrentam, que lidam não apenas com doenças graves, mas também com a extrema precariedade em um país onde a escassez e a falta de acesso a necessidades básicas continuam a marcar a realidade do dia a dia.

Perguntas Frequentes sobre a Crise Energética e Social em Cuba

Qual é a situação atual da crise energética em Cuba?

A crise energética em Cuba se agravou devido a um déficit na geração de eletricidade que provocou apagões prolongados, afetando milhares de famílias. Esses cortes de eletricidade obrigam a população a recorrer a métodos rudimentares como cozinhar com lenha ou carvão, expondo-os a riscos de saúde e deteriorando sua qualidade de vida. O déficit na geração de eletricidade ultrapassou os 1.500 MW, causando interrupções de até 24 horas diárias em várias províncias.

Como a escassez de gás liquefeito afeta a população cubana?

A falta de gás liquefeito obrigou numerosas famílias a usar lenha para cozinhar, um método que se acreditava superado. Essa escassez se deve a dificuldades financeiras e problemas de distribuição que têm impedido o fornecimento adequado de cilindros de gás. A situação é especialmente crítica em províncias como Matanzas, onde a demanda supera a capacidade de distribuição.

Que medidas o governo cubano tomou para enfrentar a crise energética?

O governo cubano implementou algumas medidas, como a distribuição de lenha em certas áreas, para minimizar a falta de gás e eletricidade. No entanto, essas ações têm sido insuficientes para resolver as carências que afetam a maioria da população. As soluções propostas não conseguiram satisfazer a demanda nem oferecer garantias básicas aos cidadãos.

Como a crise está afetando as pessoas mais vulneráveis em Cuba?

A crise energética e de suprimentos impacta gravemente os setores mais vulneráveis da população cubana, como os enfermos, idosos e crianças. A falta de recursos básicos e a exposição a fumos tóxicos ao cozinhar com lenha agravam a situação de saúde de pessoas com condições preexistentes. A escassez de recursos essenciais está piorando as condições de vida dos mais necessitados.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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