Carlos Lazo acusa o regime de bloquear a ajuda direta a hospitais de Cuba

Carlos Lazo, líder de "Puentes de Amor", denuncia que o regime cubano bloqueia a entrega direta de insumos médicos a hospitais, tensionando sua relação com o governo de Havana.

Carlos LazoFoto © Facebook Carlos Lazo

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O ativista cubano-americano Carlos Lazo, conhecido por sua liderança no projeto "Puentes de Amor", denunciou que as autoridades cubanas impõem restrições para a entrega direta de insumos médicos e leite em pó a hospitais pediátricos da ilha.

Em um comunicado em suas redes sociais, Lazo assegurou que o regime está dificultando o trabalho humanitário que sua organização vem realizando há anos em benefício da população cubana.

"Já 'Puentes de Amor' não pode visitar os hospitais pediátricos cubanos", afirmou. Este problema vem ocorrendo há meses, mas os ativistas continuam "concentrados na tarefa de levar doações a Cuba", apesar de haver uma "regulamentação misteriosa" que os proíbe de visitar os centros médicos.

Facebook Carlos Lazo

A denúncia de Lazo marca uma mudança em seu discurso, após anos sendo percebido como um aliado do governo cubano em sua cruzada contra o embargo americano.

Desde a fundação de "Puentes de Amor", Lazo defendeu a suspensão das sanções econômicas e manteve reuniões com representantes do governo em Havana, incluindo uma audiência com Miguel Díaz-Canel em 2021. No entanto, a atual proibição de acesso a hospitais parece ter tensionado essa relação.

"Quando visitávamos os hospitais, além de documentar a entrega, podíamos constatar de perto as dificuldades provocadas pelo bloqueio. (...) Ao que parece, o extremismo, a suspeita e o silenciamento contra nós não são apenas um fenômeno de Miami. Em Cuba, também ocorrem coisas que desanimam e ofendem aqueles que lutam pela família cubana", disse o ativista.

De defensor do governo a crítico: Uma mudança de postura

A evolução de Lazo como figura pública é complexa. Em 2022, seu apoio aberto ao levantamento do embargo, suas visitas a Cuba e seus encontros com o governo cubano geraram fortes críticas do exílio em Miami.

A comunidade cubana na Flórida organizou uma campanha na Change.org que reuniu mais de 10 mil assinaturas para declará-lo "persona non grata", acusando-o de ser um defensor do regime.

Marco Rubio, que na época era senador republicano por Florida, solicitou uma investigação do FBI sobre os possíveis vínculos de "Puentes de Amor" com o governo cubano, argumentando que agiam como "agentes estrangeiros não registrados".

Lazo sempre negou essas acusações, insistindo que sua única lealdade era com a família cubana e não com nenhuma agenda política. No entanto, a recente proibição de acesso a hospitais parece ter mudado sua perspectiva.

"Não é justo que cubanos emigrados dignos se sacrifiquem tanto para depois serem tratados assim. Não é justo que esses ativistas que enfrentam ameaças, ofensas e perigos em Miami cheguem a Cuba e sejam tratados como párias. Nem lá nem aqui posso permanecer indiferente quando se desmerece e se silencia o esforço de homens e mulheres que dão tanto por seu povo e pela família cubana", lamentou Lazo.

Desencontro com Havana: Os Pontes do Amor Colapsam?

Lazo denunciou que, além de impedir que ele entregasse donativos diretamente, as autoridades cubanas orientaram amigos e instituições na ilha para que não colaborassem com seu projeto.

"Essa situação temos tentado esclarecer em vários níveis, com instituições e funcionários. As respostas são evasivas. As instituições e os burocratas com quem tentamos esclarecer a confusão nos afirmam que 'não acontece nada', mas os desrespeitos, a falta de educação e até os maus-tratos verbais que nossos ativistas têm recebido mostram o contrário", explicou.

Lazo continua rejeitando o embargo e advogando pela normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos, mas agora colocou o foco em "o bloqueio interno" do regime cubano.

"Nem regulações, nem incompreensões, nem obstáculos nos impedirão de continuar impulsionando esta obra. Esta é uma obra de amor. O amor é imperecível. A família cubana sairá em frente!", concluiu em seu comunicado.

Este giro na narrativa de Lazo deixa claro que sua crítica se estende tanto às sanções americanas quanto às barreiras impostas pelo governo de Miguel Díaz-Canel. O ativista volta a se posicionar em uma suposta posição neutra, como uma figura incômoda para ambos os extremos do espectro político cubano.

Perguntas frequentes sobre a denúncia de Carlos Lazo e a situação da ajuda humanitária a Cuba

Por que Carlos Lazo acusa o regime cubano de bloquear ajuda humanitária?

Carlos Lazo denuncia que o regime cubano impõe restrições para a entrega direta de insumos médicos e alimentos a hospitais pediátricos, obrigando que as doações fiquem no aeroporto e proibindo o acesso aos centros médicos. Essa situação, segundo Lazo, obstrui seu trabalho humanitário e reflete um "bloqueio interno" do governo cubano.

Qual tem sido a mudança de postura de Carlos Lazo em relação ao governo cubano?

Carlos Lazo, que antes era percebido como um aliado do governo cubano devido à sua defesa da suspensão do embargo americano, mudou sua posição e agora critica o regime pelas restrições impostas ao seu projeto humanitário. Essa mudança em sua narrativa reflete seu descontentamento com os obstáculos internos do governo de Miguel Díaz-Canel.

Como o governo cubano reagiu às críticas de Carlos Lazo?

O governo cubano não deu respostas claras às denúncias de Carlos Lazo e, segundo o ativista, as instituições e funcionários têm oferecido respostas evasivas. Lazo afirma que seus ativistas têm recebido desdenhos e maus-tratos verbais, o que indica uma falta de vontade do regime em colaborar com seu projeto.

Qual é o impacto do embargo americano na situação humanitária em Cuba?

O regime cubano afirma que o embargo dos Estados Unidos é responsável pela escassez de bens essenciais na ilha. No entanto, o governo americano reiterou que o embargo permite a exportação de alimentos e produtos médicos para Cuba. A situação se complica pelas próprias restrições internas do regime cubano, que impedem uma distribuição eficiente da ajuda humanitária.

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