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Médicos cubanos deslocados pelo regime de Havana para Angola denunciam que a empresa Antex, responsável por gerenciar sociedades anônimas ligadas à GAESA nesse país africano, reduziu pela metade, "desde há meses", o estipêndio de 200 dólares que lhes era pago mensalmente para alimentação devido à falta de liquidez nas contas da empresa.
No contrato assinado em Cuba, a Antex comprometeu-se com o pessoal médico a pagar um salário de 1.200 dólares por mês, dos quais, 1.000 são depositados em forma de MLC nos cartões bancários que os médicos possuem na Ilha e os outros 200 são entregues em mãos para a sua manutenção. Mas uma vez na África, as condições mudaram sem a devida modificação do contrato e em vez de 200 em mãos, receberam 100 e disseram que os cem que faltam iriam para o cartão MLC.
Esta situação se deve, conforme explicaram representantes da Antex aos afetados, ao fato de não terem dinheiro e, embora ninguém proteste, a situação gerou um desconforto que se agravou em novembro passado, quando nem mesmo pagaram os 100 que eram devidos para a alimentação.
"Já aconteceu mais de uma vez e sempre dizem a mesma coisa: 'Não há dinheiro e não posso te pagar'," reclama uma pessoa prejudicada.
"Com 100 dólares, você pode comprar carne, arroz; você pode comprar comida, mas é de forma apertada. Você come, mas sem luxos nem prazeres de qualquer tipo. É uma corda bamba em que se vive. Você tem que escolher se investe dinheiro no celular ou se economiza para levar algo na mala quando vai de férias ver a família", acrescenta.
O que mais incomoda, em geral, é que os chefes da "missão" vivem em hotéis em Luanda e têm garantida a comida, a higiene e as necessidades básicas. O restante só tem garantida a hospedagem. Todo o resto tem que pagar do próprio bolso e, quando a Antex não paga, precisam pedir dinheiro emprestado e, às vezes, quando não têm para comer, acabam tomando "chá com pão".
Outro dos temas que preocupam os médicos é o recebimento de seus salários em MLC, uma moeda que o próprio regime desvalorizou ao abrir lojas mais abastecidas em dólares.
"Não sabemos para onde vai parar o dinheiro que Angola ingressa pelo nosso trabalho nos hospitais. Vá você saber aonde isso vai. Dos 5.000 dólares que Angola paga por cada médico, mil são colocados em Cuba em cartão MLC, mas ninguém quer mais os MLC porque você entra em uma loja em dólares e em uma MLC e é como 'O Príncipe e o Mendigo'", reclama uma pessoa entrevistada pela CiberCuba.
Os médicos designados em Angola assinam um contrato de dois anos, que permite prorrogações. "Você pode ir a Cuba sempre que termina um ano e pode solicitar a prorrogação até atingir o limite de cinco anos. Não permitem que você continue porque, após cinco anos, você tem direito a iniciar os trâmites para a residência em Angola. Antes que isso aconteça, nos tiram daqui", conclui esta pessoa afetada.
Escravidão moderna
A Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu denúncias sobre a exploração de médicos cubanos em missões internacionais. Em 2019, especialistas em direitos humanos da ONU alertaram sobre condições de trabalho abusivas, que incluem a retenção de salários, vigilância extrema e restrições de mobilidade. Aqueles que abandonam essas missões podem enfrentar represálias severas, como a proibição de retornar a Cuba por oito anos. Essas práticas podem ser consideradas uma forma de escravidão moderna e trabalho forçado segundo padrões internacionais.
El ano passado, a congressista americana María Elvira Salazar promoveu uma resolução bipartidária para condenar o tráfico de médicos cubanos, descrevendo as missões como um sistema de exploração sob o controle do regime cubano. Nesse sentido, denunciou que os profissionais de Saúde são enviados ao exterior em condições precárias, sem liberdade de movimento e com grande parte de seu salário confiscado.
Essas acusações geraram preocupação na comunidade internacional, que pede uma revisão profunda dessas missões médicas e exige medidas para garantir os direitos fundamentais dos trabalhadores da saúde cubanos.
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