O diário britânico The Times descreve a realidade de Cuba: "Um país em ruínas, onde as pessoas passam fome."

"Os governantes dirão que o sonho revolucionário continua vivo. Mas para os cubanos comuns afetados pelo aumento dos preços dos alimentos, nunca pareceu mais distante."

Edifício em ruínas em HavanaFoto © CiberCuba

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Uma jornalista do jornal britânico The Times visitou Cuba e compartilhou sua experiência em um artigo intitulado "Dentro de uma Cuba faminta e em ruínas, onde uma em cada dez pessoas fugiu".

Louise Callaghan descreveu a realidade do país, onde as pessoas comuns vivem e pensam de maneira muito diferente das elites no poder.

"Perguntem aos governantes da ilha e eles dirão que o sonho revolucionário continua vivo. Mas para os cubanos comuns afetados pelo aumento dos preços dos alimentos, nunca pareceu tão distante", expressou.

A jornalista ressalta que, após 66 anos, muitos cubanos afirmam que suas vidas estão piores do que nunca e que os governantes comunistas estão se tornando cada vez mais paranóicos e repressivos.

"O governo ainda tenta projetar ao mundo exterior uma imagem desinfetada de um paraíso socialista. Mas, na realidade, este é um país onde as pessoas passam fome, onde diplomatas e professores aposentados dependem que seus filhos que vivem no exterior enviem dinheiro para poder comer," ressaltou.

O artigo enfatiza as pequenas localidades, onde só restam "os muito pobres, os enfermos, os idosos e os especialmente patriotas".

A jornalista visitou a cidade de San Felipe, a uma hora e meia de Havana, onde de uma população de 2.000 habitantes, apenas permanecem agora aqueles que não podem sair.

"Na praça principal, as únicas pessoas que estão lá são uma mulher sentada em um banco à sombra da igreja em ruínas e um grupo de cinco homens agachados no alpendre de uma antiga mansão, tentando consertar uma bicicleta com um martelo. Tudo está vazio", descreveu.

A reportagem aborda outros temas, como os altos preços dos alimentos em relação aos baixos salários, o deterioro de setores outrora muito famosos, como o da saúde e o da educação, e a repressão do governo que mantém nas prisões centenas de presos políticos.

O texto conclui que essa crise, originada pelas sanções internacionais e pela má gestão do Estado, provocou um êxodo massivo, especialmente de jovens, e lembra que entre 2022 e 2023 um em cada dez cubanos —quase um milhão— abandonou o país, na sua maioria com destino aos Estados Unidos.

"Uma vez, a ameaça à revolução cubana não é uma invasão apoiada pelos Estados Unidos nem o colapso da União Soviética, mas um lento desmantelamento do futuro de Cuba à medida que os jovens abandonam suas perspectivas", assegura a autora da publicação.

Perguntas frequentes sobre a situação atual em Cuba

Qual é a situação econômica atual em Cuba?

A situação econômica em Cuba é crítica, marcada por uma séria escassez de produtos básicos, inflação e um êxodo em massa da população. Os preços dos alimentos aumentaram significativamente, enquanto os salários continuam baixos, o que dificulta o acesso a bens essenciais. Além disso, a falta de reformas estruturais e a centralização econômica perpetuaram a dependência de ajuda externa.

Como a crise afeta a vida cotidiana dos cubanos?

A crise afeta todos os aspectos da vida cotidiana em Cuba, desde a alimentação até o acesso a serviços básicos. A escassez de alimentos e medicamentos é severa, obrigando muitos cubanos a depender de remessas enviadas por familiares no exterior. As quedas de energia constantes e a falta de infraestrutura adequada agravam ainda mais a situação, gerando um ambiente de insalubridade e descontentamento generalizado.

Qual é a situação do turismo em Cuba em meio à crise?

Apesar da promoção do governo cubano, o turismo em Cuba está em crise. As ruas turísticas estão desertas e os serviços para turistas são limitados devido à escassez de recursos e os apagões. Embora tenham sido feitos investimentos em novos hotéis, não conseguiram atrair visitantes suficientes, refletindo uma desconexão entre as expectativas do governo e a realidade que o país enfrenta.

Qual é o papel das ajudas humanitárias na situação atual de Cuba?

As ajudas humanitárias, como as doações de alimentos e medicamentos, são cruciais para aliviar temporariamente a escassez em Cuba. No entanto, essas ajudas não resolvem os problemas estruturais do país, que requerem reformas econômicas profundas. A narrativa oficial tende a culpar o embargo estadunidense por essas carências, embora muitos críticos apontem a ineficiência e a má gestão interna como causas principais.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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