Repressão em Cuba: Arrestam opositores que iam ao velório de uma Dama de Branco

A Segurança do Estado prendeu opositores em Havana que tentavam assistir ao velório da Dama de Branco Yolanda Santana, falecida nesta quarta-feira. A Berta Soler, líder do movimento feminino, teve proibido pelos agentes de usar roupa branca para comparecer ao funeral.

Ángel Moya, Berta Soler e Marieta MartínezFoto © Facebook/María Cristina Labrada

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Agentes da Segurança do Estado e da Polícia prenderam nesta quarta-feira em Havana vários opositores cubanos quando se dirigiam ao funeral da Dama de Branco e ex-prisioneira política Yolanda Santana Ayala, que faleceu na madrugada de uma parada respiratória.

Berta Soler Hernández, líder das Damas de Blanco; Marieta Martínez e María Mercedes Benítez, integrantes desse movimento opositor, e Ángel Moya Acosta, prisioneiro político, estavam a caminho da funerária localizada em La Palma, no município Arroyo Naranjo, para dar o último adeus a Santana, quando foram interceptados por forças repressivas do regime, por volta das 10:30 da manhã.

No momento da detenção, Soler falou por telefone com a também Dama de Branco María Cristina Labrada, que a ouviu dizer que “como era possível, que vão à funerária”, antes que a ligação fosse interrompida, de acordo com uma denúncia publicada no Facebook.

Captura de Facebook/María Cristina Labrada

Depois de ser libertada, Soler declarou ao meio independente Cubanet que haviam sido presos por duas patrulhas da Polícia e um carro do Ministério do Interior, na rua Infanta, e foram conduzidos, separadamente, à 4ª Unidade de Polícia no Cerro e à estação de Aguilera, em 10 de Outubro.

Nesta última unidade, relatou Soler, foi levada a uma sala de reuniões, onde um agente da polícia política a advertiu que não lhe permitiriam assistir ao velório vestida de branco, justamente a cor que identifica o conhecido movimento feminino de protesto pelos presos políticos em Cuba.

“O agente da Segurança do Estado entrou imediatamente e me disse que estou vestida de branco, que é uma forma de provocação, que não posso ir vestida de branco ao funeral da minha irmã Yolanda Santana Ayala”, denunciou Soler.

Diante da ação repressiva, a oposicionista afirmou: "Eu nunca faço isso, mas meu objetivo é chegar lá, e sim, eu vou tirar a roupa branca e vou para lá, porque, no final, ser Dama de Branco eu tenho dentro de mim, e não é apenas a roupa que define se sou ou não uma Dama de Branco."

Captura de Facebook/María Cristina Labrada

Em outro post no Facebook, Labrada também reagiu à medida de repressão arbitrária do regime: “[Soler] sairá vestida com outra cor, sem perder nossas ideias e princípios”, e acrescentou que o objetivo é acompanhar a família de Yolanda Santana e “verla pela última vez”.

“Vestidas de qualquer cor somos e seremos Damas de Branco, orgulho da nossa irmã falecida. QEPD Yoly, que você tenha luz eterna e onde quer que esteja, saiba que sempre te lembraremos”, destacou Labrada em sua publicação, que acompanhou de uma foto na qual aparece ao lado da falecida Santana e Soler.

Yolanda Santana Ayala faleceu na madrugada desta terça-feira no Hospital “Julio Trigo” de Havana, devido a uma parada respiratória. Sua morte representa uma perda significativa para a dissidência e o movimento de direitos humanos em Cuba.

O corpo de Santana está sendo velado na funerária Arroyo (antiga Mauline), em La Palma, Arroyo Naranjo.

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