EUA iniciam plano de Trump para enviar 30 mil imigrantes para a base de Guantánamo

A Casa Branca justifica a medida como uma estratégia para gerir a crise migratória, impulsionada pelo plano de deportações levado a cabo pela atual administração.


O governo dos Estados Unidos começou a implementar um plano impulsionado pela administração de Donald Trump para transferir até 30 mil migrantes para a Base Naval de Guantánamo, em Cuba. A medida busca aliviar a pressão sobre os centros de detenção em território americano e vai se concentrar em abrigar migrantes irregulares acusados de crimes.

O secretário do Departamento de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, informou na quinta-feira que sua agência está coordenando esforços para habilitar uma área dentro da base para esse propósito.

“Estamos dispostos a apoiar a diretiva do presidente para garantir que tenhamos um lugar para os criminosos ilegais violentos quando forem deportados do país”, declarou Hegseth em um vídeo publicado em suas redes sociais.

A ordem executiva, assinada por Trump na quarta-feira, instruí o Departamento de Defesa e o Departamento de Segurança Interna a “tomar todas as medidas adequadas para expandir o Centro de Operações Migratórias da Estação Naval da Baía de Guantánamo até sua capacidade máxima para fornecer espaço de detenção adicional para estrangeiros criminosos de alta prioridade”.

Durante a assinatura do documento, Trump informou que os EUA possuem cerca de 30.000 leitos em Guantánamo para abrigar aqueles que considera "os piores imigrantes ilegais criminosos que ameaçam o povo americano".

A Casa Branca justifica a medida como uma estratégia para gerir a crise migratória, impulsionada pelo plano de deportações realizado pela atual administração.

"Alguns deles são tão perigosos que nem confiamos que os países os retenham porque não queremos que voltem, então os enviaremos para Guantánamo. Isso dobrará nossa capacidade imediatamente, não é? E é difícil. É um lugar difícil de onde sair. As assinaturas de hoje nos aproximam um passo mais de erradicar o flagelo da criminalidade migratória em nossas comunidades de uma vez por todas", declararam.

O governo cubano classificou como uma "brutalidade" a decisão. O governante, Miguel Díaz-Canel, expressou em suas redes sociais: "Em um ato de brutalidade, o novo governo dos EUA anuncia o encarceramento na Base Naval de Guantánamo, localizada em território de Cuba ilegalmente ocupado, de milhares de migrantes que expulsa forçosamente, os quais serão colocados junto às conhecidas prisões de tortura e detenção ilegal".

Também o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, se manifestou sobre o assunto, afirmando que "a decisão do governo dos EUA de encarcerar migrantes na Base Naval de Guantánamo, em um local onde foram criados centros de tortura e detenção indefinida, demonstra desprezo pela condição humana e pelo Direito Internacional".

Rodríguez lembrou que essa porção de terra no extremo oriental da ilha é um "território de Cuba ilegalmente ocupado fora da jurisdição dos tribunais dos EUA."

A Base Naval de Guantánamo é um território controlado pelos Estados Unidos no sudeste de Cuba. Ela está localizada na Baía de Guantánamo e ocupa aproximadamente 117 km². Sua história é marcada por disputas geopolíticas, sua utilização como centro de detenção e sua influência nas relações entre Cuba e os EUA.

Em 1903, os EUA e o governo cubano assinaram um arrendamento perpétuo da base por 4.085 dólares anuais, através do Tratado Cubano-Americano. O acordo foi reafirmado em 1934 com a Emenda Platt, mas só pode ser revogado se ambas as partes concordarem.

Desde 1959, Cuba considera a base como um território ocupado ilegalmente e se recusa a aceitar os pagamentos de arrendamento.

A base foi utilizada para múltiplos fins militares, mas desde 2002 se tornou notória por abrigar a prisão de Guantánamo, onde os EUA detiveram supostos terroristas após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Denunciou-se o uso de tortura e detenção indefinida, o que gerou críticas de organismos internacionais e grupos de direitos humanos.

Apesar dos tentativas de várias administrações para fechar a prisão, continua em funcionamento com uma população reduzida de detidos.

Perguntas frequentes sobre o plano migratório de Trump e o uso de Guantánamo

Qual é o objetivo do plano de Trump para enviar migrantes a Guantánamo?

O objetivo principal do plano é aliviar a pressão sobre os centros de detenção nos EUA ao trasladar migrantes acusados de crimes para a Base Naval de Guantánamo. Busca-se gerenciar a crise migratória e abrigar estrangeiros considerados de alta prioridade para deportação.

Como o governo cubano reagiu a este plano?

O governo cubano qualificou a decisão como uma "brutalidade". As autoridades cubanas criticam o uso da Base Naval de Guantánamo, que consideram um território ocupado ilegalmente, para encarcerar migrantes expulsos dos EUA, destacando que isso demonstra um desrespeito pelos direitos humanos e pelo Direito Internacional.

O que é a Laken Riley Act mencionada no contexto do plano migratório?

A Lei Laken Riley é uma norma que busca reforçar o controle da imigração ilegal nos EUA. Nomeada em homenagem a uma vítima de um crime cometido por um imigrante ilegal, esta lei permite a detenção e deportação de imigrantes acusados de crimes graves, mesmo antes de uma condenação judicial, e faz parte do arcabouço legal para o plano de transferir migrantes para Guantánamo.

Quais são os antecedentes da Base Naval de Guantánamo em relação a detenções?

A Base Naval de Guantánamo já foi utilizada anteriormente como centro de detenção no âmbito da guerra ao terrorismo. Desde 2002, tem abrigado presuntos terroristas, gerando críticas pelo uso de tortura e detenção indefinida. A base tem sido um ponto de conflito nas relações Cuba-Estados Unidos, sendo considerada por Cuba como um território ocupado ilegalmente.

Arquivado em:

Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.