O regime cubano negou novamente a presença em Cuba de bases de espionagem eletrônica vinculadas à China, após a divulgação na segunda-feira de um relatório sobre o aumento das estações com esse objetivo, incluindo uma nova instalação a cerca de 70 milhas da base naval dos Estados Unidos em Guantánamo.
Uma investigação realizada por especialistas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), sediado em Washington, publicada em 1 de julho, acompanhou um relatório do Wall Street Journal do ano passado que revelou negociações entre China e Cuba para fortalecer laços em defesa e inteligência, incluindo a criação de uma nova estação conjunta de treinamento militar e espionagem na ilha.
No entanto, numa breve declaração publicada na rede social X, o vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Carlos Fernández de Cossío, voltou a negar a existência de estações de escuta em bases militares chinesas na ilha, e afirmou que o Wall Street Journal "persiste em lançar uma campanha de intimidação relacionada com Cuba".
Segundo o diplomata cubano, o jornal, "sem citar fonte verificável ou mostrar evidências, busca assustar o público com lendas sobre bases militares chinesas que não existem e ninguém viu".
Na mesma linha, a subdiretora-geral do Departamento de Estados Unidos do MINREX, Johana Tablada de la Torre, afirmou que o jornal americano "mente, favorecendo interesses especiais para retratar Cuba como a ameaça que não é, reciclando, sem evidência, mentiras sobre inexistentes bases chinesas em Cuba".
A funcionária também disse que "parece fácil esquecer os mapas reais das bases militares dos Estados Unidos, começando pela base ilegal em Guantánamo, em Cuba".
Desde que em junho de 2023 ressurgiram as afirmações da existência de uma base chinesa de espionagem em território cubano, o regime reagiu com várias declarações nas quais qualificou tais assertivas como falsas.
O chanceler Bruno Rodríguez Parrilla insistiu que não há qualquer base chinesa de espionagem em Cuba e afirmou que eram falsas as declarações do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a esse respeito.
Também Fernández de Cossío negou que houvesse um acordo militar entre ambos os países para a instalação de uma suposta base de espionagem. "Uma informação totalmente falsa e infundada", advertiu.
No entanto, um ano e um mês depois, imagens de satélite e informações de fontes abertas avaliadas pelo CSIS "oferecem uma visão sem precedentes de quatro locais ativos em Cuba capazes de realizar operações de vigilância eletrônica".
O relatório do centro de estudos evidenciou que as "imagens captadas do espaço mostram o crescimento das estações de escuta eletrônica em Cuba que se acredita estarem vinculadas à China" e publicou fotos que incluem "uma nova construção em um local não informado anteriormente a cerca de 70 milhas da base naval dos Estados Unidos na Baía de Guantánamo".
A inteligência de sinais (SIGINT) é um elemento central da espionagem moderna e interceptar sinais transmitidos tanto por atores civis como militares pode fornecer aos países informações valiosas sobre seus adversários, concorrentes e aliados igualmente.
Os especialistas do CSIS afirmam que "a proximidade de Cuba com o sul dos Estados Unidos e o Caribe a torna um local privilegiado para coletar informações SIGINT sobre a região".
Para Pequim, ter acesso às capacidades SIGINT em Cuba abriria uma importante janela de inteligência inacessível a partir do interior do território chinês", adverte o estudo.
Em junho do ano passado, a administração de Joe Biden confirmou a existência de uma base de espionagem eletrônica chinesa em Cuba, mas esclareceu que se trata de um problema de conhecimento dos Estados Unidos e afirmou que a instalação está em operação desde pelo menos 2019.
O CSIS argumentou nesta segunda-feira que "Cuba tem uma longa história de ser sede de operações de espionagem estrangeiras dirigidas contra os Estados Unidos", lembrando que "durante a Guerra Fria, a União Soviética operava seu maior centro de inteligência no exterior no Complexo de Inteligência de Sinais de Lourdes".
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