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Nuestro entrevistado de hoje destaque na época de ouro da luta livre em Cuba. Sua presença em pódios mundiais e olímpicos era comum. Atualmente vive nos Estados Unidos e mantém vivos suas memórias daqueles tempos de grandeza. Alexis Rodríguez responde nossas perguntas como sempre o fez, com gentileza e certeza.
Bem-vindo ao CiberCuba, “grandote”. Você está muito bem.
Jajajaja. Você não muda, Julita. Sim, estou me sentindo muito bem. Estou contente com minha vida, disposto a responder suas perguntas. Então... pode perguntar!
Vamos começar pela sua vida atual. Conte-nos.
Neste momento, estou vivendo no estado da Geórgia, na cidade de Cleveland. Trabalho em um restaurante como gerente e, de vez em quando, ajudo em uma escola secundária como treinador de luta, para não perder a forma. Faço exercícios e me mantenho ativo, algo importante para a saúde.
Como você chegou aos Estados Unidos?
Cheguei aqui da Europa, após ter trabalhado na escola internacional africana de luta. Fiz uma visita ao meu filho na Itália e decidi que era o momento certo de vir. Cheguei através de parole, que meu irmão me arranjou.
Você tem
De fato, meu irmão vive neste país desde 2007, é cidadão americano. Além disso, tenho vários primos.
Continuas com a característica de falar pouco. Mas vamos olhar para trás. Origens de Alexis, por que a luta?
Comecei no Palácio dos Pioneiros com o professor Mayito, aos sete anos. Fui atraído para a EIDE da província de Havana por Silvio Urrutia e Cristóbal Feble. Sabe? Naquela época, não fui muito estável, pois não gostava de ficar na EIDE longe da família, então acabava entrando e saindo.
Também tive minha participação nos Jogos Escolares, onde fui medalhista na categoria de +56 kg. Após um tempo cursando o ensino médio, decidi que queria estar perto do meu irmão, que sempre foi meu espelho, e terminei entrando na ESPA Provincial Julio Díaz, de Artemisa. O falecido Pedro Betancourt teve uma grande influência na minha formação.
Aprendi muito com ele e sempre me deu bons conselhos. Sua sabedoria me guiou para a ESPA Nacional, onde me matriculei aos 14 anos. Foi lá que comecei a levar o esporte mais a sério. Naquela escola, fiquei campeão nacional escolar e juvenil. Conquistei o 4º lugar no Nacional de adultos aos 15 anos, em 1994.
Um ano depois, em setembro, passei a integrar a seleção nacional e em 1996 me tornei a principal figura da minha categoria, 130 kg. Assim, com apenas 17 anos, me classifiquei para as Olimpíadas de Atlanta e ganhei o Mundial Juvenil. Naquela época, meu treinador era o já desaparecido ex-lutador Bárbaro Morgan, com quem obtive todos os meus resultados.
De Bárbaro guardo minhas melhores lembranças; além de treinador, era meu pai. Nossa relação era muito bonita, eu contava tudo sobre a minha vida e ele, com seus conselhos, sempre me ajudou e me guiou por um bom caminho. Sempre foi uma relação carinhosa, de pai e filho.
Quantos anos na seleção nacional; sempre luta livre?
Sim, a luta livre era a minha modalidade. Sempre gostei. De vez em quando, na seleção nacional, treinava com os grequistas, mas o que eu realmente gostava era da luta livre: mais técnicas, mais mobilidade; eu me sentia como peixe na água com a luta livre.
Quanto à minha estadia no Cerro Pelado, estive de 1995 até 2008, quando decidi ficar na Espanha e direcionar minha vida para outros caminhos.
Você já falou sobre sua relação com Bárbaro Morgan, algum outro técnico foi referência na sua carreira?
Eu sempre me dei bem com todos os meus treinadores. Filiberto Delgado era meu professor na ESPA Nacional e quem não conhece o Fili, sua experiência e dedicação? Também lembro com muito respeito de Arturo Yáñez, com quem mantenho uma relação de fraternidade.
Nós temos uma velha relação desde que você era bem jovem, mas nunca esquecerei sua cueca rasgada após a luta pela medalha de bronze em Sydney 2000.
Você é má, péssima. Você não esquece; eu também não. Quando te vi fazendo sinais para mim porque eu estava sobre as câmeras dos jornalistas e aquilo estava quebrado e! onde tinha se quebrado! Jajajajaja! Nada, não aconteceu nada! E agora lembramos disso com risadas.
Minha medalha de bronze olímpica é algo que sempre vou valorizar porque, veja só o quanto eu lutei por isso! Mesmo houve uma proposta em dinheiro e eu disse: “Não posso vendê-la, essa medalha é de muitos, da minha família, dos meus amigos, do meu treinador”.
Esse terceiro lugar eu considero uma grande conquista. Infelizmente, perdi para o uzbeque Artur Taymazov nas semifinais porque eu tinha todas as possibilidades de lutar pela medalha de ouro com o russo David Musulbes, que acabou se tornando o campeão.
Você também foi uma referência em Campeonatos Mundiais. Foram seis medalhas em eventos globais: campeão em Teerã em 98; quatro pratas em Krasnoyarsk em 97, novamente em Teerã em 2002, Budapeste em 2005 e Baku em 2007; e bronze em Sofia em 2001. Alguma anecdota?
Não terminaríamos esta entrevista se eu narrasse minhas peripécias por esses grandes eventos. Posso te dizer que se reunia a flor e a nata da luta mundial em todas as divisões e que, como era característico, havia dinheiro sendo movimentado para tentar "comprar" combates. Não sei por que isso acontece neste esporte.
Sim, considero que minha maior conquista em Mundiais foi, precisamente, quando subi ao lugar mais alto do pódio em Teerã 98, estando doente, com 40 graus de febre. Isso foi extraordinário! Nem o médico acreditava, mas eu consegui!
Alexis Rodríguez ocupou o quinto lugar em Atenas 2004 (era um grande favorito antes da competição) na categoria de 120 quilos, enquanto que para Pequim 2008 ele era um dos favoritos.
Efectivamente, em 2008 eu também era um dos favoritos para ganhar minha divisão nos Jogos Olímpicos, mas era tanta a decepção que eu tinha com tudo o que estava acontecendo que decidi ficar na Espanha.
Em 2010, ingressei no Azerbaijão através da Federação de Luta e comecei a me preparar novamente para competir em 2013. Mas minha mãe adoeceu e teve que passar por uma cirurgia.
Então, me apresentei no consulado cubano, com o objetivo de conseguir um visto de entrada para vê-la e me negaram a entrada, que até hoje não consigo entender como se pode ser tão déspota, tão insensível, tão desumano.
Fallece minha mãe e três meses depois, minha avó. É quando, por mediação da Cruz Vermelha e dos Direitos Humanos, me concedem uma permissão para a entrada… ¡três meses depois! ¿Para qué? Aí decidi que esse governo não tomaria nada.
Na sua longa carreira, qual foi o lutador que mais difícil te pareceu?
Era bem conhecida a minha rivalidade com o uzbeque Artur Taymasov. Para mim, ele foi um dos mais complicados que tive que enfrentar. Nos encontramos no tatame várias vezes, das quais saí vencedor em algumas, sempre em combates acirrados.
Estado atual da luta livre no mundo e em Cuba…
Neste momento, a lista está complicada. Entre os melhores, há russos e norte-americanos, mas os japoneses estão se destacando muito e demonstraram isso nas últimas Olimpíadas. Além disso, é importante considerar que a URSS se dividiu e há excelentes lutadores em todas as repúblicas ex-soviéticas.
Quanto a Cuba, o que te dizer? Junto com as poucas condições que têm, já não estão nem o Morgan nem o Fili (que está com as meninas) nem o Arturo. Enfim!
A luta livre cubana está muito deteriorada pela perda das escolas de iniciação esportiva. As condições não são favoráveis, as necessidades aumentam a cada dia. É difícil extrair de uma cantera que está praticamente vazia. A equipe nacional não é mais o que costumava ser; tudo está muito mal e é uma pena, pois foi o lugar que inspirava todo atleta a querer estar lá e ser um dos grandes.
Qual é a sua principal técnica no colchão?
A técnica que eu mais usava era um movimento de braço que já era “a marca da casa”. Hoje em dia, muitos bons gladiadores a utilizam. Eu realizava um trabalho com meu braço muito eficaz depois de colocá-lo sob o braço do meu oponente. Então, eu o trabalhava, pressionava até atingir meu objetivo, que era derrubá-lo para obter a máxima quantidade de pontos. É conhecido como “underhook”.
É uma forma de controle que, a partir dessa posição, permite realizar vários movimentos. Essa técnica do braço por baixo do braço do oponente também é muito comum na luta greco-romana.
Para você, quem é o maior lutador do planeta e os melhores lutadores cubanos de todos os tempos?
Del mundo, o atual presidente da Federação Nacional de Luta dos Estados Unidos, Bruce Baumgartner, extraordinário, com todos os títulos e todas as honras. Por Cuba, Raúl Cascaret, Alejandro Puerto, Yandro Quintana e Yoel Romero.
E, claro, nosso entrevistado Alexis Rodríguez também faz parte desta lista, que além de uma medalha de bronze olímpica e seis medalhas mundiais, entre elas uma de ouro, teve um grande destaque em nível continental e regional.
Aos 47 anos, uma linda carreira orgulha o cubano que vive seus melhores momentos nesta terra acolhedora, os Estados Unidos.
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