O líder opositor cubano José Daniel Ferrer, coordenador da União Patriótica de Cuba (UNPACU), lançou uma mensagem emotiva através de um vídeo onde alertou que pode ser detido novamente pelo regime cubano nas próximas horas.
Segundo explicou, as forças repressivas do regime poderiam cortar sua conexão de internet, invadir sua casa e prendê-lo devido à sua recusa em permanecer em silêncio diante dos abusos e crimes cometidos contra o povo cubano.
“Esta pode ser minha última comunicação com vocês”, expressou Ferrer, que já foi prisioneiro de consciência em três ocasiões anteriores, e não teme enfrentar uma quarta, apesar de ter cumprido anos de encarceramento injusto, incluindo sua condenação durante a chamada Primavera Negra.
Em sua mensagem, gravada sob condições de apagão e com uma lanterna recarregável, Ferrer reiterou seu compromisso inabalável de lutar por uma Cuba livre e democrática, tanto dentro quanto fora da prisão. Assim como defendeu desde o primeiro momento de sua recente libertação, .
"Recuso-me a que o regime me silencie. Recuso-me a deixar-me intimidar. Vou continuar lutando hoje, amanhã e sempre enquanto viver, fora ou dentro das prisões, por liberdade, democracia, respeito aos direitos humanos e bem-estar para minha nação", afirmou com firmeza em sua recente transmissão ao vivo.
Denúncia das condições dos presos políticos
Ferrer dedicou uma parte importante de seu discurso a expor as deploráveis condições enfrentadas pelos presos políticos nas prisões cubanas.
Nesse sentido, fez um apelo urgente à comunidade internacional e aos cubanos no exílio para que coordenem esforços e garantam um apoio efetivo a esses prisioneiros, que muitas vezes enfrentam fome, doenças e carências extremas.
Há muitos prisioneiros políticos nas prisões do regime morrendo de fome, doentes, com sarna, sem sabonete suficiente para se banhar, bebendo água não potável, em condições verdadeiramente terríveis”, denunciou.
Além disso, destacou a importância de fornecer ajuda econômica mínima para cobrir as necessidades básicas desses ativistas: "Um ativista que se mantém firme, mas não desenvolve um ativismo forte, precisa de no mínimo 100 dólares por mês, enquanto um ativista dinâmico, que não se cala e denuncia os abusos da prisão, precisa de pelo menos 150 dólares para sobreviver e cumprir sua missão", explicou, trazendo detalhes da vida nas masmorras do regime.
O opositor também apontou que a falta de coordenação entre as organizações que prestam apoio pode levar a ineficiências, e defendeu a obtenção de unidade entre os democratas cubanos, além de uma comunicação mais estreita para otimizar os recursos destinados aos prisioneiros políticos.
"É necessário que as organizações tenham a maior comunicação umas com as outras. Só cada um por seu lado nunca vamos fazer um trabalho verdadeiramente eficaz", enfatizou.
A unidade como chave para a oposição
Outro dos pontos centrais da mensagem de Ferrer foi a necessidade de fortalecer a unidade na oposição pró-democrática cubana. Segundo o opositor, as divisões internas, os ciúmes e as críticas destrutivas entre os próprios ativistas enfraquecem a luta contra o regime e prolongam o sofrimento do povo cubano.
"A unidade é de vital importância para a nossa luta. Não se trata apenas de se dar bem por se dar bem, mas de coordenar as ações", afirmou.
Nesse sentido, destacou que todos aqueles que lutam por uma Cuba livre devem trabalhar juntos, deixando de lado rivalidades pessoais e políticas.
“Por que eu não apoiaria e trabalharia com ativistas destacados como Félix Navarro, Manuel Cuesta Morúa, Berta Soler? Por que não fortalecer a luta com organizações como a Fundação Nacional Cubano Americana ou a Assembleia da Resistência?”, questionou, instando a oposição a agir com amor, patriotismo e coragem.
Compromisso pessoal e internacional
José Daniel Ferrer também reiterou
"José Daniel não se rende. Ele sempre vai lutar pelo seu povo e sempre será solidário com todos aqueles que sofrem pela liberdade e pela democracia em outras terras", declarou.
Em sua mensagem, expressou sua solidariedade com países democráticos como os Estados Unidos, Canadá e as nações da União Europeia, assim como com o povo da Ucrânia e outros que enfrentam regimes autoritários.
Resoluto em expressar livremente suas opiniões e princípios políticos, Ferrer condenou com firmeza as ditaduras da Rússia, China, Coreia do Norte, Irã, Venezuela e Nicarágua, entre outras.
“Eu sempre vou criticar, combater e condenar enérgicamente regimes criminosos que pisoteiam os direitos e liberdades de seus povos”, sublinhou.
Chamado à ação e esperança
Finalmente, Ferrer destacou a importância do legado de José Martí, lembrando que no dia 28 de janeiro se comemora o nascimento do Apóstolo da independência cubana.
Também mencionou uma manifestação organizada em Washington, D.C., na qual participarão membros da UNPACU e outros ativistas pró-democracia, como sua filha Marta Beatriz Ferrer.
“Sou desses sonhadores que sonham com mundos saudáveis, onde não haja ditadores e vivamos como irmãos”, concluiu Ferrer, reafirmando sua disposição a voltar à prisão ou até mesmo a dar sua vida por uma Cuba livre e democrática.
Se esta é minha última comunicação, saibam que nunca deixarei de lutar pelo sonho martiano de uma Cuba com todos e para o bem de todos, concluiu Ferrer em sua direta.
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