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O regime cubano parece ter suspendido ou desacelerado o processo de libertação de prisioneiros políticos, segundo alertou o Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) nesta terça-feira.
A organização expressou sua "máxima preocupação" após constatar que, até a uma da tarde (horário local) desta terça-feira, não havia sido registrada a liberação de nenhum novo prisioneiro, apesar das expectativas geradas por essa medida, que o regime anunciou como um acordo entre o Vaticano e Havana, e não como uma negociação com os Estados Unidos.
No entanto, a lentificação das solturas coincide com a decisão do novo presidente Donald Trump de reincluir a ilha na lista de países patrocinadores do terrorismo.
O OCDH lembrou que, em seu anúncio sobre o início das desencarceramentos, o governo cubano havia mencionado o "espírito do Ano Jubilar da Igreja Católica" como um fator impulsor do processo.
A ONG apontou que, apesar da proclamação oficial, o processo tem sido marcado pela falta de transparência e pela ausência de um compromisso claro para libertar todos os prisioneiros políticos de forma imediata.
“O regime cubano justificou esta libertação como uma decisão ‘unilateral e soberana’”, afirmou o OCDH, acrescentando que, em sua opinião, "nenhuma política adotada pelos Estados Unidos ou por outros países deveria ser a causa de atrasar ou cancelar este processo".
A organização também criticou o governo cubano por persistir em sua antiga estratégia de utilizar os presos como "moeda de troca", ao mesmo tempo em que tenta mostrar uma fachada de não aceitar pressões externas e de controlar por completo o ritmo das liberações.
Segundo o OCDH, essas táticas são "contrárias ao espírito jubilar" e não se adequam aos tempos atuais das relações internacionais.
O Observatório Cubano de Direitos Humanos tem mantido contato constante com familiares e colaboradores dos prisioneiros políticos, que vivem com "insegurança e desespero" sobre o futuro de seus entes queridos.
"Até a uma da tarde de hoje, não recebemos notícias de nenhuma nova libertação", explicou a ONG.
Até segunda-feira à tarde, o regime cubano havia libertado 166 prisioneiros políticos, segundo um registro do OCDH, que foi confirmado pelas famílias dos liberados ou pelos próprios excarcelados.
Perguntas frequentes sobre a libertação de prisioneiros políticos em Cuba
Por que o regime cubano freou as liberações de presos políticos?
As excarcelacões foram frenadas ou retardadas coincidentemente com a decisão do presidente Donald Trump de reintroduzir Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo. O regime cubano utiliza os presos como "moeda de troca" em suas relações internacionais, e a inclusão na lista de terrorismo pode estar influenciando as decisões sobre as liberações.
Qual foi o papel do Vaticano na libertação de prisioneiros em Cuba?
O Vaticano atuou como mediador nas negociações que levaram o regime cubano a anunciar a libertação de 553 pessoas. O Papa Francisco classificou as liberações como um "gesto de grande esperança" e tem instado para que esse tipo de iniciativas continue no espírito do Ano Jubilar.
Quantos prisioneiros políticos foram liberados em Cuba recentemente?
Segundo o Observatório Cubano de Direitos Humanos, pelo menos 114 prisioneiros políticos foram liberados até 19 de janeiro de 2025. No entanto, o processo foi criticado por sua falta de transparência e por não liberar todos os prisioneiros políticos de maneira imediata.
Em que consiste o acordo entre Cuba e Estados Unidos que facilitou as liberações?
O acordo, mediado pelo Vaticano, contempla a libertação de um número significativo de prisioneiros políticos em Cuba em troca de que os Estados Unidos retirem a ilha da lista de países patrocinadores do terrorismo e suspendam o Título III da Lei Helms-Burton. Este acordo busca melhorar as relações diplomáticas e aliviar algumas sanções econômicas impostas a Cuba.
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