Fiscais de 18 estados desafiam Trump na batalha pela cidadania por nascimento

Fiscais de 18 estados e duas cidades americanas apresentaram uma ação para bloquear a ordem executiva de Trump que pretende eliminar a cidadania por nascimento. A medida questiona a 14ª Emenda e gerou reações e desafios legais.

O presidente Donald Trump assina ordens executivas no Salão Oval da Casa BrancaFoto © X/@WhiteHouse

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Os procuradores gerais de 18 estados entraram na terça-feira com uma ação para impedir a ordem executiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pretende acabar com a cidadania pelo direito de nascimento, uma política que permite que crianças nascidas no país sejam cidadãs, independentemente do status migratório de seus pais.

Na noite de segunda-feira, poucas horas depois de assumir como o 47º presidente dos EUA, Trump assinou uma ordem executiva para revogar essa política, incluída na 14ª Emenda da Constituição e em vigor há décadas, cumprindo uma intenção antecipada em sua campanha pela reeleição, de acordo com um relatório da agência de notícias AP.

A medida rubricada pelo mandatário questiona que a Emenda 14 estenda a cidadania de forma automática a toda pessoa que nascer nos Estados Unidos.

Os estados de Nova Jersey, Califórnia, Massachusetts, Colorado, Connecticut, Delaware, Havai, Maine, Maryland, Michigan, Minnesota, Nevada, Novo México, Nova Iorque, Carolina do Norte, Rhode Island, Vermont e Wisconsin, além do Distrito de Columbia e São Francisco, protocolaram a ação em um tribunal federal para bloquear a ordem presidencial.

O documento pede ao tribunal que a declare inconstitucional.

A cidadania por direito de nascimento garante que qualquer pessoa nascida nos EUA é cidadã, independentemente do status migratório de seus progenitores.

A 14ª Emenda, surgida após a Guerra Civil e ratificada em 1868, estabelece que “todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos e sujeitas à sua jurisdição são cidadãos dos Estados Unidos e do estado em que residem”.

Em virtude desta normativa, por exemplo, as pessoas que estão no país com um visto de turismo ou de outro tipo ou que permanecem ilegalmente podem se tornar pais de um cidadão se seu bebê nascer nos EUA, explicou AP.

Trump, seu gabinete e aliados colocaram em dúvida a interpretação da emenda constitucional e consideram que é necessário estabelecer regras mais rigorosas para se tornar cidadão.

A Casa Branca não explicou como será implementada a ordem executiva, que previsivelmente enfrentará fortes desafios legais.

Depois que o presidente assinou a ordem, os capítulos da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) em New Hampshire, Maine e Massachusetts, além de outros grupos defensores dos direitos dos imigrantes, apresentaram uma ação judicial para suspendê-la, no tribunal federal de New Hampshire.

A eliminação da cidadania por direito de nascimento tem sido uma demanda recorrente de setores conservadores nos Estados Unidos. Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump ameaçou tomar uma medida semelhante, mas não conseguiu concretizá-la.

Perguntas frequentes sobre a cidadania por nascimento e as políticas migratórias de Donald Trump

O que é a cidadania por direito de nascimento nos Estados Unidos?

A cidadania por direito de nascimento é um princípio estabelecido pela 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos que concede cidadania automática a qualquer pessoa nascida em território americano, independentemente do status migratório de seus pais. Esta disposição foi criticada por Donald Trump, que antes de assumir seu segundo mandato presidencial manifestou a intenção de abolí-la por meio de uma ação executiva.

É possível eliminar a cidadania por nascimento nos Estados Unidos por meio de uma ordem executiva?

Não é possível eliminar a cidadania por nascimento através de uma ordem executiva, pois está garantida pela 14ª Emenda da Constituição dos EUA. Qualquer tentativa de alterar essa disposição requer uma emenda constitucional, o que é um processo complexo que envolve a aprovação de dois terços de ambas as câmaras do Congresso e a ratificação de três quartos dos estados. Especialistas jurídicos classificam a proposta de Trump como inconstitucional.

Que impacto teria a eliminação da cidadania por nascimento nos Estados Unidos?

A eliminação da cidadania por nascimento teria um impacto devastador para milhões de famílias imigrantes e para a economia americana. Novas classes de "apátridas" seriam criadas, crianças nascidas nos EUA sem nacionalidade ou acesso a direitos básicos, afetando famílias mistas e complicando ainda mais o sistema migratório.

Quais países concedem cidadania por direito de nascimento?

Mais de 30 países concedem a cidadania por direito de nascimento, incluindo Estados Unidos, Canadá, Brasil e vários países da América Latina. Esta disposição, conhecida como "jus soli" ou direito do solo, é comum em nações com sistemas legais derivados do direito consuetudinário britânico ou que buscam atrair imigrantes para povoar seus territórios.

Quais são as reações diante da proposta de Trump de eliminar a cidadania por nascimento?

A proposta de Trump gerou reações mistas. Enquanto os democratas e organizações de direitos humanos a qualificam como anticonstitucional e um ataque aos direitos civis, a base conservadora e os seguidores de Trump a apoiam, considerando-a um passo necessário para controlar a imigração.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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