Assassinam jovem de 31 anos em Santiago de Cuba

Elio Delis Hardy, do bairro El Salao, no distrito Abel Santamaría, em Santiago de Cuba, morreu na primeira madrugada do ano, vítima de uma facada. Ele deixa um filho de seis anos. O crime teria sido motivado por um telefone


O jovem santiaguero Elio Delis Hardy, de 31 anos, foi morto à facada na primeira madrugada do ano, conforme confirmou o jornalista independente Yosmany Mayeta Labrada. O falecido residia no bairro El Salao, no distrito Abel Santamaría, em Santiago de Cuba, e deixa um filho órfão de seis anos.

O incidente teria ocorrido em um prédio do Micro II e teria sido cometido por um jovem que já foi identificado e que, no momento dos fatos, estava acompanhado de outras pessoas. Segundo um amigo de Elio Delis, o assassinato teria sido motivado pela venda de um telefone. Nas redes sociais, o falecido havia compartilhado, há dois anos, anúncios de compra e venda de telefones e baterias.

Desconhece-se se o assassino já foi detido.

Familiares do falecido expressaram sua dor nas redes sociais, sem oferecer mais detalhes sobre o ocorrido.

Uma usuária do Facebook que se identifica como Erina Arianna Frómeta responsabiliza o governo pelo aumento da violência na Ilha. "Os assassinatos continuam em Santiago de Cuba. Já parece uma moda tirar a vida de pessoas por qualquer motivo. O governo não toma medidas rigorosas e, em poucos anos, os assassinos estão nas ruas por bom comportamento. E continuam matando e roubando. A insegurança só cresce, até mesmo dentro de nossas próprias casas. Nada de valor pode ser mantido. Realmente, estou sem palavras", escreveu no post de Mayeta.

Na mesma linha, Gerardo Noa recomenda à Polícia que, em vez de perseguir os vendedores de fongos, se torne o combate contra os assassinos e ladrões que espalham a insegurança pelas ruas. Pedro Lugones, por sua vez, confia que este ano o Código Penal em Cuba será alterado para conter a crescente insegurança pública.

Crimes em alta

No dia 29 de dezembro, o regime cubano não teve outra escolha a não ser admitir que a criminalidade permanece alta no país, após um ano em que as redes sociais estiveram repletas de denúncias de atos violentos de todo tipo, enquanto os meios de comunicação oficiais silenciavam a maioria dos casos. Segundo o Partido Comunista, a tendência é de diminuição, embora não apresente dados que corroborem essa afirmação.

Nos primeiros seis meses do ano que acabou de terminar, foram reportados 432 crimes, o que representa uma média diária de 2,37 delitos, superando amplamente os números registrados no mesmo período de 2023. Entre os crimes, destacam-se 91 assassinatos, 260 roubos, 39 assaltos, 29 agressões e 13 casos classificados como outros crimes. Esses dados são do Observatório Cubano de Auditoria Cidadã (OCAC), publicados em agosto.

Sólo no final do ano foram detidos os assassinos de um vigilante em uma fazenda agropecuária do Ministério do Açúcar (MINAZ), em El Cristo, Santiago de Cuba. Segundo a imprensa oficial, eles foram capturados e confessaram o crime. A vítima foi agredida de forma violenta e surpreendente por um de seus próprios colegas de turno, com o objetivo de roubar três bois, sacrificá-los e vender a carne.

Por outro lado, Adrián Cruz Hidalgo continua foragido da justiça, identificado como o responsável por um duplo homicídio na província de Cienfuegos no dia 28 de maio passado. As autoridades não informaram sobre avanços no caso.

Também em dezembro passado, foi detido um dos implicados no assassinato da família Peña Sablón, um trágico ocorrido em novembro no município de San Luis, Santiago de Cuba, que tirou a vida de um casal e seu filho. Um dos assassinos foi capturado.

Um dos acontecimentos mais impactantes de dezembro passado foi a descoberta, na avenida Acosta, na altura da rua José de la Luz y Caballero, próxima ao Mónaco, no município 10 de Outubro, do corpo sem vida de um homem que apresentava uma facada no peito. Ele estava sentado em uma poltrona colocada em frente a uma farmácia.

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Tania Costa

(Nascido em La Habana, 1973) vive na Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e a FaroTV Melilla. Foi chefe da edição murciana do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Murcia (Espanha)