Sacerdote católico em Santiago de Cuba apresenta o "café dos pobres" feito com sementes de platanilha

Em Santiago de Cuba, um sacerdote católico comenta sobre o que é o "café dos pobres", feito com sementes de platanillo, uma tradição local diante da escassez de café. Este substituto reflete a criatividade e a resistência da comunidade.


Em meio à escassez de alimentos e produtos básicos em Santiago de Cuba, um sacerdote católico compartilhou uma alternativa tradicional ao café, conhecido como o “café dos pobres,” elaborado com sementes de plataninho.

O pároco Leandro Naun Hung, que trabalha para empoderar as comunidades rurais de Santiago de Cuba diante da atual crise econômica, compartilhou no Facebook uma tradição pouco conhecida para muitos, mas comum na região devido à escassez de café convencional.

O vídeo mostra uma conversa com uma residente da área, na qual comentam que a planta conhecida como "platanillo" é utilizada como "café dos pobres," um substituto que muitos moradores adotaram em tempos de dificuldade.

A mulher detalhou os passos: colhe-se o fruto do platanillo, seca-se, tosta-se e, em seguida, moe-se para obter um pó que serve como uma versão alternativa do café.

Relatou que essa prática foi transmitida de geração em geração e que o consumo do café de platanillo não só é seguro para a saúde, mas também é atribuído a propriedades benéficas: “A raiz da planta serve para fazer chá medicinal para os rins”, explicou.

“Tenho 54 anos e, desde que me lembro, minha família faz café de platanillo. E aqui todo mundo bebe”, observou a senhora.

Embora o "café dos pobres" não substitua o sabor nem o aroma do grão convencional, os habitantes de Santiago de Cuba e seus arredores o consomem misturado com o pouco café que conseguem adquirir nas lojas, conseguindo assim que renda mais e possam desfrutar dessa bebida que faz parte de sua vida cotidiana.

Para muitos locais, esta alternativa representa não apenas um símbolo de criatividade e resistência, mas também um testemunho da capacidade de adaptação da comunidade diante da escassez.

Alguns consideram este e outros exemplos como sintomas inequívocos da acentuação da pobreza em Cuba, cujo impacto se faz sentir com maior profundidade nas comunidades rurais.

No entanto, não é apenas em Santiago de Cuba que se consome o “café de platanillo”. Em 2023, o portal de notícias Cubanet publicou um relatório sobre este tema, onde detalha que em Holguín também se consome o grão.

Além disso, o portal de notícias detalhou o processo de elaboração deste “café”, destacando que é muito semelhante ao método utilizado para preparar a bebida com grãos de café genuínos.

Enquanto os nascidos na ilha recorrem a métodos pouco convencionais para satisfazer o desejo de um gole da “bebida negra dos deuses brancos”, o autêntico café cubano é reconhecido e apreciado – por outros – no restante do mundo como um dos melhores.

A recente lista das melhores bebidas de café, publicada pela TasteAtlas, coloca o café cubano na primeira posição, destacando-o como o melhor do mundo, com uma avaliação de 4,6 em 5 estrelas.

Este ranking de prestígio internacional posiciona o café de Cuba acima de 62 cafés reconhecidos, de países com uma grande tradição na comercialização e consumo desse produto, como Índia, Itália e Vietnã.

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