Maduro deseja sorte a Trump e propõe "um novo começo"

Nicolás Maduro deseja sorte a Donald Trump e propõe melhorar as tensas relações entre a Venezuela e os Estados Unidos, apesar das sanções e conflitos passados. Ele busca um "novo começo" para ambos os países.


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, surpreendeu ao enviar uma mensagem de boa sorte ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, propondo-lhe "um novo começo" nas tensas relações bilaterais.

Em um programa especial transmitido nesta quarta-feira pela emissora estatal VTV, Maduro pediu um "ganhar-ganhar" em benefício de ambos os países e da região latino-americana e caribenha.

"Este é um novo começo para que apostemos em uma relação ganha-ganha, para que os Estados Unidos tenham sucesso, a Venezuela tenha sucesso, e sempre defendemos que a América Latina e o Caribe prosperem", afirmou Maduro.

O mandatário lembrou que o primeiro mandato de Trump (2017-2021) não foi favorável para a Venezuela. No entanto, expressou sua esperança de que a situação mude na nova administração que começará em 20 de janeiro de 2025.

Durante sua intervenção, Maduro também se referiu aos momentos de tensão vividos na relação bilateral, mas destacou sua solidariedade a Trump em situações de risco.

"Por mais que tenhamos tido tensões ou desentendimentos em nossas relações, quando tentaram contra sua vida em duas oportunidades, não hesitei um segundo em solidarizar-me e desejar-lhe boa saúde e longa vida. Hoje desejo sorte em seu governo e que suas propostas e ofertas eleitorais tenham um bom destino e uma realização positiva", expressou o governante venezuelano.

Aproveitando a vitória eleitoral de Trump sobre a democrata Kamala Harris na terça-feira, Maduro enfatizou sua disposição em trabalhar por uma relação positiva com os Estados Unidos. Ele destacou que seu governo está aberto a um diálogo construtivo e que ele é o "presidente constitucional reeleito da República Bolivariana da Venezuela".

Reações e tensões políticas entre a Venezuela e os EUA.

As declarações de Maduro ocorrem em um contexto de tensão, já que o Governo dos Estados Unidos e parte da comunidade internacional questionam os resultados das eleições venezuelanas do dia 28 de julho passado.

Isso se deve ao fato de que, nessas eleições, Maduro foi declarado vencedor sem que os resultados desagregados por mesas eleitorais tenham sido divulgados. As atas eleitorais estavam sob posse da oposição e comprovavam a vitória de Edmundo González, candidato da Plataforma Unitária Democrática (PUD).

O governo de Maduro tem recebido apoio de aliados como Cuba, Nicarágua, Bolívia e Rússia. Ele classifica os questionamentos sobre sua permanência à frente do estado como uma intervenção na soberania da Venezuela e reafirma sua intenção de iniciar um novo mandato no próximo dia 10 de janeiro.

Enquanto isso, figuras da oposição venezuelana parabenizaram Trump nesta terça-feira, antes de Maduro. Edmundo González, "presidente eleito da Venezuela", fez isso publicamente nas redes sociais. Também se juntaram a ele María Corina Machado e o ex-deputado Juan Guaidó.

Sanções e conflitos entre a Venezuela e os Estados Unidos

As relações entre os governos de Maduro e Trump foram marcadas por conflitos e sanções. Em 2017, durante seu primeiro mandato, a administração Trump sancionou Maduro pela criação de uma Assembleia Constituinte considerada “ilegítima” pelos Estados Unidos.

Estas sanções incluíram o congelamento de ativos e proibições para transações entre cidadãos americanos e o governo da Venezuela.

A administração Trump também proibiu a compra de títulos venezuelanos e as transações com a petrolera estatal PDVSA, impactando severamente a economia venezuelana.

Apesar desses antecedentes, Maduro expressou seu desejo de que as novas políticas de Trump tenham um bom desfecho e tragam resultados positivos.

A proposta de "novo começo" abre a possibilidade de uma mudança na dinâmica das relações entre a Venezuela e os Estados Unidos, uma virada que pode ter importantes implicações para a região latino-americana e caribenha, mas será necessário aguardar a posse de Trump e o início de suas decisões.

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