Venezuela pede apoio para Cuba enquanto caem suas exportações de petróleo para a ilha.

Nicolás Maduro solicitou apoio internacional para Cuba após o recente apagão geral, enquanto as exportações de petróleo da Venezuela para Cuba diminuíram consideravelmente.

Apagón en La Habana y Nicolás Maduro © Naturaleza Secreta y Wikimedia Commons
Apagão em Havana e Nicolás MaduroFoto © Naturaleza Secreta e Wikimedia Commons

Venezuela, através da cadeia estatal Venezolana de Televisión (VTV), responsabilizou os Estados Unidos pelo apagão massivo que afeta Cuba desde o dia 18 de outubro. O governo de Nicolás Maduro afirmou que a crise energética na ilha é resultado da "guerra econômica" e das sanções impostas pelos EUA, qualificando-as como um bloqueio injusto e uma violação de direitos humanos. O comunicado ressalta “os esforços do heróico povo cubano e do presidente Díaz-Canel”, e faz um chamado à comunidade internacional, especialmente aos países da América Latina e do Caribe, a apoiar Cuba e rejeitar as acusações dos EUA sobre terrorismo.

Recordemos que no dia 30 de agosto, a Venezuela sofreu um apagão geral, o que muitos cidadãos viram como uma estratégia do chavismo para desviar a atenção da grave situação que o país atravessa, que já dura quase 10 anos em uma recessão econômica com hiperinflação, deterioração acelerada na qualidade dos serviços e cortes de eletricidade cada vez mais frequentes.

A queda do petróleo venezuelano: parte do colapso cubano

As exportações de petróleo venezuelano para Cuba continuam diminuindo, passando de 96.300 barris por dia (bpd) em 2011 para apenas 22.000 bpd em setembro de 2024, uma redução notável em relação aos 33.700 bpd registrados em junho do mesmo ano. A queda se deve, em parte, à fragilidade da infraestrutura da PDVSA, agravada por apagões, falhas em equipamentos e a falta de investimento, somada à corrupção. Apesar de em agosto a PDVSA e suas empresas mistas terem conseguido exportar 925.000 bpd, a cifra mais alta desde 2020, ainda está longe dos 3.120.000 bpd que eram produzidos em 1998.

Atualmente, Nicolás Maduro prioriza mercados que lhe garantam pagamentos reais pelo petróleo, como a Ásia (510.000 bpd) e os Estados Unidos (212.000 bpd, geridos pela Chevron), além de 97.000 bpd para a espanhola Repsol. Enquanto isso, Cuba busca outros fornecedores como a Rússia, que envia combustível de Kaliningrado.

Em geral, as exportações venezuelanas caíram 9% em setembro, com 42 navios saindo das águas venezuelanas transportando uma média de 842.600 bpd de petróleo bruto e combustível, além de 267.000 toneladas métricas de derivados de petróleo e produtos petroquímicos. Com o objetivo de reduzir a dependência do petróleo, o país desenvolve outros segmentos, como a exportação de águas-vivas para a Coreia do Sul.

Por outro lado, o país sul-americano enfrenta uma profunda crise política após a fraude eleitoral das últimas eleições e a não reconhecimento de Maduro como presidente legítimo por alguns países.

No dia 28 de julho de 2024, as eleições na Venezuela foram marcadas por denúncias de irregularidades, segundo diversos relatos nas redes sociais e meios de comunicação locais. Entre os incidentes registrados, foram reportadas agressões em centros de votação e a tomada de controle por parte de seguidores chavistas em várias escolas eleitorais. A oposição e os cidadãos manifestaram preocupação pela expulsão de observadores internacionais e a repressão contra apoiadores da oposição, aumentando a tensão no processo eleitoral.

No dia 29 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Nicolás Maduro como vencedor, o que desencadeou uma onda de protestos e rejeição por parte da oposição, que alegou fraude eleitoral. A líder oposicionista María Corina Machado declarou que o verdadeiro vencedor era Edmundo González, mostrando documentos que indicavam sua vantagem. Diante das denúncias, Maduro respondeu ameaçando desencadear uma revolução se sua reeleição fosse questionada, culpando os Estados Unidos pela crise e reiterando sua disposição em defender seu mandato por qualquer meio necessário.

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