Outras duas mulheres cubanas foram vítimas de feminicídio em outubro, elevando para 42 o número de crimes por violência machista verificados por plataformas independentes durante 2024.
Os observatórios da revista Alas Tensas e de Yo Sí Te Creo em Cuba confirmaram nesta quarta-feira os feminicídios de duas mulheres nas províncias de Santiago de Cuba e Mayabeque.
Yucleidis “Cuca” Morales faleceu no dia 6 de outubro -ou em data próxima-, em sua residência no povoado de Baltony, no município de Songo-La Maya, Santiago de Cuba, devido à agressão de seu parceiro.
De acordo com as denúncias que vieram à tona na época, Morales foi esfaqueada pelo marido. O homem "não queria que ela trabalhasse à noite e, por ciúmes, a matou", informou o comunicador Yosmany Mayeta.
A Morales a sobrevive sua avó, que “estava sob seus cuidados”.
A outra vítima relatada é Yadira Moreira Pernas, de 36 anos e mãe de quatro menores de idade, que foi assassinada em 16 de outubro na cafeteria onde trabalhava (quilômetro 50) em Güines, Mayabeque.
Lá foi atacada por seu ex-parceiro, que havia saído para um passeio do centro penitenciário onde está encarcerado.
Reportes em redes sociais indicaram que o agressor foi identificado como Raidel Gil Montero, apelidado de “Pipe”, a quem a vítima havia denunciado em várias ocasiões. O sujeito chegou à paladar onde trabalhava Moreira, no povoado de “El Cangre”, e a esfaqueou na presença de várias pessoas.
As organizações feministas enviaram condolências aos familiares e amigos de ambas as vítimas, em particular à avó de Morales e aos quatro filhos de Moreira, cujo pai reside fora do país.
“Reiteramos nosso repúdio à ausência total da perspectiva de gênero nas prisões cubanas, o que causa a desproteção de mulheres, meninas, meninos e adolescentes. São muitos os feminicídios cometidos durante a passagem pela prisão dos agressores”, sublinharam as plataformas.
OGAT e YSTCC também relataram cinco tentativas de feminicídio e reiteraram que precisam de acesso à investigação policial de seis possíveis casos adicionais nas províncias de La Havana (3), Santiago de Cuba (2) e Villa Clara (1).
Assim, investigam-se dois casos em Matanzas e um, respectivamente, em Las Tunas, Camagüey, Guantánamo e Holguín.
Em agosto passado, o regime revelou que, em 2023, foram julgados em tribunais 60 casos de assassinatos de mulheres de 15 anos ou mais por razões de gênero, dos quais 50 (83,3%) foram assassinadas por seus parceiros ou ex-parceiros, e o restante por outros agressores, segundo dados do Observatório de Cuba sobre Igualdade de Gênero.
Também foram julgados 378 casos de violência sexual e um número não precisado de mulheres ficou com lesões após ataques de seus ex-parceiros.
No Código Penal cubano, o feminicídio não está tipificado como delito e também não são utilizados os termos "feminicídio" ou "crime machista".
A oficialista Federação de Mulheres Cubanas (FMC) admitiu que mais de 16.000 mulheres e meninas, de 9.579 famílias, vivem em situação de violência no país.
O governo criou em julho um sistema nacional de registro, atendimento, acompanhamento e monitoramento dos casos de violência de gênero no contexto familiar.
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