Uma cubana residente em Miami denunciou nas redes sociais o calvário que sua família vive em Camagüey devido à deficiência no atendimento ao seu irmão com transtornos mentais, apontando que, para o governo cubano, os doentes são vistos como um fardo do qual desejam se desfazer, em vez de serem tratados como seres humanos.
Yasmin González León denunciou em uma publicação no Facebook o deterioro do sistema de saúde em Cuba, destacando que tem afetado gravemente pessoas vulneráveis, como seu irmão, e suas famílias.
González descreveu como a escassez crônica de medicamentos impossibilitou que seu irmão recebesse um tratamento adequado, o que piorou seu estado de saúde até um ponto crítico, explicando que recebe “um remédio hoje e outro diferente amanhã”.
A situação se agrava porque os medicamentos que seu irmão, 12 anos mais novo que ela, precisa só são encontrados às vezes no mercado informal, mas a preços proibitivamente altos.
Esses fatos evidenciam a falta de recursos e a incapacidade do sistema para atender os pacientes com transtornos mentais, frisou.
Um dos aspectos mais alarmantes de sua denúncia é a condição em que se encontra o Hospital Psiquiátrico de Camagüey, onde, segundo González, os pacientes são tratados em camas enferrujadas e com péssimas condições higiênicas.
“Os 'chamados loucos' já não são considerados seres humanos”, afirmou, ressaltando o deterioro da atenção médica e a falta de dignidade com a qual se trata os pacientes nesses centros.
Também apontou que a prioridade do hospital parece ser evitar que essas realidades sejam expostas nas redes sociais, em vez de prestar a atenção necessária ao seu irmão, que está em crise há dias.
“Escrever um post no Facebook se tornou um crime maior do que deixar destruir a alma de uma pessoa”, ressaltou.
Apesar da gravidade de seu estado, o hospital se recusa a fornecer atendimento médico a menos que ele seja internado, mas seus pais se opuseram devido às deploráveis condições do local.
“Em Cuba estão se dedicando a destruir a alma do cubano, sistematicamente, por todas as vias possíveis”, apontou a denunciante ao criticar o regime.
“Meu irmão e meus pais são apenas uma pequena parte dos cadáveres que a famosa ‘Revolução’ está deixando à sua passagem”, apontou, ao descrever a degradação absoluta do sistema de saúde pública do governo de Cuba, que, em sua opinião, está mais preocupado em levantar hotéis do que em melhorar os centros assistenciais.
Não é a primeira vez que chovem críticas sobre o Hospital Psiquiátrico de Camagüey, devido ao estado de abandono da instalação assistencial, assim como o tratamento que recebem os pacientes.
Em março, o portal de notícias Cubanet publicou uma galeria de imagens no Facebook que mostraram as péssimas condições do hospital e a maneira como os pacientes eram tratados, sendo amarrados devido à falta de medicamentos e submetidos a eletrochoques.
"Assim têm os pacientes no Hospital Psiquiátrico de Camagüey René Vallejo Ortiz. Devido à escassez de medicamentos para sedá-los, estão aplicando eletrochoque em muitos pacientes e os mantêm amarrados", destacou a publicação.
Cinco meses depois, a situação não mudou muito. Há apenas alguns dias, uma mãe cubana denunciou a falta de pessoal e as más condições que afetam o serviço do hospital, ao qual foi com seu filho após sofrer uma crise que requereu atendimento especializado.
No entanto, uma vez no centro hospitalar, os médicos determinaram que o jovem deveria ficar internado para receber terapia eletroconvulsiva (TEC), comumente conhecida como tratamento de eletrochoque.
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