O regime cubano insistiu neste sábado em sua ideia de que o embargo dos Estados Unidos impede a importação de equipamentos médicos e medicamentos necessários para o tratamento do câncer, uma justificativa que em várias ocasiões foi rebatida com dados pelo governo desse país.
A responsável por levantar novamente o discurso do "bloqueio" como responsável pela falta de atendimento médico dos cubanos foi a vice-primeira-ministra, Inés María Chapman Waugh, que não hesitou em culpar os Estados Unidos pelas deficiências do sistema de Saúde Pública da Ilha, praticamente colapsado pela falta de investimentos de um regime que prioriza a construção de hotéis para o turismo internacional em vez do bem-estar de seus cidadãos.
De "visita de trabalho" em Banes, Holguín, a deputada à Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP) por esse território "verificou o comportamento de diferentes aspectos na ordem econômica e social", segundo o Noticiero Nacional de Televisión.
Diante dos reunidos e com seu característico tom de doçura, Chapman Waugh se referiu ao "bloqueio" americano como responsável pela falta de atenção médica a pacientes com câncer ou que necessitam de marcapassos.
“Todos temos casos de pessoas com câncer que o medicamento não está e se pediu ajuda ao governo dos Estados Unidos, e a ajuda foi negada. Ou pessoas que precisam de marcapasso, ou precisam de algum outro dispositivo para os problemas que têm, ou pessoas que precisam de cirurgia e não há recursos aqui no território... Ou seja, é muito cruel o bloqueio, muito cruel, porque afeta diretamente todo mundo”, disse.
Fazendo eco do discurso preparado pelo Ministério de Relações Exteriores (MINREX) para denunciar "o bloqueio", a vice-primeira-ministra foi além e acusou os Estados Unidos de se recusar a vender alimentos ao governo cubano.
"Lo explicó Bruno: a vezes havia algumas possibilidades de que alguns fazendeiros norte-americanos nos vendessem frango a Cuba. Vocês se lembram, né? Bom, até isso eles limitaram. Nem isso. Eles têm ido limitando. É algo muito egoísta, muito cruel, mas é assim que está acontecendo conosco. Portanto, temos que buscar todos os recursos que temos dentro do país para produzir mais nós mesmos", afirmou Chapman Waugh, insistindo também na ideia de que os problemas dos cubanos "têm solução no município".
Especialistas em responsabilizar qualquer um menos a eles mesmos, o regime cubano não tem vergonha em repetir suas mentiras uma e outra vez, apesar das evidências que abundam.
O embargo dos Estados Unidos tem exceções para alimentos e artigos médicos.
Em julho de 2023, o governo dos Estados Unidos respondeu às acusações de Havana sobre o embargo e afirmou que era possível importar medicamentos e alimentos para Cuba a partir desse país.
“O embargo estadounidense a Cuba permite as exportações de produtos médicos americanos, assim como de outros itens de apoio à cidadania cubana”, lembrou em um fio no Twitter a Embaixada de Washington em Havana.
Nesse sentido, esclareceu que desde o início de 2023 Washington havia aprovado quase 900 milhões de dólares em exportações médicas para Cuba. Em 2022, o valor tinha sido de mais de 800 milhões de dólares, o dobro do aprovado em 2021.
"Que o embargo não seja manipulado como desculpa para a falta de atendimento médico em Cuba", disse a sede diplomática, depois que o chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, afirmou que a política americana era responsável pela "escassez de medicamentos e pela falta de insumos para a saúde pública em Cuba".
Para apoiar seus argumentos com dados, a Embaixada postou o link da licença do Departamento de Comércio, com informações públicas a respeito. Assim, convidou a verificar as informações públicas no site do Departamento de Estado, onde estão listadas as exceções do embargo aplicadas a partir de 2021 pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), para gerenciar o envio de suprimentos humanitários a Cuba.
Estas exceções incluem alimentos, medicamentos e bens considerados ajuda humanitária. "Assim, não, o embargo não é nenhum 'bloqueio' nem a razão pela qual os cidadãos cubanos não têm acesso a medicamentos", concluiu a Embaixada.
Um mês depois, a sede diplomática assegurava que alimentos e medicamentos de seu país chegavam diariamente a Cuba. "Você sabia que somente em junho Cuba importou 27.631 toneladas de frango dos Estados Unidos? Alimentos e medicamentos chegam diariamente dos Estados Unidos a Cuba", publicou a Embaixada em suas redes sociais.
Em março de 2022, em meio ao agravamento da crise provocada pelo coronavírus em Cuba, os Estados Unidos exortaram instituições e atores da sociedade civil a utilizar o canal oficialmente habilitado para canalizar a ajuda humanitária e enviar alimentos e equipamentos médicos para a Ilha.
“O Departamento de Estado exorta indivíduos, organizações e bancos a contatar o Buzón Humanitário para Cuba (CubaHumanitarian@state.gov). Nossa equipe é um grande recurso para facilitar as exportações e doações de bens humanitários para Cuba ou responder a qualquer pergunta”, indicou a embaixada americana em Cuba.
Além disso, o Departamento de Estado insistiu que o governo dos Estados Unidos sempre agiliza os pedidos para exportar suprimentos médicos ou humanitários para Cuba. “Através dos Departamentos de Comércio, Tesouro e Transporte, há muitas opções disponíveis para agilizar a entrega de bens humanitários a Cuba”, destacou.
Nos últimos dias, o Conselho Comercial e Econômico Estados Unidos-Cuba (USCTEC) destacou que as doações de caráter humanitário feitas por organizações dos Estados Unidos a Cuba aumentaram este ano em relação ao ano anterior e atingiram o maior valor desde 2014.
As doações registradas contêm, entre outros, artigos como alimentos, insumos para a atenção médica, roupas e material de leitura. Até agora, em 2024, o montante dessas doações ascende a mais de 38 milhões de dólares (US$38,907,503.00). As estatísticas não incluem as doações ou entregas pessoais (realizadas por viajantes em voos e através de terceiros países).
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