Os dois médicos cubanos que no sábado passado foram presos em Ayotoxco de Guerrero, no estado mexicano de Puebla, por ordem de uma funcionária da Saúde, foram identificados como Acelio José Sixto, cirurgião; e Willian Blet Rodríguez, médico internista.
Um meio local detalhou que por volta das 9 da manhã do dia 31 de agosto, ambos os doutores estavam se comunicando por videoconferência com sua família quando "foram detidos pela polícia municipal após um reporte que os considerava suspeitos".
Os médicos foram despojados de seus celulares e as autoridades realizaram "revisão de sua privacidade apesar de que eles se identificaram em reiterados momentos", conforme detalha o InfoSierra.
A nota não especifica o tempo que os médicos cubanos permaneceram detidos, embora anteriormente tenha sido informado que foram liberados após esclarecer quem eram na verdade.
A nota afirma que o fato manifesta o nulo conhecimento das autoridades sobre a situação do hospital comunitário de Ayotoxco.
De acordo com um vídeo divulgado anteriormente, a funcionária "confundiu" os médicos "com criminosos" e, apoiada por uma patrulha, os transportou para o Palácio Municipal, onde foram retidos sem justificativa, embora depois tenham sido liberados.
“O desempenho dos médicos tem sido muito bom”, relatou a denunciante do incidente, que lamentou a atuação da funcionária - identificada como María Luisa Suárez Reyes - cujo proceder foi qualificado de incompreensível e arbitrário.
A detenção dos médicos gerou preocupação entre os residentes, que temem que a ação da vereadora coloque em perigo a continuidade dos serviços de saúde na região.
“Eles estão decepcionados, estão assustados”, acrescentou em referência aos médicos a denunciante, que sublinhou que não é correto que sejam tratados dessa maneira.
“Entendemos que estão em outro país e que serem tratados dessa maneira não é correto. O que é mais reprovável neste caso é que justamente a secretária de Saúde comete essa ação [...] Fica claríssimo que a senhora não os conhece, não sabe que esses médicos chegaram”, concluiu.
A cidadã que divulgou o incidente manifestou sua preocupação com o bem-estar dos médicos e criticou a falta de implicação da vereadora nos assuntos de saúde pública, ao mesmo tempo em que a instou a visitar o hospital, conhecer suas necessidades e melhorar seu desempenho como servidora pública.
Os dois médicos cubanos que foram vítimas da detenção fazem parte de um contingente de 2.700 especialistas cubanos enviados pelo governo federal, como parte de uma iniciativa do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) para atender às necessidades de 282 hospitais em áreas rurais e de alta marginalização.
Missão médica cubana no México em aumento
Em meio à aguda crise dos serviços de saúde pública em Cuba, esses 2.700 médicos abandonaram seus postos na ilha para se juntar aos quase 1.000 profissionais cubanos que já prestavam assistência em território mexicano.
Enquanto cresce a escassez de médicos nos hospitais cubanos, o governo de Miguel Díaz-Canel aumenta tanto quanto pode a exportação de força médica qualificada para o México e outros países.
Em muitos desses países, os médicos cubanos devem enfrentar a hostilidade dos profissionais de saúde do país anfitrião, que rejeitam sua presença por vê-los como concorrência ou por não os considerarem qualificados, e a funcionários de saúde, como neste caso.
A presidenta eleita do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que continuará contratando médicos da ilha, apesar das fortes críticas que qualificam o programa como uma forma de financiamento do regime ditatorial cubano.
Sheinbaum revelou no início de julho que em uma reunião com o chanceler Bruno Rodríguez foi discutida a possibilidade de continuar trazendo médicos cubanos para o México, pelo menos durante o primeiro ano de sua administração.
Enquanto isso, vozes no México continuam questionando a decisão do governo de contratar profissionais cubanos sem levar em conta uma homologação dos estudos realizados.
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