A regidora de Saúde em Ayotoxco de Guerrero, no estado mexicano de Puebla, ordenou a prisão de dois médicos cubanos que recentemente chegaram ao município para prestar serviços no hospital comunitário daquela população rural.
De acordo com um vídeo divulgado pela imprensa local, a funcionária "confundiu" os médicos "com delinquentes" e, apoiada por uma patrulha, os trasladou para o Palácio Municipal, onde foram retidos sem justificativa, embora depois tenham sido liberados.
"O desempenho dos médicos foi muito bom", relatou a denunciante do incidente, que lamentou a atuação da funcionária - identificada como María Luisa Suárez Reyes - cujo procedimento foi qualificado como incompreensível e arbitrário.
A detenção dos médicos gerou preocupação entre os residentes, que temem que a ação da vereadora coloque em perigo a continuidade dos serviços de saúde na região.
“Eles estão decepcionados, estão assustados”, acrescentou em referência aos médicos a denunciante, que destacou que não é correto que sejam tratados dessa maneira.
“Entendemos que estão em outro país e que serem tratados dessa maneira não é correto. O que é mais reprovável neste caso é que seja justamente a secretária de Saúde quem comete essa ação […] Fica claríssimo que a senhora não os conhece, não sabe que esses médicos chegaram”, concluiu.
A cidadã que deu a conhecer o incidente manifestou sua inquietação pelo bem-estar dos médicos e criticou a falta de implicação da vereadora nos assuntos de saúde pública, ao mesmo tempo em que a instou a visitar o hospital, conhecer suas necessidades e melhorar seu desempenho como servidora pública.
Os dois médicos cubanos que foram vítimas da detenção - cuja identidade não foi revelada - fazem parte de um contingente de 2.700 especialistas cubanos enviados pelo governo federal, como parte de uma iniciativa do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) para atender às necessidades de 282 hospitais em áreas rurais e de alta marginalização.
Missão médica cubana no México em aumento
Em meio à aguda crise dos serviços de saúde pública em Cuba, esses 2.700 médicos abandonaram seus postos na ilha para se juntar aos quase 1.000 profissionais cubanos que já prestavam assistência em território mexicano.
Enquanto cresce a escassez de médicos nos hospitais cubanos, o governo de Miguel Díaz-Canel aumenta o máximo que pode a exportação de força médica qualificada para o México e outros países.
Em muitos desses países, os médicos cubanos devem enfrentar a hostilidade dos profissionais de saúde do país de acolhimento, que rejeitam sua presença por vê-los como concorrência ou por não os considerarem qualificados, e a funcionários de saúde, como neste caso.
A presidenta eleita do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que continuará contratando médicos da ilha, apesar das fortes críticas que qualificam o programa como uma forma de financiamento do regime ditatorial cubano.
Sheinbaum revelou no início de julho que em uma reunião com o chanceler Bruno Rodríguez foi discutida a possibilidade de continuar trazendo médicos cubanos para o México, pelo menos durante o primeiro ano de sua administração.
Enquanto isso, vozes no México continuam questionando a decisão do governo de contratar profissionais cubanos sem levar em conta uma homologação dos estudos realizados.
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