Yordenis Ugás a Mijaín López: "Se a política não tem a ver com o esporte, o que você faz na Mesa Redonda?"

Yordenis Ugás critica a politização do esporte em Cuba após declarações de Mijaín López na Mesa Redonda do regime.

Boxeador Yordenis Ugás / Luchador Mijaín López © Facebook Yordenis Ugás / Mesa Redonda, Cuba
Boxeador Yordenis Ugás / Luchador Mijaín LópezFoto © Facebook Yordenis Ugás / Mesa Redonda, Cuba

O boxeador profissional Yordenis Ugás reagiu às declarações do lutador Mijaín López no programa oficialista Mesa Redonda e o convidou a avaliar se é correto que um atleta se preste para esse show midiático do regime.

Durante sua intervenção na Mesa Redonda, López foi interrogado sobre a exclusão da Rússia nessas olimpíadas, uma medida tomada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) após a invasão deste país à Ucrânia.

"Acho que não deveria ter sido assim, porque a parte política não tem nada a ver com o esporte. O esporte é a união de todas as culturas e de todos os atletas, e fraternidade", disse López.

A reação de Ugás não demorou a chegar. Através de suas redes sociais, o boxeador expressou seu desacordo com uma contradição nas palavras do lutador.

Reação de Yordenis Ugás no Facebook CiberCuba Notícias

"Se a política não tem nada a ver com o esporte... O que você está fazendo nesse programa, que é político e desinformativo?", perguntou Ugás.

Além disso, ele lembrou a López que "também injustamente a maioria dos cubanos não tem nem comida, nem eletricidade, nem medicamentos, nem pode viver com dignidade. Também injustamente pela invasão da Rússia, milhares de ucranianos morreram: homens, mulheres, crianças e meninas", disse o boxeador.

As palavras de Mijaín López e a reação de Ugás ocorrem em um contexto onde a politização das conquistas esportivas em Cuba é uma constante.

Os atletas que decidem abandonar as delegações nacionais são rotulados como "desertores" e enfrentam severas consequências, como a proibição de retornar ao país por mais de oito anos.

Além disso, fica evidente como os meios oficiais em Cuba manipulam as palavras dos atletas para se alinhar com a narrativa do regime.

Neste caso, López nunca chega a dizer que foi uma "injustiça" o que ocorreu com a ausência da Rússia nos Jogos Olímpicos. O termo foi utilizado pelo apresentador da Mesa Redonda e depois empregado para dar peso às declarações do lutador.

Mijaín López está no meio da polêmica por sua constante adesão ao regime totalitário. Ele tem aparecido em atos oficialistas desde seu retorno à ilha após se tornar pentacampeão olímpico.

Um dos eventos mais recentes foi seu tributo a Fidel Castro na La Piragua, no Malecón, onde disse: "Acredito que com nossa presença aqui, estamos reafirmando toda a continuidade que ele deixou nesta pátria".

A despeito de seu apelo à despolitização do esporte, a realidade é que López, que também é deputado da Assembleia Nacional do Poder Popular (ANPP), foi convertido pelo regime em um novo símbolo do "esporte revolucionário".

Sua imagem é utilizada pela propaganda oficial, que emprega sua corpulência como um símbolo da força do regime, enquanto reprime violentamente aqueles que discordam ou reivindicam direitos e liberdades.

Esta situação sublinha a tensão constante entre os atletas cubanos que alcançaram sucesso internacional e o uso político que o regime faz de suas figuras para reforçar sua narrativa ideológica.

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