Jessica Rabbit Toirac Matos, uma mulher trans cubana, denunciou publicamente nas redes sociais, no último domingo, um ato de transfobia cometido pela Direção Provincial de Cultura na província de Guantánamo.
Através de sua conta pessoal no Instagram, Toirac expressou sua indignação e exigiu respeito e reconhecimento de seus direitos como mulher trans, manifestando: “São uns transfóbicos ao não permitir que mulheres trans, bailarinas que se avaliaram em espetáculos, dancem em uma carroça”.
Esta cubana ofereceu desculpas a seus seguidores nas redes sociais, que estavam esperando vê-la dançar em um carro durante o carnaval guantanamero, mas sua participação foi impedida pela direção de cultura na província.
Toirac expressou com grande indignação sua frustração em relação ao descumprimento do Código das Famílias, aprovado em 22 de julho de 2022, que reconhece os direitos das pessoas da comunidade LGBTIQ+: “Não sei onde está o Código das Famílias, não sei onde está o CENESEX ou o apoio às mulheres trans”.
Além disso, denunciou que a transfobia em Guantánamo vai além do setor cultural: “A província de Guantánamo é transfóbica”, alertou, sublinhando a gravidade da situação.
Esta pessoa, vítima da discriminação do regime cubano, relatou que, antes de começar o desfile, os organizadores do carnaval informaram que “nas carroças só dançariam mulheres naturais”, segundo declarou ao CubaNet.
“Quando me apresentei para dançar, disseram-me que não, que não poderia fazê-lo porque sou uma mulher trans. Parece que a direção de cultura deu a ordem de que as mulheres trans não podem dançar nos carros alegóricos. Era só eu quem queria dançar, mas veio um dos organizadores e me disse assim sem mais, 'você é trans, você não pode dançar'”, apontou ao citado portal de notícias.
A plataforma Alas Tensas, que aborda temas relacionados com a mulher e as problemáticas de gênero, divulgou a denúncia, ao considerar que a publicação de Toirac tornou pública a inconformidade desta mulher trans com as políticas públicas de inclusão cubanas, particularmente na província de Guantánamo.
Embora o regime cubano proclame políticas de inclusão, a realidade fora do âmbito jurídico está muito distante de refletir esses princípios.
Em 2023, as autoridades escolares proibiram um jovem cubano estudante da Escola Pedagógica “José Marcelino Maceo Grajales”, em Guantánamo, de usar calças, em outro ato de transfobia.
Marions Vargas, de quase 17 anos, é um garoto transexual que defende seu direito de usar a vestimenta do gênero com o qual se identifica, mas o corpo docente da escola o proibiu porque “ter nascido com genitais femininos o circunscreve à saia como única opção possível”, conforme divulgado em um reportagem da CubaNet.
Recentemente, o ex-ministro da Cultura e atual presidente da Casa das Américas, Abel Prieto Jiménez, gerou uma polêmica após um tuíte homofóbico e transfóbico.
Apesar de ter eliminado a publicação de sua conta na rede social X, Prieto não percebeu que suas palavras não eram bem-vindas por ativistas e pessoas ligadas à comunidade LGBTIQ+, que fizeram captura de tela e compartilharam em outras redes sociais.
O que você acha?
COMENTARArquivado em: