Em meio a fortes denúncias de fraude, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Elvis Amoroso, entregou na segunda-feira os atos de escrutínio correspondentes às eleições presidenciais de 28 de julho ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ).
Esse ente disse que realizará uma revisão do resultado eleitoral que proclamou Nicolás Maduro como vencedor, e que gerou fortes questionamentos tanto a nível nacional quanto internacional, não apenas pela demora na entrega das atas por parte do chavismo, mas porque a oposição publicou milhares delas e estas indicam como vencedor o opositor Edmundo González.
A presidenta do TSJ, a chavista Caryslia Rodríguez, confirmou o recebimento dos documentos em um comunicado lido no canal estatal Venezolana de Televisión (VTV).
"Fica registrada a recepção de todos os documentos solicitados pelo Conselho Nacional Eleitoral, cumprindo assim a ordem judicial", afirmou.
Rodríguez indicou que o TSJ começará um "processo de perícia do material apresentado" em um prazo de até 15 dias, que poderá ser prorrogável.
Segundo a VTV, Amoroso entregou as atas de escrutínio das mesas de votação, a ata de adjudicação e a ata de proclamação perante a Sala Eleitoral do TSJ.
Rodríguez acrescentou que serão convocados os candidatos presidenciais e representantes dos partidos políticos para que entreguem todos os "instrumentos eleitorais" em seu poder e respondam a um interrogatório.
Entre os convocados estão Nicolás Maduro, o candidato da principal coalizão oposicionista, Edmundo González, o representante da Plataforma Unitária Democrática (PUD), José Luis Cartaya, o secretário geral do Movimento por Venezuela (MPV), Simón Calzadilla, o governador do estado Zulia, Manuel Rosales, e o candidato Enrique Márquez.
Também foram citados os chavistas Diosdado Cabello, Hipólito Abreu, Ilenia Medina, Ricardo Sánchez e Didalco Bolívar.
Na sexta-feira passada, o TSJ solicitou ao CNE as atas de escrutínio e a totalização definitiva dos resultados presidenciais, como parte de uma investigação destinada a "certificar" o resultado oficial que declarou Maduro como reelegido.
Além disso, pediu "todos os elementos" que provem um suposto "ataque cibernético" contra o sistema informático do CNE, o qual teria impedido uma transmissão oportuna dos resultados, segundo disse o governo para justificar a demora.
Com a contagem de 96,87% das atas transmitidas, o CNE declarou Maduro como vencedor das eleições com 51,95% dos votos, contra 43,18% obtidos por González.
No entanto, a oposição publicou em um site público os "81% das atas eleitorais" que, segundo eles, demonstram que González venceu as eleições com uma ampla margem de mais de 30 pontos de vantagem.
Este resultado foi reconhecido por vários países, incluindo Argentina, Estados Unidos, Peru e a União Europeia, entre outros.
Maduro desatou uma forte repressão contra as pessoas que se manifestam nas ruas contra a fraude eleitoral.
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