Impedem voo com ex-presidentes latino-americanos que iam a Venezuela como observadores nas eleições.

O voo da Copa Airlines não pôde decolar até que os ex-presidentes desembarcassem da aeronave.


O governo da Venezuela impediu nesta sexta-feira que quatro ex-presidentes latino-americanos, críticos ao governo de Nicolás Maduro, viajassem a Caracas, onde pretendiam atuar como observadores nas eleições de domingo, convidados pela oposição.

O voo CM-223 da companhia aérea panamenha Copa Airlines, que transportava quatro ex-presidentes para a Venezuela, não conseguiu decolar do aeroporto de Tocumen "devido ao bloqueio do espaço aéreo venezuelano", assegurou o presidente panamenho José Raúl Mulino X.

O grupo era formado pelos ex-presidentes Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia), Vicente Fox (México) e Mireya Moscoso (Panamá), que são membros da Iniciativa Democrática de Espanha e das Américas, um fórum de ex-governantes de direita.

Também fazia parte da comitiva a ex-vice-presidente colombiana Marta Lucía Ramírez.

O voo pôde partir quando os ex-presidentes, que a princípio haviam resistido, decidiram descer do avião.

Desde lá, eles se deslocaram para o palácio presidencial do Panamá, onde ofereceram uma coletiva de imprensa na qual criticaram Maduro.

"O avião estava cheio, completamente cheio, de venezuelanos que iam votar no dia domingo", relatou Mireya Moscoso.

"Fomos na primeira classe e em toda a parte de trás do avião, as pessoas se levantaram e começaram a aplaudir. Já nos despedimos e vimos lágrimas, passageiros chorando, dizendo: 'Por favor, fiquem, não vão embora!'", acrescentou.

"Venezuelanos que vinham no mesmo voo aplaudem e cantam o hino em apoio aos líderes mundiais. Muitos desses cidadãos vêm exercer seu direito de voto no domingo, 28 de julho", destacou a conta oficial da campanha da opositora María Corina Machado e do candidato Edmundo González.

Na quarta-feira, Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista da Venezuela (PSUV), havia advertido que se os ex-presidentes viajassem, seriam expulsos.

"Não estão convidados, são showseros [...]. Se se apresentarem no aeroporto, Deus meu! O que vai acontecer? Nós os expulsamos, os expulsamos, não há problema" porque "são inimigos deste país, são fascistas [...] Aqui não vão vir para causar problemas", assegurou na televisão.

Após o incidente, o chanceler do Panamá, Javier Martínez-Acha, convocou a representante da missão diplomática da Venezuela no Panamá para pedir uma explicação sobre o ocorrido.

Panamá "não pode permitir que se retenham aviões de sua linha de bandeira com panamenhos a bordo por questões políticas alheias" ao país, disse o ministro na coletiva de imprensa.

Mais tarde, em uma nova publicação e depois que os ex-presidentes já haviam deixado o avião, Martínez-Acha informou que, através do ministro de Transporte da Venezuela, Ramón Celestino Velásquez, foi comunicado que a partir daquele momento já "não haverá nenhum impedimento" para os voos.

Os ex-presidentes vetados para viajar a Venezuela fazem parte do Grupo Liberdade e Democracia, que é formado, além de Moscoso, pelo presidente dominicano, Luis Abinader, e pelos ex-presidentes do governo espanhol José María Aznar e Mariano Rajoy, assim como pelos ex-mandatários Mario Abdo Benítez, do Paraguai; Jeanine Áñez e Jorge Quiroga, da Bolívia; Felipe Calderón e Vicente Fox, do México, e Iván Duque e Andrés Pastrana, da Colômbia.

Também fazem parte desse grupo os ex-presidentes Osvaldo Hurtado, Jamil Mahuad e Guillermo Lasso, do Equador; Rafael Calderón e Miguel Ángel Rodríguez, da Costa Rica; e Mauricio Macri, da Argentina; além do líder opositor venezuelano Juan Guaidó e do ex-governador de Porto Rico Luis Fortuño.

A decisão de Caracas de impedir alguns deles de partir de Panamá chega depois que o Grupo Liberdade e Democracia manifestou na quarta-feira que qualquer tentativa de fraude nas eleições presidenciais da Venezuela deve ser sancionada pela comunidade internacional.

Não apenas observadores de direita foram vetados para entrar na Venezuela.

Esta semana, o ex-presidente argentino Alberto Fernández afirmou também que o governo da Venezuela lhe pediu que não viajasse para atuar como observador, pois tinha "dúvidas sobre (sua) imparcialidade".

Nas eleições de domingo participarão dez candidatos, entre eles o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o ex-embaixador Edmundo González Urrutia, candidato da coalizão opositora Plataforma Unitaria Democrática (PUD) e que lidera a intenção de voto em substituição à inelegível María Corina Machado, segundo as tradicionais casas de pesquisa.

Nicolás Maduro busca um terceiro mandato consecutivo.

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