Cita com o ICE: O pior pesadelo de um cubano com ordem de deportação nos Estados Unidos

O repórter Javier Díaz acompanhou um cubano com ordem de deportação para ver de perto "o que se sente, em representação de outros milhares que ainda não conseguem se legalizar."


O jornalista cubano residente em Miami, Javier Díaz, acompanhou um compatriota com ordem de deportação a sua consulta no Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE), onde foi solicitado sem um motivo específico.

"Estive lá para presenciar de perto o que sente em representação de outros milhares de cubanos que ainda não conseguem se legalizar no país e são chamados pela agência federal", disse em sua conta no Instagram. Nesta quarta-feira, Díaz viajou até Miramar, no condado de Broward, com Roilan Corrales Martínez, um cubano que chegou ao país em 2019 e, após estar detido por um ano e nove meses, ficou em liberdade com ordem de deportação, apesar de ter aprovado sua entrevista de medo credível.

" Estas entrevistas com o ICE se tornam seu pior pesadelo após a possibilidade de ser deportado", apontou o repórter.

Afortunadamente, Corrales Martínez foi deixado em liberdade, mas com outra data marcada para janeiro de 2025. Nos meses restantes, ele deve tentar legalizar sua situação.

Seu caso é semelhante ao de milhares de cubanos que permanecem em um limbo migratório nos Estados Unidos após entrarem de maneira irregular no território.

Cada dia, dezenas de emigrantes ilegais comparecem nos escritórios do ICE para suas consultas, que podem ser para um check-up de rotina, como verificar seu endereço ou ver se mudaram de status, mas, no pior dos casos, para detê-los e enviá-los de volta a Cuba, se o regime os aceitar.

Nervosos e preocupados, comparecem à entrevista, sabendo que, se não o fizerem, podem ser considerados foragidos das autoridades americanas.

"Quando você pensa que está passando por um dia ruim, lembre-se desta foto: são migrantes, na sua maioria cubanos, que têm uma audiência com o ICE e, após passar perto disso, se arriscam a serem detidos e, consequentemente, deportados", disse Javier Díaz em seu muro do Facebook, junto à foto de uma longa fila de cubanos – muitos com o documento I-220B – esperando sua vez.

Captura de Facebook / Javier Díaz

"É incrível como da noite para o dia a vida das pessoas que ainda não têm um status legal nos Estados Unidos pode mudar", comentou.

Nas últimas semanas, advogados de Imigração em Miami denunciaram que as autoridades estão detendo e deportando migrantes com o documento I-220B (ordem de deportação), na sua maioria jovens sem antecedentes criminais que estão trabalhando e integrados à sociedade.

Na semana passada, os Estados Unidos devolveram a Cuba 54 migrantes indocumentados em um voo que aterrissou no Aeroporto Internacional José Martí.

Tratava-se do voo número 16 desde que as deportações foram retomadas em abril do ano passado. No total, foram retornadas 768 pessoas.

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