O Governo do México presenteou o de Cuba com equipamentos e peças elétricas avaliados em 12,8 milhões de pesos mexicanos (mais de 700 mil dólares) sob a forma de assistência humanitária após a passagem do furacão Ian em 2022, de acordo com uma investigação do site Latinus.
Sob o título "O presente milionário da CFE ao governo de Cuba: enviou toneladas de equipamentos de suas centrais como assistência humanitária", o jornalista Mario Gutiérrez Vega deste portal de notícias e autor da investigação aponta que a “cortesia” do governo do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) foi feita entre a Comissão Federal de Eletricidade (CFE), dirigida por Manuel Bartlet, que retirou de suas instalações milhares de peças e equipamentos especializados, com o Ministério de Energia e Minas.
“A empresa estatal fez uma primeira entrega de materiais com o pretexto de ajudar o governo de Miguel Díaz-Canel depois que o furacão 'Ian' impactou a ilha em 27 de setembro de 2022”, refere o reportagem.
acrescentam que “cinco meses depois, quando o serviço elétrico já havia sido restabelecido em Cuba, a CFE fez duas novas entregas argumentando que a emergência continuava”.
As entregas foram processadas como doações para a empresa Energoimport, pertencente ao Ministério da Energia e Minas de Cuba. O objetivo, argumentam, era evitar "o embargo comercial e financeiro que os Estados Unidos impõem à ilha e que penaliza as empresas que fazem negócios com o governo cubano".
Dados aportados na investigação indicam que em 27 de fevereiro de 2023 a CFE retirou três válvulas com um valor de 4,7 milhões de pesos da termoelétrica Adolfo López Mateos, localizada em Tuxpan, Veracruz, e as enviou para a Central Termoelétrica Antonio Guiteras, em Matanzas.
Esse mesmo ano, mas no dia 21 de abril, uma nova doação saiu da mencionada usina elétrica mexicana com destino a Cuba. Neste caso, foram transferidos para a ilha 1.000 metros quadrados de cobertura metálica e 16 peças entre reguladores, comportas, interruptores industriais e resfriadores de hidrogênio, tudo com um valor de 482.000 pesos mexicanos (aproximadamente 25 mil dólares).
Latinus constatou que esses equipamentos enviados a Cuba não afetavam o funcionamento da central elétrica mexicana.
Afirmam que além de material elétrico, a CFE enviou 16 especialistas à ilha para ajudar a restituir o serviço elétrico após a passagem do furacão Ian, destacando que “os trabalhadores viajaram para Cuba nos dias 28 e 29 de setembro de 2022, e a maioria retornou ao México no dia 10 de outubro”.
Detallam que a Secretaria da Defesa Nacional realizou 16 voos para fazer a primeira entrega de bens entre os quais havia 69.000 metros de cabo avaliados em 3,5 milhões de pesos (quase 200 mil dólares) e mais de 9.000 isoladores que são colocados nos postes de luz e que tinham um custo estimado de 3,2 milhões (quase 18 mil dólares).
Embora a reportagem se apresente como uma denúncia no contexto mexicano, é importante ressaltar que o furacão Ian atingiu Cuba na madrugada de 27 de setembro de 2022, provocando que as províncias de Pinar del Río e Artemisa, junto com o município especial Ilha da Juventude, ficassem sem eletricidade.
Dois dias depois do evento meteorológico, que deixou três mortos na ilha, o presidente mexicano informou em uma coletiva matutina que Cuba sempre foi muito solidária com o México, por isso não os iam “deixar” sozinhos.
Dias depois, soube-se que o governo do país asteca havia enviado a Cuba material elétrico e pessoal especializado para consertar os danos provocados no oeste do país.
Mais de 72 mil metros de cabo, sete mil isoladores e outros recursos chegaram ao país, segundo disse na ocasião a então vice-ministra primeira do Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro, Ana Teresita González Fraga.
Apesar da chegada desses elementos, a recuperação na ilha durou meses e, em termos de moradia, ainda existem pessoas afetadas pelo ciclone que não conseguiram se recuperar, as quais sofrem com o esquecimento do regime de Havana.
A ajuda mexicana se somou a outra que enviou o governo de Nicolás Maduro, enquanto organizações internacionais como a Cruz Vermelha, o PNUD e a OPS também fizeram propostas para fornecer recursos a Cuba.
Atores da sociedade civil cubana, artistas e cubanos residentes no exterior se uniram com iniciativas de apoio naquela catástrofe.
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