A fixação de preços máximos poderia aumentar a escassez e o mercado negro em Cuba.

A Resolução 225/2024 do Ministério das Finanças e Preços, que estabelece valores máximos para seis produtos básicos, gerou controvérsia e preocupação tanto entre a população quanto entre os especialistas em Economia.

Alimentos en Cuba © Tribuna de La Habana
Alimentos em CubaFoto © Tribuna de La Habana

O programa de monitorização e denúncia da (in)segurança alimentar em Cuba, (Food Monitor Program) alerta que a recente medida adotada pelo governo de limitar os preços dos alimentos pode aumentar a escassez e o mercado negro no país.

Food Monitor Program publicou na rede social X um tópico detalhando as implicações da nova resolução.

O governo cubano estabelece a 'economia de guerra' e impõe um teto de preços aos alimentos básicos. Esta medida unilateral poderia afetar o setor privado, desincentivar investimentos, criar escassez ainda maior e ampliar o mercado negro. Além disso, dá livre curso a decretos executivos sem consenso ou prestação de contas", afirmaram.

O governo cubano anunciou nesta segunda-feira a implementação de tetos de preços em seis produtos básicos de alta demanda por meio da Resolução 225/2024, publicada no Diário Oficial de Cuba.

Os produtos afetados incluem frango cortado, óleos comestíveis (exceto de oliva), leite em pó, massas alimentícias, salsichas e detergente em pó.

Esta medida é apresentada pelas autoridades como um esforço para mitigar o impacto da inflação nos consumidores, eliminando o pagamento do Imposto Aduaneiro nas importações desses produtos e estabelecendo preços máximos de venda.

Os empresários privados advertem que este não é o caminho, mas os novos preços fixados pelas autoridades são os seguintes:

  • Frango em pedaços: 680 pesos por quilo.
  • Óleos comestíveis (exceto de azeitonas): 990 pesos por litro.
  • Leite em pó: 1.675 pesos por quilograma
  • Massas alimentícias: 835 pesos por quilo.
  • Salsichas: 1.045 pesos por quilograma
  • Detergente em pó: 630 pesos por quilograma.

No entanto, longe de tranquilizar os cubanos, esta resolução do governo está gerando reações de medo entre a população que conhece em primeira mão o que acontece quando os preços sobem em Cuba.

O advogado Manuel Viera expressou sua frustração diante da situação. "Eles vão nos matar de fome! Nenhum importador privado correrá o risco de importar e que o dólar flutue sem poder mover o preço. É um suicídio econômico!", disse.

Em sua opinião, os produtos serão vendidos no mercado negro. "Depois, quando acabar, teremos que nos virar como uma cabra!", disse, referindo-se a comer erva, papel, lixo, ou o que quer que seja.

Facebook Manuel Viera

Assim como Viera, outros cubanos já estão denunciando a falta de produtos nas lojas.

"Alguém pode me dizer em que pequena empresa posso comprar leite em pó por 1,675 pesos o quilo? Ontem havia por 2,500, mas hoje não! A do dia primeiro para as crianças ainda não está sendo vendida nas mercearias! Agora têm preços fixos... mas não há leite!", perguntou o advogado.

As opiniões dos especialistas não são encorajadoras. O renomado economista cubano Pedro Monreal também analisou as possíveis consequências desta resolução.

Segundo Monreal, "em vez de usar o mercado para flexibilizar o plano, eles entorpecem o mercado com o plano". Em seu perfil da X, o especialista apontou que essa medida obriga as empresas privadas nacionais a adotar o método soviético de formação de preços, o que ele considera um erro.

"É um erro grave persistir em um cálculo econômico de natureza burocrática em vez de um apoiado em preços de mercado", concluiu.

Enquanto o governo defende a medida como um alívio em face da inflação, os cidadãos e especialistas temem que essas regulamentações agravem a escassez e promovam o mercado negro, afetando ainda mais a já delicada situação econômica do país e a escassez de alimentos.

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