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O ex-congressista Joe García diz que está "sendo considerada" uma lei para acabar com o embargo às micro, pequenas e médias empresas cubanas.

O advogado defende as novas medidas do Departamento do Tesouro que beneficiam 12 mil pequenas empresas cubanas.


O ex-congressista democrata Joe García garante que uma amiga sua, membro do Congresso dos Estados Unidos, está "considerando" um projeto de lei "para eliminar o embargo" a todas as micro, pequenas e médias empresas cubanas. Em uma entrevista concedida ao CiberCuba, o advogado também explicou que estamos a falar em eliminar todas as restrições que afetam negativamente um empresário cubano, como as restrições monetárias e financeiras. A medida, acrescentou, traria uma maior segurança às 12.000 pequenas empresas registradas na ilha desde o ano de 2021.

García reconhece a dificuldade de levar adiante uma medida como essa. "Mais fácil dizer do que conseguir", acrescentou ao final de uma conversa em que demonstrou sua satisfação pelas novas medidas aprovadas pelo Departamento do Tesouro esta semana e que beneficiam as micro, pequenas e médias empresas. Entre elas, o levantamento da proibição de abrir contas bancárias nos Estados Unidos, a autorização de transações em U (através de países terceiros); a ampliação do acesso a serviços de Internet e softwares e a criação da categoria de empreendedor independente do setor privado, que engloba as pequenas e médias empresas e não apenas os trabalhadores por conta própria.

Estas medidas chegam dias depois de a Administração Biden ter dado o primeiro passo para remover Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, retirando o regime de Díaz-Canel do ranking de países que não colaboram com os Estados Unidos na luta contra o terrorismo. Também chegam um mês após as conversas migratórias que ocorreram em abril passado entre os dois países, durante as quais o Governo cubano reclamou do embargo.

À pergunta se por trás da decisão do Departamento do Tesouro de relaxar as restrições que afetam as MPEs há uma tentativa do presidente Biden de frear a onda migratória desde a ilha, Joe García descartou, embora admita que "é um bom argumento". "Se isso está acontecendo, eu não faço parte disso. Não acho que seja isso. Essas são medidas que foram discutidas e tomadas", afirmou, antes de esclarecer que não foram adotadas anteriormente devido às votações relacionadas à guerra na Ucrânia e outros temas com decisões "muito apertadas" no Congresso.

García não esconde a satisfação causada pelas novas medidas aprovadas pelo Departamento do Tesouro. "Acho que é bom e terá um impacto em Cuba e na Espanha, porque é o centro financeiro de muitas PMEs e até mesmo já se encontra bancos financiando algumas das compras feitas pelas empresas". Além disso, ele acrescentou que essas medidas reduzirão o custo de muitas transações e aplaudiu o fato de os empreendedores cubanos poderem agora abrir contas bancárias legalmente nos Estados Unidos, algo que vinha sendo feito à margem da lei e que agora será regularizado.

Apesar de reconhecer que não é o embargo, mas sim o próprio regime cubano que limita a criação de micro, pequenas e médias empresas ao não abrir as portas para as forças produtivas, Joe García entende que medidas como a adotada pelo Departamento do Tesouro confirmam que os Estados Unidos estão dispostos a ajudar. "O que não podemos deixar de fazer", ele apontou.

Também reconheceu que o governo cubano desperdiçou a oportunidade oferecida por Obama durante os anos de degelo, mas defendeu que levantar restrições às micro, pequenas e médias empresas cria sociedade civil. "Infelizmente, Cuba não proporcionou a abertura necessária e começa a dizer que agora temos o suficiente disso. Não sei do que há o suficiente em Cuba, para que o governo precise regular, mas, enfim, vamos dar ao burocrata algo para fazer".

Apesar de ser muito poucas as PMEs (12.000), representam quase 20% do PIB cubano, incluindo trabalhadores por conta própria, cooperativas e PMEs, empregando mais de um milhão de pessoas. "Deveriam abrir-se 700 (pymes) por dia, pois em Cuba há muito por fazer e está tudo parado".

Joe García nega que com essas medidas o Governo dos Estados Unidos esteja fornecendo oxigênio ao regime cubano. "Quando você dá comida a alguém, não está dando oxigênio ao Governo", insistiu.

À pergunta da CiberCuba sobre se ele entende a raiva dos ativistas cubanos com a medida dos Estados Unidos, Joe García disse que sim, e lembrou que ele foi diretor executivo da Fundação Cubanoamericana. "Sou o criador da arquitetura que cerca isso. Ouvi muitas pessoas falarem, e ao ouvir, pensa-se: 'Este era muito valente em Havana' e lá não fizeram nada," ironizou.

"Esses heróis de pacotilha que dizem que meu pai tem que passar fome em Cuba para libertar Cuba são piores do que as pessoas que eles perseguem".

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Tania Costa

La Habana, 1973, vive em Espanha. Dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Múrcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).


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