Cuba parece estar a entrar numa nova fase de colapso do sistema electroenergético nacional (SEN), com déficits de geração superiores a 800 MW, que envolvem apagões frequentes e prolongados nas residências.
O Sindicato Elétrico de Cuba (UNE) previu danos ao longo do dia para esta segunda-feira, que seria de 881 MW para horário de pico. Em apenas sete dias, os números de danos esperados quase triplicaram, passando dos 330 MW de segunda-feira, 29 de abril, para os valores reportados na véspera.
Neste cenário, destaca-se novamente o recrudescimento da agitação da população, situação que as autoridades temem devido à sua relação com manifestações espontâneas de protesto em toda a Ilha, como os registados em ocasiões anteriores (Havana, Nuevitas, Santiago de Cuba...) em que o SEN ruiu devido a avarias ou falta de combustível.
A irritação entre os clientes da UNE é evidente nas redes sociais da empresa socialista, onde chegam comentários de cubanos indignados com uma situação que agrava as dificuldades que sofrem.
Por mais que tentem transmitir a mensagem do regime seguindo os ditames do Palácio, os jornalistas pró-governo sabem o que significa uma queda tão significativa na produção de electricidade e percebem o estado de espírito da opinião pública.
É o caso do jornalista Rádio Rebelde, José Miguel Solís, de Matanzas especializado em notícias sobre o SEN e a geração de energia elétrica no país, que esta segunda-feira compartilhou uma mensagem no Facebook revelando a preocupação que oprime.
“Isso é relatado pela página da elétrica Matanzas... O panorama é tenso”, disse Solís em uma breve publicação na qual compartilhou capturas de tela das mensagens que a elétrica Matanzas compartilha através de suas redes sociais para informar à população dos efeitos no fluido elétrico.
Anúncios semelhantes foram difundidos nas suas redes sociais por empresas eléctricas de outras províncias cubanas, como Holguín, Granma ou Santiago de Cuba, como refere uma publicação de Facebook o usuário Edmundo Dantes Júnior.
Também o jornalista da Rádio Varadero e ex-diretor do Sindicato de Jornalistas e Escritores de Cuba (UPEC) em Matanzas, Yirmara Torres Hernández, mostrou seu desconforto com a situação.
“Precisamos saber se eles não vão mais ligar a luz. Em Los Mangos vamos 6 horas seguidas. o jornalista oficial.
Com efeito, tudo indica que este “panorama tenso” continuará nos próximos dias, com a paralisação por 25 dias da unidade 1 da termelétrica Felton. A “manutenção programada” da central de Holguín, somada à série interminável de avarias e escassez de combustível para geração distribuída, levam a crer num agravamento dos apagões em Cuba.
O avanço do calendário, a chegada do verão e o aumento da procura de energia elétrica vão testar mais uma vez os “planos e estratégias” do governo de “continuidade” do governante Miguel Díaz-Canel sair desta “contingência”, “corrigir distorções” e “avançar” para que “o próximo ano seja melhor”.
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