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Enquanto se buscam histórias que inspirem milhares de cubanos dentro e fora da ilha, em meio a tanta incerteza, o nome de Fernando Mendoza, um jovem de 22 anos nascido em Miami e neto de imigrantes cubanos, começa a se destacar com força em um dos cenários mais competitivos e exigentes do esporte americano, como é a luta pelo Troféu Heisman, o reconhecimento mais prestigioso para um jogador do futebol americano universitário.
Sua história, antes de ser esportiva, é humana. Segundo contou à CNN, Mendoza cresceu ouvindo seus avós, três habaneros e um santiaguero, falarem sobre sacrifícios, trabalho duro e a busca por um futuro melhor fora de Cuba. Esses valores, assegura, o acompanham sempre que entra em campo.
“Quando vejo os sacrifícios que meus avós tiveram que fazer pela minha família e por mim, é muito fácil para mim cumprir com minhas obrigações no campo e nas salas de aula ao mesmo tempo.”
Esse arraigo também é destacado pelo Daily Express, que recorda que Mendoza é neto de cubanos que deixaram a ilha “em busca de uma vida melhor” e que sua identidade cubano-americana tem sido uma força constante em seu ascenso esportivo.
O quarterback que surpreendeu os Estados Unidos
Hoje, Mendoza é o nome que domina a conversa do futebol universitário. O quarterback da Universidade de Indiana tem conduzido os Hoosiers a uma temporada histórica, com vitórias que nunca haviam alcançado e um desempenho que o coloca como um dos favoritos ao Heisman.
CNN detalhou que na vitória por 30-20 contra Oregon, a primeira de sua universidade contra um Top 3 como visitante, completou 20 de 31 passes e lançou o touchdown decisivo apesar de uma interceptação anterior que quase custou o jogo.
Com mais de 1.900 jardas, 24 passes para touchdowns e apenas três interceptações na primeira metade da temporada, Mendoza se tornou o coração de uma equipe que surpreendeu o país ao vencer os primeiros oito jogos e alcançar sua melhor classificação histórica.
Sua concorrência não é menor para o Heisman, onde também competem Ty Simpson (Alabama), Julian Sayin (Ohio State), Marcel Reed (Texas A&M) e Diego Pavía (Vanderbilt) também lutam pelo Heisman. Se vencer, Mendoza seria o primeiro jogador na história de Indiana a conquistá-lo e apenas o segundo de origem latina desde 1970.
Cuba no coração, mas o olhar no futuro
Apesar da fama repentina, Mendoza afirma que sua chave tem sido manter-se longe do barulho. Em declarações à CNN, revelou que eliminou quase todas as suas redes sociais para se concentrar apenas em sua família, treinadores e colegas. "Meu objetivo é sempre estar com fome de mais, ter a mentalidade de caçador", disse.
O Daily Express aponta que essa disciplina também o tornou um símbolo de uma comunidade. Mendoza quer demonstrar que os jovens de raízes cubanas podem brilhar em esportes além do beisebol ou do boxe. “Podemos jogar futebol americano e qualquer outra disciplina que desejarmos”, afirmou.
Uma promessa para a NFL... e para a comunidade cubana
Seu nome já é ouvido nos círculos da NFL. Recrutadores o veem como um talento com potencial profissional, admirado por sua ética de trabalho e seu crescimento meteórico. Seu treinador, Curt Cignetti, disse à CNN que nunca tinha visto um jogador tão dedicado.
“Ele sempre está aqui. Vê vídeos depois do treino, revisa jogadas, nunca tinha visto ninguém se envolver assim.”
Pero Mendoza não se destaca apenas no esporte. Ele já obteve um título em administração de empresas e está cursando estudos de negócios, além de ter realizado estágios em empresas financeiras. Um caminho duplo, acadêmico e esportivo, marcado pela constância que aprendeu em casa.
A história de Fernando Mendoza é, no final, a história de muitos cubanos que carregam uma herança de luta, deixam para trás o que conhecem e trabalham sem descanso para encontrar seu caminho. Hoje, esse sobrenome tão familiar avança entre os gigantes do futebol americano, lembrando que o talento cubano, dentro e fora da ilha, continua em busca de espaço para brilhar.
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