Díaz-Canel reaviva o culto a Fidel Castro e ordena aos jovens “estudarem seu pensamento”



A campanha ideológica do regime busca reviver o mito fidelista e desviar a atenção da crise social e econômica que Cuba enfrenta.

Miguel Díaz-Canel / Fidel CastroFoto © Presidência Cuba / Cubadebate

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Miguel Díaz-Canel voltou a ressaltar o legado de Fidel Castro como eixo da educação política dos jovens cubanos.

Durante um encontro com líderes estudantis, o mandatário afirmou que “é o momento de estudar Fidel” e convocou as novas gerações a “atuar como ele pediu”.

O discurso, amplificado pela conta oficial da Presidência de Cuba, faz parte de uma nova ofensiva propagandística que tenta reviver o culto à personalidade do falecido ditador em meio ao crescente descontentamento social.

Em suas declarações, Díaz-Canel insistiu que é preciso “interpretar Fidel e trazê-lo à luz destes tempos”, uma frase que reflete a intenção de impor a ideologização da juventude.

O regime impulsiona sua missão de transformar as salas de aula e as organizações estudantis em espaços de doutrinação, onde se estuda o líder histórico não sob a ótica da crítica, mas como um exemplo incuestionável de moral e conduta política.

O discurso também apelou à necessidade de alcançar uma "maior cultura geral integral", conceito que o mandatário apresentou como um caminho para a salvação nacional.

No entanto, na prática, essa ideia reforça uma justificação cultural da doutrina política, que confunde a verdadeira formação acadêmica com a fidelidade ao Partido Comunista.

No encontro, Díaz-Canel entregou a distinção “Panchito” a três dirigentes estudantis destacados, uma estratégia de uso simbólico de reconhecimentos e ritos com a qual o regime premia a obediência política mais do que o mérito pessoal.

Esses gestos, repetidos há décadas, buscam sustentar a narrativa heroica do processo revolucionário diante de uma juventude cada vez mais desconectada do discurso oficial.

As constantes referências ao líder histórico também fazem parte da tentativa de reposicionar Díaz-Canel como herdeiro de Fidel Castro, em um contexto onde sua liderança está profundamente erodida. Sem carisma nem resultados visíveis, o mandatário recorre ao mito do comandante para legitimar seu papel no poder.

A insistência de que os jovens devem “agir como Fidel” se insere em uma narrativa de resistência simbólica, que o governo utiliza para apresentar a lealdade ideológica como uma forma de patriotismo. Buscam justificar a crise atual como parte de uma suposta luta heroica contra inimigos externos.

Enquanto isso, o regime continua a desviar o foco da verdadeira crise, evitando falar sobre os apagões, a fome ou o êxodo em massa que marca a vida de milhões de cubanos. Em vez de soluções, Díaz-Canel propõe voltar a estudar Fidel, como se o passado pudesse salvar o presente.

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