“Não se identificaram e me jogaram no chão”: Revelam vídeo da detenção de cidadã americana por agentes do ICE nos cayos da Flórida



Uma cidadã americana denuncia detenção violenta por agentes federais em Key Largo, Flórida, durante uma fiscalização migratória. O incidente, registrado em vídeo, gerou um debate sobre direitos civis e protocolos de identificação.

Mulher detida nos cayos da FlóridaFoto © Captura de vídeo do Miami Herald

Uma mulher com uniforme médico, detida à força por agentes federais em Key Largo durante uma blitz migratória nos Keys da Flórida, afirmou que em momento algum desobedeceu as ordens dos oficiais e que a versão divulgada inicialmente pelas autoridades federais — segundo a qual ela teria se negado a baixar a janela e a entregar sua licença — é “completamente falsa”.

Em uma declaração ao Miami Herald, a mulher, cidadã americana, afirmou que abaixou a janela “assim que” foi detida e que o próprio vídeo do incidente mostra que ela cooperou desde o início.

O episódio ocorreu por volta das 9h15 da manhã de quarta-feira, 3 de dezembro, nas faixas em direção ao sul da US-1, em frente ao shopping Pink Plaza (milha 103.4) em Key Largo.

Miami Heraldfilmou o momento em que um agente remove à força a mulher de seu Toyota Corolla branco, enquanto se observava a presença de agentes do ICE, CBP e da Patrulha Fronteiriça.

 

A mulher, descrita como terapeuta comportamental e de baixa estatura, disse que estava a caminho do trabalho quando indivíduos mascarados cercaram seu veículo, a ameaçaram de quebrar o vidro e, em seguida, abriram a porta “sem seu consentimento” antes de arrastá-la para fora do carro.

Segundo seu testemunho, o encontro escalou rapidamente: assegurou que lhe arrancaram o telefone da mão, a levaram para uma área com grama e a jogaram no chão antes de algemá-la, enquanto ela gritava pedindo ajuda e repetia que era cidadã americana.

A mulher afirmou que os agentes não se identificaram em nenhum momento, o que aumentou seu medo e confusão, e disse que entrou em pânico ao estar cercada por homens com o rosto coberto, em um contexto em que —como explicou— viu casos de pessoas que se fazem passar por agentes da lei.

El Miami Herald destaca que não publica o nome da mulher por motivos de privacidade, mas afirma ter verificado de forma independente e confirmado que se trata da pessoa gravada no vídeo e detida por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) e pela divisão aérea e marítima da CBP em Key Largo.

Em sua declaração, a mulher afirmou que esta foi a terceira vez que a detinham nessa mesma área para uma “inspeção de imigração”, embora tenha enfatizado que na quarta-feira foi diferente devido ao uso da força e pelo que considera uma escalada injustificada.

A versão oficial inicial, citada pelo meio, foi oferecida na mesma quarta-feira por um porta-voz da CBP, que indicou que a mulher se negou, a princípio, a baixar o vidro da janela e, após fazê-lo, se negou a entregar sua carteira de habilitação.

Quando o Herald consultou na sexta-feira a CBP sobre a versão da detida, um porta-voz se recusou a comentar.

A mulher, por sua vez, disse que enquanto procurava sua identificação, foi ameaçada e retirada do carro antes de poder entregá-la, e que, em seguida, foi colocada em uma caminhonete Ford sem distintivos enquanto os agentes revistavam suas pertenças —incluindo sua bolsa— sem seu consentimento, até encontrarem sua licença; após verificar sua cidadania, ela foi liberada.

O caso reavivou o debate legal sobre os limites dos controles migratórios em áreas próximas à fronteira.

A advogada de imigração Magdalena Cuprys declarou ao Miami Herald que, embora em um raio de 100 milhas da fronteira os agentes possam solicitar documentos de cidadania ou status legal, isso não lhes confere o direito de revistar o carro ou a bolsa sem um mandado ou causa provável, qualificando o que foi denunciado como um possível “revista e apreensão irrazoável” sob a Quarta Emenda da Constituição.

Em uma declaração adicional, a irmã da mulher classificou o que ocorreu como "sequestro" e uma "completa violação dos direitos humanos e da dignidade", ressaltando que sua familiar tem sofrido ataques de pânico, medo persistente e sequelas físicas após a detenção.

A mulher concordou com esse impacto: disse que desde então não tem conseguido dormir, que sente dores nos braços e no corpo pela forma como foi tratada e que continua revivendo o episódio, ao mesmo tempo em que insistiu que se recusa a permitir que seus direitos sejam violados ou que sua dignidade lhe seja tirada.

A CBP informou em um comunicado que seus agentes prenderam 14 imigrantes indocumentados durante a operação de quarta-feira nos Cayos, e lembrou que uma operação anterior no início do mês terminou com 12 prisões.

Enquanto isso, o testemunho da mulher —e o vídeo que circulou amplamente— alimentou a indignação pública e levantou questões sobre os protocolos de identificação, o uso da força e o tratamento de pessoas que afirmam ser cidadãos americanos durante essas abordagens.

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