A usuária cubana @yaneisycanta_98 respondeu de forma contundente a um comentário que deixaram para ela no TikTok: “ponha também o que o governo te dá”.
Em seu vídeo, afirmou: “Em Cuba nada é de graça, vamos começar por aí”, e sinalizou que aqueles que pensam o contrário provavelmente se referem à livreta de abastecimento. “Eu imagino que você esteja falando disso, da livreta de comida que o governo te dá. Você não sabe, isso não é de graça, é um pouco econômico, mas não é de graça, não”, expressou.
A jovem acrescentou que o que se recebe por essa via é escasso e, muitas vezes, nem chega: “Atualmente, o que te dão são algumas libras de arroz, quando há, algumas libras de feijão, quando há, o açúcar quase nunca aparece, e o café, para que te conto”. Ela também rejeitou a ideia de que a atenção médica seja gratuita: “Nem mesmo ir a um hospital é grátis, porque você tem que levar tudo. Já não há mais nada”.
Em sua mensagem, pediu a quem a questionou que se informasse melhor: “Eu te convido a se informar bem porque o governo não dá nada de graça, meu filho, não, não dá absolutamente nada”. E fez um apelo ao resto dos cubanos que a vissem: “E se houver algum cubano que veja este vídeo, por favor, que não me deixe mentir e me diga se estou dizendo a verdade ou mentira, que aqui tudo tem que ser pago”.
O vídeo provocou reações nos comentários, onde muitas pessoas apoiaram seu testemunho. Uma usuária escreveu: “Eu vivo nos EUA e todo mês mando dinheiro e comida para Cuba através de uma agência. É desnecessário dizer que minha família não passa necessidade. Você acha que, porque minha família está bem graças a mim, eu me atreveria a dizer que todos em Cuba estão bem? Vamos pensar um pouquinho, por favor.” Outra pessoa acrescentou: “Nada disso foi grátis nunca. Os uniformes sempre tiveram que ser comprados e, neste momento, nem uniformes há.”
Também se juntaram aqueles que compararam essa realidade com a de outros países: “Em nenhum país da América Latina se ganha nada, tudo se paga, então qual é o problema?”, opinou um usuário. Alguns defenderam o que viveram em décadas passadas: “As escolas, os livros, os uniformes, o transporte para as escolas é gratuito, entre outras coisas”, comentou alguém. No entanto, outra pessoa respondeu: “Há quantos anos foi isso? Porque eu estou fora há 20 anos e quando saí já quase não havia nada.”
Esse novo vídeo de @yaneisycanta_98 se junta a outros vídeos seus em que descreve a precariedade cotidiana que os cubanos enfrentam. Em um deles, afirmou que muitas pessoas na ilha “vão para a rua para arranjar um prato de comida” e que o salário estatal não é suficiente nem para o básico. Também explicou que aqueles que trabalham por conta própria conseguem se sustentar um pouco mais, mas que a maioria mal sobrevive.
Em outra ocasião, mostrou o que conseguiu comprar com a pensão mínima de um aposentado: “Só consegui comprar um saquinho de macarrão e uma garrafa de óleo. Apenas isso, senhor, apenas isso”.
Seu testemunho coincide com a experiência de outros cidadãos que denunciaram o deterioro do sistema de saúde. O caso de uma criança em coma cuja família não consegue encontrar o medicamento baclofeno é um dos exemplos mais recentes de desabastecimento crítico em hospitais.
Também foi notícia a denúncia de um cubano que mostrou seu pai operado em um hospital de Havana sem atendimento ou medicamentos. “Aqui não há metoclopramida, não há nenhum remédio, não há Levin”, disse então.
A isso se soma o caso de um recém-nascido que teve que ser trasladado pelas escadas de um hospital devido à quebra do elevador, evidenciando o estado crítico da infraestrutura médica na ilha.
Em relação à alimentação, uma jovem mostrou no TikTok que a parte de cárnicos da sua livreta de abastecimento estava completamente vazia e que muitas vezes nem mesmo os produtos atrasados do ano anterior são entregues.
As próprias autoridades reconheceram a incapacidade do sistema para atender às necessidades básicas. O ministro da Saúde Pública admitiu que o país atende apenas 30% do quadro básico de medicamentos, e o Ministério do Comércio Interior reconheceu falhas estruturais na livreta e a impossibilidade de sustentar os subsídios.
Mais do que uma opinião isolada, as palavras desta jovem cubana fazem parte de um relato coletivo que se repete em múltiplos testemunhos dentro e fora da ilha: em Cuba, cada vez mais pessoas precisam arcar por conta própria com o que durante décadas foi considerado garantido pelo Estado.
Perguntas Frequentes sobre a Situação em Cuba segundo Testemunhos em Redes Sociais
A atenção médica em Cuba é realmente gratuita?
Não, a atenção médica em Cuba não é completamente gratuita. Embora o governo cubano promova a saúde pública como uma conquista do sistema socialista, na prática, muitas vezes os pacientes precisam levar seus próprios insumos, como seringas, medicamentos e, freqüentemente, até mesmo água. A escassez de recursos e a falta de insumos básicos são problemas recorrentes nos hospitais cubanos.
O que realmente inclui a libretinha de abastecimento em Cuba?
A caderneta de abastecimento em Cuba oferece produtos muito limitados e escassos. Os cubanos recebem pequenas quantidades de alimentos básicos como arroz, feijão e açúcar, quando estão disponíveis. No entanto, esses produtos não são gratuitos e não atendem às necessidades alimentares de uma família. O sistema de distribuição é muito criticado por sua ineficiência e escassez.
Quais são as condições atuais de infraestrutura e serviços nas áreas rurais de Cuba?
As condições de infraestrutura e serviços nas zonas rurais de Cuba são precárias. Segundo depoimentos, muitas áreas enfrentam problemas de insalubridade, com ruas destruídas, águas paradas e lixo acumulado. Essas situações refletem um abandono por parte das autoridades e uma falta de gestão estatal efetiva para resolver os problemas cotidianos dos residentes.
Qual é a percepção dos cubanos emigrados sobre a situação em Cuba?
muitos cubanos emigrados percebem a situação em Cuba como grave e deteriorada. Do exterior, os cubanos denunciam a falta de alimentos, insumos médicos e a precariedade econômica. Além disso, enfrentam a pressão de enviar remessas para apoiar seus familiares, o que gera um desgaste emocional ao ver que, apesar de seus esforços, as condições na ilha não melhoram substancialmente.
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